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Hoje na História

Hoje na História: 1941 - Nazistas invadem URSS na Segunda Guerra

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Manobra foi chamada de 'Operação Barbarossa'; mais numeroso do que se imaginava, Exército Vermelho derrotou alemães em Stalingrado

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2022-06-22T14:10:00.000Z

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Em 22 de junho de 1941, mais de 3 milhões de soldados da Alemanha invadem a União Soviética em três ofensivas paralelas, no que seria a maior e a mais poderosa força militar de invasão da história. Dezenove divisões blindadas, 3 mil tanques pesados, 2,5 mil aviões e 7 mil peças de artilharia distribuíram-se num front de 1,5 mil quilômetros assim que Hitler decidiu abrir seu segundo front na guerra.

A despeito de a Alemanha e a União Soviética terem assinado um pacto de não agressão em 1939, garantindo uma nação a outra uma específica região de influência sem que uma interferisse na outra, as suspeitas permaneceram elevadas. 

Quando o Exército Vermelho avançou sobre a Romênia em 1940 para eventualmente defender o suprimento de petróleo, Hitler viu uma ameaça a seu pretenso controle sobre os poços petrolíferos dos Bálcãs. Berlim respondeu imediatamente mobilizando para a região duas divisões blindadas e 10 divisões de infantaria na Polônia, a fim de para ameaçar diretamente as linhas fronteiriças soviéticas. Mas o que parecia ser apenas um movimento tático transformou-se num plano global de ataque à União Soviética.


Na verdade, a ideia básica do assalto à URSS remontava a 15 anos antes. Hitler escrevera em seu livro Mein Kampf (Minha Luta): “Nós, nacional-socialistas, recomeçamos onde interrompemos há 600 anos. Vamos deter o interminável movimento ao sul e a oeste da Europa e voltar nossas vistas para os países do Leste... Quando hoje falamos em novo território na Europa (Drang nach östen), devemos pensar principalmente na Rússia e nos seus Estados vassalos limítrofes. O próprio destino parece assinalar-nos o caminho nesse ponto... Esse colossal império no leste está amadurecido para a dissolução, e o fim do domínio judaico na Rússia será também o fim da Rússia como Estado.”

Apesar das advertências de seus conselheiros de que a Alemanha não deveria lutar em dois fronts, como a experiência da Primeira Guerra Mundial havia demonstrado, Hitler convenceu-se de que a Inglaterra iria resistir aos ataques alemães, recusando-se a se render, porque Londres tinha firmado um acordo secreto com Moscou. Temendo ser ‘estrangulado’ a leste e a oeste, firmou em dezembro de 1940 a “Diretiva 21: Operação Barbarossa”, um plano para invadir e ocupar a imensa nação que ele imaginava poder articular-se com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

Bundesarchiv
Tropas da Wehrmacht cruzam a fronteira com a União Soviética, em 22 de junho de 1941

Hitler traçou o objetivo geral da Operação Barbarossa: “A massa do exército russo, na Rússia ocidental, deverá ser destruída em operações ousadas, por meio da penetração de profundas cunhas couraçadas, e a retirada de unidades intatas e capazes de batalhar na imensidão do território soviético deverá ser impedida. O objetivo final da operação é estabelecer uma linha de defesa contra a Rússia Asiática, a partir de uma linha que corra do rio Volga a Arkhangelsk.”

Em 22 de junho de 1941, após ter adiado a invasão da Rússia para poder tirar a Itália, seu aliado, dos apuros em que se meteu na invasão da Grécia e assim evitar que os Aliados pudessem colocar um pé nos Bálcãs, três grupos de exércitos alemães atacaram pesadamente a União Soviética de surpresa. O Exército Vermelho era mais numeroso do que a inteligência germânica havia antecipado mas estavam aparentemente desmobilizado no momento do assalto inicial. Stalin, segundo se informou, havia dado de ombros às advertências de seus próprios conselheiros e até do próprio primeiro-ministro britânico Winston Churchill, de que o ataque nazista era iminente.

Segundo diretrizes emanadas do próprio Hitler aos comandantes supremos das três armas “a guerra contra a Rússia será tal que não poderá ser conduzida de maneira cavalheiresca. É uma luta de ideologias e de diferenças raciais e terá de ser conduzida com uma dureza sem precedentes, sem misericórdia e sem descanso... Insisto que minhas ordens sejam executadas sem oposição. Os comissários do povo são os portadores de ideologias que se contrapõem diretamente ao nazismo. Por conseguinte, serão liquidados os comissários. Os soldados alemães acusados de quebrar as leis internacionais serão desculpados... A Rússia não faz parte da Convenção de Haia, não tendo, portanto, direito a ela.”

No final do primeiro dia da invasão, a força aérea alemã tinha destruído mais de mil aviões soviéticos. E a despeito da resistência e obstinação das tropas do Exército Vermelho e do armamento a sua disposição em tanques e artilharia, havia certa desorganização defensiva, o que permitiu a penetração da Wehrmacht em território russo em poucas semanas em cerca de 500 quilômetros.

O exército alemão avançou ainda mais nos meses subsequentes, cercou Leningrado, chegou às portas de Moscou e investiu para conquistar o sul do país. Até que se defrontou com Stalingrado — a batalha que virou a guerra.

Também nesta data:
1929 – Guerra dos Cristeros opõe camponeses católicos a governo mexicano
1940 – França assina armistício com Alemanha na floresta de Compiegne
1950 - Dossiê anticomunista Canais Vermelhos coloca celebridades norte-americanas em lista negra
1987 - Morre Fred Astaire, bailarino, ator e cantor de Hollywood

(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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