Seymour Hersh, um jornalista investigativo independente, num telegrama despachado em 12 de novembro de 1969, através do Dispatch News Service e publicado em mais de 30 jornais espalhados pelos Estados Unidos e o mundo, revela em toda a sua extensão as acusações levantadas pelo exército e que pesavam contra o 1º Tenente William L. Calley por suas ações em My Lai, Vietnã.
Hersh escreveu: “O Exército diz que ele [Calley] deliberadamente assassinou pelo menos 109 civis vietnamitas durante uma missão de busca e destruição em março de 1968, numa fortaleza vietcong conhecida como 'Pinkville'.
O incidente, que se tornou conhecido como o Massacre de My Lai, aconteceu em março de 1968. Entre 200 e 500 civis sul-vietnamitas foram assassinados pelos soldados norte-americanos da Companhia C, 1º Batalhão, 20ª Infantaria, 11ª Brigada de Infantaria da Divisão Americal.
Durante uma varredura do casario conhecido como My Lai 4, os soldados, particularmente aqueles do primeiro pelotão de Calley, atiraram indiscriminadamente contra os sul-vietnamitas, assim que elas abandonavam suas cabanas para em seguida cercar os sobreviventes, supostamente para serem conduzi-los a uma valeta, onde Calley deu a ordem de “acabar com todos eles”.
A investigação original, dirigida em abril de 1968 por membros da 11ª Brigada de Infantaria, a unidade envolvida no caso, concluiu que não havia ocorrido massacre e, portanto, nenhuma ação deveria ser levada adiante. Entretanto, quando a manobra de encobrimento foi revelada, a Divisão de Investigação Criminal do Exército levou a cabo uma novo processo investigativo.
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Jornalista revelou acusações levantadas pelo exército e que pesavam contra o 1º Tenente William L. Calley
Pressionado pelas evidências e a repercussão do acontecido, o Chefe do Estado Maior do Exército, general William Westmoreland indicou o Tenente-general William Peers para “explorar a natureza e a finalidade” da investigação original a fim de determinar a extensão daquela manobra de encobrimento.
O novo processo levantou que 30 pessoas não só participaram da atrocidade ou dela tinham conhecimento como também mostrou que essas pessoas nada fizeram para que o morticínio fosse detido. No final, somente 14 delas foram acusadas da prática de crime de guerra.
Todos finalmente tiveram as acusações revogadas ou foram inocentadas, com exceção do militar Calley, que foi considerado culpado pelo assassinato de 22 civis e sentenciado à prisão perpétua. Todavia, a condenação de Calley, em um recurso, foi reduzida e, posteriormente, num segundo momento ele foi simplesmente libertado da prisão em 1974.
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