Em uma mina conhecida como “Premier”, perto de Pretória, África do Sul, é encontrado em 26 de janeiro de 1905 o maior diamante natural do mundo jamais visto, durante uma inspeção de rotina pelo superintendente da mina. A pedra, de 3.106 quilates (637 gramas), foi chamada de “Cullinan” em homenagem ao proprietário da mina, Sir Thomas Cullinan.
Ela foi cortada e lapidada em 105 peças, entregues à coroa da Inglaterra. A maior delas, “Estrela da África”, adornou o cetro do rei Eduardo VII.
Frederick Wells encontrava-se a seis metros abaixo da superfície quando percebeu um lampejo como se fosse o brilho de uma estrela incrustado num muro, justo acima de sua cabeça.
Sua descoberta foi apresentada naquela mesma noite a Cullinan, que vendeu o diamante ao governador provincial do Transvaal. Este, por sua vez, o deu ao rei britânico Eduardo VII como presente de aniversário.
Preocupado com o fato de que o diamante pudesse ser roubado no trânsito da África até Londres, Eduardo tratou de preparar a cena para o envio de um diamante, falso, a bordo de um navio a vapor, protegido por um bando de detetives, como uma tática diversionista.
Enquanto o chamariz fazia lentamente seu trajeto para a Inglaterra, o “Cullinan” também lá estava, num canto qualquer, acondicionado em caixa comum.
Wikicommons
Thomas Cullinan, proprietário da mina sul africana onde foi encontrado diamante de 3.106 quilates, segura a pedra
Talhando o Cullinan
Eduardo VII confiou o corte do diamante a Joseph Asscher, diretor do Asscher Diamond Company de Amsterdã. Asscher, que havia talhado o famoso diamante Excelsior, um diamante de 971 quilates, encontrado em 1893, estudou a pedra durante seis meses antes de tentar o talhe.
Em sua primeira tentativa, a lâmina de aço quebrou sem sequer afetar o duríssimo diamante. Na segunda tentativa, o diamante partiu-se conforme o planejado. Completado serviço, Asscher desfaleceu, acometido de forte tensão nervosa.
O “Cullinan” foi mais tarde talhado em nove pedras maiores e cerca de 100 pedras menores, avaliadas em milhões e milhões de libras esterlinas. As pedras estão expostas na Torre de Londres ao lado de outras joias da coroa britânica. O ‘Cullinan I’ está engastado no Cetro Real da Soberania Britânica, enquanto o ‘Cullinan II’ está encravado na Coroa Imperial.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.