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Hoje na História

Hoje na História: 1703 – Morre 'o Homem da Máscara de Ferro'

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Personagem que inspirou obras de ficção foi real; para historiadores, tratava-se de um agente duplo

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2021-11-19T19:20:00.000Z

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No final do reinado de Luis XIV, em 19 de novembro de 1703, um misterioso prisioneiro morre na prisão da Bastilha, em Paris. É enterrado alguns dias mais tarde sob o nome de Marchiali no cemitério Saint-Paul.

A literatura e a lenda iriam fazer uso do personagem e torná-lo célebre sob o epíteto de  "o Homem da Máscara de Ferro", já que ninguém havia jamais podido ver seu rosto, coberto sempre por uma máscara de veludo negro, e não de ferro.

Este homem, de presumivelmente 50 anos, teria vivido em prisão por duas ou três décadas, antes em Pignerol, uma fortaleza alpina situada entre Briançon e Turim, até 1681. 



Havia sido trasladado sucessivamente ao forte de Exiles, no Piemonte até 1687; Sainte-Marguerite de Lérins até 1698, e, por fim, a Bastilha, sempre sob a vigilância do mesmo carcerereiro, Bénigne Dauvergne, conhecido como Senhor de Saint-Mars, antigo mosqueteiro.

Oito anos após sua morte, a princesa Palatine, cunhada do rei da França, o faz sair do anonimato, apresentando-o em sua correspondência como um lorde inglês que havia conspirado contra a França.

Sua identidade não tardou a suscitar variadas hipóteses: Seria ele o irmão gêmeo de Luis XIV, como pretendeu Voltaire? Ou o filho adúltero de Ana da Áustria e do duque de Buckingham? Seria ele, como outros acreditavam, o duque de Beaufort? Ou um bastardo do rei Charles II da Inglaterra? O conde de Vermandois? O ex-superintendente Fouquet?

Com o seu habitual talento, Alexandre Dumas revive a lenda em "O Visconde de Bragelonne" levantando a hipótese dele ser irmão gêmeo de Luis XIV, nascido oito horas após este último.

Wikicommons
Personagem que inspirou obras de ficção foi real; para historiadores, tratava-se de um agente duplo

Em "A Máscara de Ferro", o historiador Jean-Christian Petitfils evoca a hipótese de um certo Eustache Danger, serviçal da corte, posto a par do segredo e prometendo não desvelar a conversão secreta do rei Charles II ao catolicismo.

O Senhor de Saint-Mars, furioso por não ser mais que um serviçal sob a férula do superintendente Fouquet e o duque de Lauzun, havia ele mesmo montado a mistificação do mascarado de ferro para se dar importância.

A maioria dos historiadores estão hoje de acordo em reconhecer no "Máscara de Ferro" um agente duplo, o conde Ercole Mattioli ou Antoine-Hercule Matthioli, apoiando-se numa carta datada de 1770, assinada por um certo barão Heiss.

Secretário de Estado do duque de Mântova, Carlo IV de Gonzaga, traíra seu chefe assim como o rei da França, revelando aos espanhóis as negociações secretas relativas à aquisição pela França da praça-forte de Casal. Luis XIV o enviou então à Veneza para prendê-lo em 1669, cuidando todavia que vivesse sempre cercado de confortáveis privilégios.

Não estaria excluído, porém, que um doméstico, tentado por esta vida de ser tratado como um rei, possa ter pretendido tomar o lugar do conde e permitido a ele retomar a plena liberdade sem que ninguém percebesse.


(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.  

Também nesta data:

1819 - Museu do Prado é inaugurado em Madri
1828 - Morre o compositor austríaco Franz Schubert
1863 - Abraham Lincoln pronuncia o discurso de Gettysburg
1942 - Soviéticos iniciam em Stalingrado a Operação Uranus

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20 Minutos

Breno Altman: esquerda deve deixar o 7 de setembro nas mãos dos bolsonaristas?

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Jornalista alerta para risco de fortalecimento da extrema direita às vésperas das eleições, se puder ocupar as ruas e controlar o Bicentenário da Independência; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-09T20:24:00.000Z

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A esquerda se arrisca a alimentar o confronto desejado por Jair Bolsonaro se for às ruas no dia 7 de setembro. No contraponto, deixar o caminho livre para os manifestantes bolsonaristas pode trazer consequências eleitorais perigosas e imprevisíveis. 

Assim o jornalista Breno Altman avalia, no programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (09/08), o dilema das forças progressistas diante da frenética mobilização bolsonarista para ocupar as principais cidades do Brasil nas celebrações do bicentenário da Independência. 

“O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas. A intimidação desorganiza, referenda o medo que o fascismo quer provocar e pode levar a um avanço político vitaminado do fascismo, que passa a ser assim capaz controlar as ruas e pode afetar as urnas”, afirmou o fundador de Opera Mundi.

