Numa ação para prevenir aquilo que o presidente dos Estados Unidos Lyndon B. Johnson chamou de “implantação de uma ditadura comunista”, Washington invade a República Dominicana em 28 de abril de 1965, enviando 22 mil soldados e pesado armamento para “restaurar a ordem”.
A decisão de Johnson provocou ásperos protestos na América Latina e ceticismo em alguns setores dos EUA.
A instabilidade na República Dominicana teve início em 1961, quando o ditador Rafael Trujillo, que estava no poder há tempos, foi assassinado. Trujillo havia sido um tirano brutal, mas sua fanática postura anti-comunista ajudou-o a garantir o respaldo de Washington.
Sua morte levou à ascensão de um governo reformista chefiado por Juan Bosch, eleito presidente em 1962. A hierarquia militar dominicana, porém, abominava Bosch e suas políticas liberais. Bosch foi derrocado em 1963. O caos político decorrente dominou a cena no país quando vários grupos, inclusive o estamento militar em crescente cisão, lutavam acirradamente pelo poder.
Em 1965, forças populares que exigiam a reinstalação de Bosch no poder passaram a se manifestar nas ruas contra o governo controlado pelos militares. Enquanto isso, em Washington, temia-se por uma “outra Cuba”, que estaria supostamente em gestação naquele país.
Com efeito, muitos funcionários do governo estadunidense, especialmente no Departamento de Estado e na CIA, suspeitavam que Fidel Castro estivesse por trás das manifestações populares.
Como ocorreu o golpe militar na República Dominicana?
Finalmente, em 28 de abril, mais de 22 mil fuzileiros navais, apoiados por forças militares cedidas por alguns dos Estados-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), entre eles o Brasil do regime ditatorial-militar comandado então por Castello Branco, desembarcaram na República Dominicana.
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Presidente Lyndon B. Johnson afirmou à época que a ação tinha objetivo de prevenir o ‘perigo comunista’
No curso das semanas que se seguiram, as tropas estrangeiras dominaram a situação e ajudaram a instalar um governo não militar, conservador, fortemente ligado aos EUA.
O presidente Johnson saiu a campo para declarar que foi obrigado a tomar aquelas medidas para evitar a instauração de outra “ditadura comunista” na região.
Como evidência de suas acusações, tornou público relatórios que apontavam suspeitos de comunismo de vários ocupantes de cargos-chaves na República Dominicana. Até mesmo revisões superficiais da lista de pessoas revelaram que a evidência era extremamente frágil – algumas pessoas daquela lista haviam morrido há tempos e outras não poderiam ser acusadas de comunismo.
Alguns governos latino-americanos e diversas organizações sociais condenaram a invasão, denunciando-a como um retorno à “diplomacia das canhoneiras” do começo do século 20, quando os ‘marines’ dos EUA, ao mais leve pretexto, invadiam e ocupavam nações latino-americanas.
Nos EUA, setores políticos liberais, céticos e desconfiados em relação à política de Washington no Vietnã, desdenharam das declarações de Johnson acerca do “perigo comunista” na República Dominicana. Tal crítica tornou-se cada vez mais frequente contra o governo Johnson à medida que os EUA se envolviam mais profundamente na Guerra do Vietnã.