Em 12 de outubro de 1999, segundo estimativa dos demógrafos da ONU, a população da Terra atingiu o marco simbólico de 6 bilhões de seres humanos vivos. O secretário-geral, Kofi Annan, homenageou um bebê recém-nascido em Sarajevo, na Bósnia-Hezergovina, como representante deste momento simbólico.
A humanidade conheceu ao longo de sua história dois grandes surtos demográficos: o primeiro foi o fim da sedentarização dos homens e o desenvolvimento da agricultura no Oriente Médio, na China, no Saara e nos Andes, há menos de 10 mil anos; o segundo se desenrola diante de nossos olhos. Teve início no começo do século XX com a melhoria geral da higiene. Porém, parece estar em vias de acabar.
Desde os primórdios da humanidade, há aproximadamente três milhões de anos, avaliou-se em 80 mil o número de visitantes humanos sobre a face do planeta. Faz apenas 35 mil anos que a humanidade ultrapassou a marca de um milhão de indivíduos vivos. As glaciações favoreceram a expansão dos homens sobre todas as trerras emergentes com a redução do nível dos mares, ligando mais ou menos as terras entre elas. Mais perto de nós, há menos de 10 mil anos, a sedentarização seguida da agricultura favoreceram um novo impulso demográfico.
Duzentos e cinquenta milhões de homens viviam sobre a Terra nos tempos de Jesus Cristo, há cerca de dois mil anos. Cinco séculos depois, no fim da Idade Antiga, a população mundial havia declinado para cerca de 200 milhões de seres humanos, sob o efeito da diminuição da natalidade, das enfermidades e das invasões que afetaram os dois grandes impérios da época – Roma e China.
O crescimento foi retomado, mais ou menos regularmente, em particular com a duplicação da população na China e na Europa no século XVIII em rezão de uma elevação da temperatura e de uma melhoria na produtividade agrícola.
A humanidade atingiu desse modo a marca de um bilhão de indivíduos em meados do século XIX. Seu crescimento prosseguiu em ritmo acelerado até o final do século XX – 2,5 bilhões por volta de 1950 e 6 bilhões em 2000, graças à melhoria da higiene e ao progresso da medicina preventiva com as vacinações.
Este dinamismo demográfico caminhou com a melhoria geral nas condições de vida. E isto se tornou mais verdadeiro ainda nos países do Terceiro Mundo que nos países ocidentais do Hemisfério Norte. Num ensaio bem fundamentado, A Revanche do Terceiro Mundo (ed.Robert Laffont, 1987), o historiador demográfico Jean-Claude Chesnais faz caso omisso das profecias sombrias inspiradas no pastor inglês Robert Malthus (1766-1834) e classificadas por esta razão de ‘‘maltusianas’’.
Nos dias atuais, praticamente em todo o planeta, o tamanho das famílias se reduz à medida que as moças adquirem instrução e tomam conhecimento dos seus direitos sociais. A população cresce com cada vez menor velocidade e a explosão demográfica do século XX será, dentro em breve, nada mais que uma longínqua lembrança. Em seguida a essa baixa quase geral no índice de fecundidade no final do século XX, a população mundial deverá chegar ao limte de cerca de 8 a 9 bilhões de almas somente em 2050.
Com exceção da África Negra, cuja fecundidade não parece ceder, e de casos particulafres como o do Oriente Médio, onde as rivalidades políticas são acompanhadas de desafios demográficos, todas as outras regiões do mundo vem conhecendo uma baixa da fecundidade. A América Latina, para surpresa dos especialistas, vem passando por um rápido declive. O caso mais preocupante é o da Rússia, ameaçada de implosão devido a uma natalidade extremamente baixa e em virtude da pressão demográfica da sua vizinha China.