São riscos embutidos nas várias alternativas de que o campo democrático dispõe para fazer frente a um momento decisivo para a extrema direita brasileira. A possibilidade de Bolsonaro colocar dezenas ou centenas de milhares nas ruas, sem um contraponto de esquerda, deve afetar de modos distintos os militantes bolsonaristas e os antifascistas. Por outro lado, é imprevisível o efeito desmoralizante que a hipótese de mobilizar menos gente que o bolsonarismo teria sobre a esquerda.

Uma alternativa para evitar o confronto seria a convocação de uma forte mobilização progressista para o dia 10 de setembro (sábado), por exemplo, e não para o dia 7 (quarta-feira). Isso embutiria o duplo risco de um desgaste por ter deixado as ruas livres para o bolsonarismo e da chance de o dia 10 ter menor participação popular, até por conta do recuo no dia 7. 

“O campo democrático popular teria realmente forças para uma mobilização superior à do bolsonarismo? Seria razoável chegar a uma conclusão derrotista sem colocar todo empenho para impedir que a extrema direita domine o Bicentenário? Esse derrotismo não poderia ser um problema eleitoral ou pós-eleitoral?”, questiona Altman.

Outra alternativa passaria pelo Grito dos Excluídos, ato tradicionalmente articulado no dia 7 de setembro pelos movimentos populares. "Não seria o caso dos partidos de esquerda, sindicatos e movimentos populares fazerem uma convocação ampliada desse evento, jogando todas as suas energias?”, cogita. 

Altman menciona uma solução de meio termo, nem de confronto aberto, nem totalmente apaziguadora: “Não seria o caso de ser organizado no próprio dia 7 de setembro um ato em Ouro Preto (MG), com a presença de Lula, para homenagear os Inconfidentes e Tiradentes e lançar um manifesto histórico por uma nova Independência, disputando espaço na mídia e nas redes contra o bolsonarismo?”. 

Nessa hipótese, o dia 10 de setembro se caracterizaria como uma grande concentração eleitoral dentro do calendário de campanha, sem ter deixado um vácuo que venha a ser inteiramente ocupado pela extrema direita no dia 7 de setembro.

Wikimedia Commons
O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas para a esquerda, defende Breno Altman sobre ato do 7 de setembro

Em busca de referências históricas, Altman contrasta o momento que se aproxima com dois fatos passados, a começar pela ascensão fascista na Itália do pós-Primeira Guerra Mundial. Num primeiro momento, os grupos liderados por Benito Mussolini eram marginais, mas se exibiam dispostos a romper os limites da democracia liberal, ao contrário dos socialistas, cujo discurso revolucionário estava contido dentro desses limites. 

A burguesia italiana entendeu que a violência poderia lhe ser útil e passou a financiá-la para intimidar rebeliões de trabalhadores impulsionadas pela Revolução Russa de 1917. Mussolini e seus partidários se lançaram nesse cenário numa escalada violenta cada vez mais acelerada, enquanto os socialistas, eleitoralmente majoritários na Itália, não eram capazes ou não tinham vontade política para enfrentar a violência fascista.

“O que se viu em seguida foi uma intimidação sem fim, com os socialistas sendo abatidos pelos fascistas e fugindo, entregando suas próprias organizações para os seguidores de Mussolini, enquanto os liberais cruzavam os braços, satisfeitos com a possibilidade de o fascismo derrotar qualquer período revolucionário”, documenta o jornalista.

O segundo fato se deu em 7 de outubro de 1934, em São Paulo, quando partidos de esquerda viveram dilema semelhante, embora fora do período eleitoral. Os integralistas de Plínio Salgado, fascistas da época, convocaram uma grande manifestação na praça da Sé, apoiados por parte da Igreja Católica e das Forças Armadas. Seu slogan, similar ao do bolsonarismo atual, era “Deus, pátria e família”.

A maioria da esquerda daquele momento optou pelo confronto, formando uma frente única entre comunistas, trotskistas, anarquistas  e outros grupos para impedir a manifestação dos fascistas, num episódio que ficou conhecido como batalha da praça da Sé ou revoada dos galinhas verdes (em referência à cor dos uniformes integralistas). A militância antifascista colocou para correr os seguidores de Plínio Salgado, e o integralismo, intimidado, nunca mais tentou uma mobilização daquele porte.

De volta a 2022, o jornalista fala sobre a aposta da esquerda (e da sociedade brasileira de modo geral) na solução pela via institucional e eleitoral. “O problema é que o bolsonarismo está rompendo e possivelmente tenha forças para romper essa cultura. Vão testar isso no dia 7. Não nos iludamos, eles possuem condições de uma forte mobilização”, pondera. “A esquerda deve jogar parada, esperando apenas pelas urnas? Não ter uma cultura de disputar as ruas com o bolsonarismo, limitando a disputa às urnas, não pode acabar virando um tiro no pé?”, indaga.

“Tenho para mim que recuar da mobilização do dia 7 é uma má saída”, responde Altman à pergunta de um espectador que compara a desmobilização social durante os anos petistas com a desmobilização para o 7 de setembro de 2022. "Muitas vezes a saída mais inteligente é o confronto, e não a omissão”, afirma, voltando ao exemplo da revoada dos galinhas verdes em 1934. 

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