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Hoje na História

Hoje na História: 1785 – Cardeal Rohan presenteia Maria Antonieta com colar de diamantes

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Joia, no entanto, não foi paga, o que gerou escândalo envolvendo clero e monarquia francesa

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2022-01-25T14:38:00.000Z

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Em 25 de janeiro de 1785, o príncipe-cardeal de Rohan recebe um deslumbrante colar de diamantes que ele destina à rainha Maria Antonieta. O escândalo iria desabar no colo da rainha da França e arruinar sua reputação de mulher honesta. Alguns meses mais tarde eclodiria a Revolução.

O colar havia sido produzido por volta de 1773 pelos joalheiros parisienses Böhmer e Bassenge com 647 joias e um peso total de 2300 quilates. Os joalheiros estavam certos de vendê-lo à condessa Du Barry, favorita do rei Luis XV, mas a morte do velho rei em 1774 golpeou o projeto.

Surge a ideia de vendê-la à nova rainha Maria Antonieta. Chegaram a apresentar a maravilha aos soberanos em 1778 e em 1781. O jovem rei Luis XVI não se deixa envolver e recua diante da enormidade do preço, 1,6 milhão de libras. A rainha também se mostra ponderada. Iria lembrar que era o preço de dois navios, dos quais a França tinha muito mais necessidade.

A jovem austríaca tinha chegado a Versalhes com 14 anos e foi definida como personagem frívola, cercada de jovens aristocratas despreocupados. O príncipe Louis de Rohan era um deles. Filho de ilustre e riquíssima família, parte para Viena como embaixador em 1772. É expulso dois anos mais tarde pela imperatriz que se escandaliza com sua libertinagem. No entanto, é nomeado capelão na França, depois cardeal e por fim bispo de Estrasburgo.

O cardeal de Rohan tem suas ambições políticas e atribui à antipatia da rainha o fracasso de seus projetos. Foi então que conheceu uma jovem mulher pouco recatada que descendia de um bastardo filho do rei Henri II e carregava o título fantasioso de condessa De La Motte-Valois. Ela mantinha vínculos com um escroque italiano, Giuseppe Balsamo, quem se apresentava como conde de Cagliostro.

A condessa De La Motte-Valois fazia alarde de uma pretensa intimidade com Maria Antonieta a ponto de convencer o cardeal de poder ganhar suas boas graças. Em 11 de março de 1784, uma entrevista discreta é organizada no Bosque de Vênus, perto do Petit Trianon, onde a rainha passava boa parte de seu tempo. 

A rainha aparece e entrega ao cardeal uma rosa e um bilhete fazendo um sinal para que calasse. Na realidade, era uma modista parisiense, Nicole d'Oliva, quem desempenhava o papel de sósia da rainha.

Wikicommons
Joia, no entanto, não foi paga, o que gerou escândalo envolvendo clero e monarquia francesa

A partir de então o cardeal não põe limites às suas generosidades. Em janeiro de 1785, a condessa De La Motte-Valois toma conhecimento que a rainha, não podendo comprar uma joia tão preciosa, a encarrega de comprar em seu nome. Em 21 de janeiro, a condessa anuncia radiosa aos joalheiros que a rainha estava determinada a comprar aquele soberbo colar de diamantes.

Quando, pouco tempo depois, o cardeal se encontrou diante da impossibilidade de pagar o que devia, os joalheiros se apresentaram diante da rainha para fazer valer o compromisso. Ela, incrédula, leva o caso ao conhecimento do rei. Perplexo, escolhe, a contragosto, revelar o caso para manifestar a inocência da rainha.

Em 15 de agosto de 1785, dia da Assunção, houve uma grande festa em Versalhes. O grande capelão da França celebraria um ofício solene na capela do palácio. Já havia vestido seu hábito pontifical quando foi intimado a se apresentar incontinente no gabinete real.

Luis XVI o recebe em presença da rainha e do ministro da Casa Real, o barão de Breteuil. Mostram-lhe o compromisso firmado em favor dos joalheiros Böhmer e Bassenge. O cardeal, desconcertado, é obrigado a firmar a confissão cujos termos foram ditados pelo rei. “Que se meta o cardeal preso!”, exclama Breteuil, seu inimigo jurado. No mesmo dia, Rohan é encarcerado na Bastilha. No dia seguinte é a vez de  Jeanne de la Motte. Os cúmplices se puseram em fuga.

O rei confia ao Parlamento o processo do cardeal. A instrução se arrasta enquanto o alto-clero se insurge contra o afronte a um dos seus, vítima de escroques e apenas culpado de ingenuidade. Quanto à desafortunada rainha, ela é presa das insinuações as mais maldosas.

