Em 21 de novembro de 2005, Ariel Sharon renuncia ao cargo de presidente do partido conservador Likud, dissolve o Knesset (Parlamento israelense) e inicia a criação de um novo partido, o Kadima. A dissidência do líder militar provocou a saída de vários de seus líderes, aparentemente com mais disposição de negociar com os palestinos.
Sharon, controvertido militar e político israelense, com ação polêmica na Guerra do Líbano na década de 1980, foi primeiro-ministro de Israel entre 7 de março de 2001 e 2006. No início de 2006, em pleno exercício do cargo, sofre um AVC e ficou em estado vegetativo. Na ocasião, foi substituído por Ehud Olmert na chefia do governo. Faleceu em 11 de janeiro de 2014.
O Likud (União, em hebraico) é um partido político que congrega a direita conservadora. Foi criado em 1973 como uma coligação liderada pelo partido Herut, que representava os sionistas conservadores e de direita.
Já o Kadima (Avante, em hebraico) é um partido de ideologia centro-direita, que tem em seus quadros ex-integrantes moderados do Likud e ex-integrantes do Partido Trabalhista.
O Likud comandou o governo de Israel, tendo como primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e hoje é o maior partido de oposição no Congresso. No Parlamento de 120 assentos, ocupa 27 cadeiras dentro de uma coligação de 66 representantes.
O Likud esteve pela primeira vez à frente do governo em 1977 e liderava o país em 1979, quando foi assinado o histórico acordo de paz entre Israel e o Egito. Os dois países haviam se enfrentado dez anos antes na Guerra dos Seis Dias e, desde então, mantiveram uma relação de reconhecimento mútuo única entre países árabes e Israel.
O partido é contrário ao estabelecimento de um Estado palestino e defende a ocupação israelense na Cisjordânia. Alguns membros mais radicais do partido ainda reivindicam a península do Sinai, território pertence ao Egito conquistado na Guerra dos Seis Dias e devolvido após a pacificação entre os dois países.
Quem foi Ariel Sharon?
Ariel Sharon nasceu em um assentamento israelense no então Mandato Britânico da Palestina. Seu pai era um judeu de origem lituana e sua mãe uma judia russa. Os pais de Sharon fizeram parte da Aliá, movimento sionista de retorno de todos os judeus a Israel, de orientação secular.
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Líder militar com histórico nebuloso reuniu no Kadima membros moderados da direita e dissidentes trabalhistas
Quando o Estado de Israel declarou-se independente em 1948, Sharon tornou-se comandante das tropas da Brigada Alexandroni. Em 1949, foi promovido a comandante da companhia e, em 1951 para oficial de inteligência.
Abandonou o posto para estudar História e Cultura do Oriente Médio na Universidade Hebraica de Jerusalém. Pouco depois volta para comandar a Unidade 101 no posto de major. Essa unidade realizou uma série de ataques contra os vizinhos palestinos, o que fortaleceu a autoconfiança das tropas de Israel.
Entretanto, a unidade também foi criticada por ter atacado civis palestinos, no conhecido episódio do Massacre de Qibya, no outono de 1953, quando cerca de 60 civis palestinos foram mortos num ataque na Cisjordânia.
Com a frase de David Ben Gurion, fundador do Estado, na cabeça – “Não importa o que o mundo diga sobre Israel. A menos que mostremos aos árabes que há um alto preço a ser pago pelo assassinato de judeus, nós não iremos sobreviver”, ele passa a apoiar o Gush Emunim, movimento que encorajava os assentamentos judeus na Judeia e Samária (Cisjordânia).
Sharon valeu-se de sua posição para estimular a criação de uma rede de assentamentos na Cisjordânia e Faixa de Gaza, e assim prevenir a possibilidade de retorno dos palestinos expulsos de lá. Depois das eleições de 1981, Menachem Begin recompensou Sharon por sua importante contribuição para a vitória apertada do Likud, nomeando-o ministro da Defesa.
Como ministro da Defesa, Sharon passou a apoiar e atiçar os cristãos contra os muçulmanos no Líbano, com o objetivo de fazer daquele país um posto avançado de Israel. Em 1982, após repetidos ataques da OLP (Organização pela Libertação Palestina) ao longo da fronteira do Líbano – então em guerra civil – as tropas israelenses invadiram Beirute.
Na mesma ocasião falangistas libaneses invadiram dois campos de refugiados palestinos – Sabra e Shatila – situados em área controlada pelo exército israelense. Nesse episódio, segundo a Cruz Vermelha, 452 civis palestinos foram assassinados – embora outras fontes estimem o número de vítimas em até 3500 pessoas.
Mais de 500 mil israelenses se manifestaram contra o massacre e em 8 de fevereiro de 1983, a comissão de inquérito oficial, dirigida pelo presidente da Corte Suprema de Israel, Yitzhak Kahan, publicou um relatório, responsabilizando pessoalmente Sharon por não ter ordenado as medidas de segurança necessárias a impedir o previsível massacre.
Durante o primeiro governo de Netanyahu (1996-1999), Sharon foi ministro da Infraestrutura Nacional e das Relações Exteriores (1998-1999). Com a vitória de Ehud Barak, do Partido Trabalhista, Sharon tornou-se líder do oposicioniosta Likud. Nessa condição fez um provocador passeio pela Esplanada das Mesquitas em Jerusalém em setembro de 2000, o que levou à Segunda Intifada palestina. Com o colapso do governo Barak, Sharon foi eleito primeiro ministro, em fevereiro de 2001, ainda como líder do Likud.