O Japão oficializa, em 22 de agosto de 1910, a anexação da Coreia através da assinatura de um tratado que concedia toda a soberania da nação ao então imperador Meiji. Após cinco anos como protetorado japonês, a península, chamada pelos colonizadores de “Chosen”, ou “País da Manhã Tranquila”, permaneceria como colônia do império japonês até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Apesar do parentesco linguístico e étnico com os japoneses, os coreanos conservam uma lembrança amarga desse período.
Ainda sob o reinado do Imperador Meiji, o país põe o pé no continente derrocando o reinado medieval da Coreia, sujeito então à suserania da China. A anexação é formalizada em 22 de agosto de 1910. O reino medieval da Coreia tornara-se um Estado vassalo da China no século XVII. No século seguinte, boa parte de sua população se converte ao cristianismo devido a um punhado de pregadores coreanos e chineses, estes últimos formados pelos jesuítas da corte dos imperadores manchus em Pequim.
Separada do Japão por um estreito, a península da Coreia tinha uma população bastante similar a do Japão. A cultura era parecida e os japoneses alimentavam a esperança de assimilá-la rapidamente a seu Estado. Contudo, a longa tradição de independência deste “Reino da Manhã Tranquila” levantou muito mais obstáculos à anexação do que a ilha chinesa de Formosa.
O império colonial do Japão ruiria em agosto de 1945, após o lançamento das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki e a consequente capitulação diante das tropas norte-americanas. As colônias mais antigas passariam por guerras civis – Coreia e Formosa – enquanto as conquistas militares se erigiriam em Estados independentes – Malásia e Filipinas, além da região chinesa da Manchúria.
Saudosistas japoneses notam, com alguma malícia, que todos esses países figuram neste começo do século XXI entre os Estados mais prósperos e os mais prometedores do planeta, sinal dos benefícios proporcionados pela colonização nipônica.
Mutsuhito, o 122º imperador do Japão, tinha 15 anos quando assumiu o trono, sob o título de Meiji Tenno, em 1867, assumindo plenos poderes. À sua sombra governaram os daimiôs (chefes feudais modernos) de tendência reformista. E foi, de fato, um período que revolucionou a história do país.
No ano seguinte, o Imperador Meiji (iluminado) deslocou sua residência oficial de Quioto, ou ” Cidade Capital” a Edo, que já era desde 1603 a capital administrativa do país e uma das principais cidades do mundo, com mais de um milhão de habitantes. A nova capital ganharia o nome de Tóquio, ou “Capital do Leste”.
Além disso, em seu reinado, o imperador reinventou uma “tradição nacional japonesa”, fundada sobre o culto ao Estado com o xintoísmo, que originalmente adorava as divindades representantes das forças da natureza. Mandou construir o templo Yasukuni, dedicado aos mortos pela pátria. Os budistas, muito influentes à época dos Tokugawa – ditadura militar feudal estabelecida em 1603 e governada pelos shoguns da família Tokugawa até 1868 – foram obrigados a se alinhar aos novos valores patrióticos.
Em 1871, o imperador aboliu a hierarquia instaurada pelos shoguns. Os samurais, que eram obrigados de pai para filho a obedecer ao seu senhor, o daimiô, seguindo um peculiar código de honra (o bushidô), se põem a serviço do imperador.
No mesmo ano, o imperador enviou ao Ocidente uma missão de estudo, a “Missão Iwakura”, que tinha em vista coletar todas as ideias de boa qualidade e durou de dezembro de 1871 até setembro de 1873.
Assim, o Japão construiu em 1872 sua primeira ferrovia, instaurou o serviço militar e organizou um exército moderno segundo o modelo alemão. Terminou-se assim a era dos belos uniformes dos samurais e seu armamento feudal, notadamente o sabre conhecido como “katana”. As novas tropas passaram a portar uniformes inspirados nos franceses e seriam armados de fuzis ocidentais.
No começo do século XX, o Japão se vangloriava de seu progresso econômico e sobretudo da vitória sobre a Rússia, de um povo não-branco sobre um grande Estado moderno europeu, atrás apenas a derrota dos italianos diante dos etíopes na Batalha de Adwa, em 1896.
Com a assinatura do Tratado de Shimonoseki entre Japão e China em 1895, o gigante continental reconheceu a plena independência da Coreia que, 15 anos depois caiu sob a ambição territorial de Rússia e Japão. Após a Guerra Russo-Japonesa, os russos são expulsos da Coreia, deixando o campo livre aos japoneses.