Em 22 de maio de 1786, o processo se abre diante de 64 magistrados da Grande-Câmara. Dez dias depois o procurador-geral, Joly de Fleury, pronuncia uma acusação sombria. Uma parte da corte se insurge enquanto milhares de manifestantes do lado de fora proclamam ruidosamente seu apoio ao cardeal. A corte relaxa sua prisão, porém o rei o despoja de todos seus cargos e o exila na Abadia da Chaise-Dieu.

A condessa De la Motte é condenada a ser açoitada em público, marcada com ferro em brasa e presa com prisão perpétua na Salpêtrière de onde foge pouco depois. Cagliostro é banido do reino.

A opinião pública acolhe o veredicto enquanto os pintores oficiais tentam reverter o julgamento popular, apresentando Maria Antonieta não mais como a rainha da elegância e sim como uma mãe afetuosa, cercada de crianças. Esta operação de comunicação não funcionou.

O caso do colar marcaria um novo apodo à rainha : “Madame Déficit”, a alimentar o ressentimento popular contra ela. Tratado como mártir, o cardeal de Rohan seria eleito depois da Revolução para os Estados Gerais em 1789 pelo clero de Tonnerre, antes de emigrar para a Alemanha, onde morreria em 1803.



Também nesta data:

1077 - Imperador Henri IV ajoelha-se aos pés do papa Gregório VII
1924 - É realizada a primeira edição das Olimpíadas de Inverno em Chamonix
1947 - Al Capone morre aos 48 anos
1981 - Viúva de Mao Tsé-tung é sentenciada à morte

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.  

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Política e Economia

Economia e ecologia: os dois principais desafios do segundo mandato de Macron

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Novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2022-05-28T17:06:00.000Z

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Menos de uma semana após o anúncio do novo governo francês, as principais revistas do país enumeram os desafios que esperam a equipe da primeira-ministra Élisabeth Borne. Além das questões econômicas, apresentadas como prioridade diante de uma crise de poder aquisitivo que irrita a população, essa nova gestão também promete ser marcada por pautas ambientais, mobilizando vários membros do governo. 

Com a manchete “A grande crise econômica que nos ameaça”, Le Point dá o tom do que espera o governo francês. A revista semanal traz uma grande reportagem sobre o tema da inflação e da recessão que atingem boa parte do mundo e tenta explicar o impacto desse panorama nada otimista na França.

“Nós pensávamos que 2022 seria uma continuidade de 2021, ano da retomada econômica, com um crescimento de 7% no país”, resume o texto. Mas isso foi sem contar com os aspectos geopolíticos que estremeceram um contexto menos estável do que parecia. “A guerra na Ucrânia e as sanções econômicas contra a Rússia jogaram óleo quente em um fogo que estava calmo. De uma hora para outra, os preços das matérias-primas, da energia e os alimentos se inflamaram”, aponta Le Point.

Diante desse panorama, o novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado. “Élisabeth Borne vai precisar de toda a sua experiência com ex-ministra do Trabalho para navegar nas águas turvas da economia francesa”, anuncia a reportagem.

Reprodução/ @EmmanuelMacron
Após reeleição, Macron anunciou um novo governo na França

Além disso, como aponta a revista L’Express, esse novo governo ainda tem pela frente o desafio de provar que pode melhorar a economia do país e ser ecológico ao mesmo tempo. Para isso, não apenas uma, mas duas ministras vão concentrar seus esforços nas questões ambientais: Amélie de Montchalin, que assumiu a pasta da Transição Ecológica e da Planificação dos territórios, e Agnès Pannier Runacher, com à frente da Transição Energética. Para completar, a própria primeira-ministra vai dirigir o que Macron batizou de Planificação ecológica.

No entanto, nenhuma das três tem experiência concreta em assuntos ecológicos e as duas ministras tem um perfil claramente “liberal e pragmático”, o que preocupa algumas ONGs ambientais. A revista L’Obs, que também traz uma grande reportagem sobre os desafios ecológicos do segundo mandato de Macron, vai além e diz que as duas ministras, que têm um “pró-business”, nunca tiveram nenhum tipo de engajamento ambiental em suas carreiras.

Mas L’Obs lembra que mesmo se em seu discurso de vitória Macron prometeu transformar a França em uma “grande nação ecológica, o próprio chefe de Estado, durante sua primeira gestão, não esbanjou declarações ecológicas. A revista, que não cita as alfinetadas dadas pelo líder francês no presidente brasileiro Jair Bolsonaro, criticando a gestão na proteção da Amazônia, afirma que boa parte das promessas feitas por Macron sobre o meio ambiente durante seu o primeiro mandato não tiveram grandes resultados concretos.

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