A rainha-mãe Catarina de Médicis morre aos 70 anos no castelo de Blois, em 5 de janeiro de 1589. Com a morte de seu filho, Francisco II, em 1560, assumiu a regência da França no lugar do príncipe-herdeiro Charles IX, então com apenas 10 anos. Desde então, desempenhou um papel preponderante na política do país.
Catarina nasceu na família Médici de Florença em 1519. Seus pais foram Lorenzo, Duque de Urbino, e Madeleine de la Tourd'Auvergne. Ambos os pais morreram cedo deixando-a como a única herdeira de todas as propriedades da família. Um parente distante de seu pai, o cardeal Guilio de' Medici chegou a Florença para assumir o governo, assumindo a guarda da jovem.
Em 1527, o palácio dos Médici foi atacado por uma multidão furiosa. Seus parentes decidiram fugir, porém os líderes da rebelião ordenaram que deixassem a menina Catarina para que pudessem mantê-la como refém. Foi morar em diversos conventos da cidade, onde recebeu excelente educação.
Quando a rebelião florentina foi finalmente esmagada por Guilio de Médici, o papa Clemente VII, foi enviada a Roma para residir com o pontífice. Clemente e o rei Francisco I da França arrumaram o casamento de Catarina com o segundo filho mais velho do rei, Henry de Orleans. Aos 14 anos era descrita como “pequena e esbelta, com fartos cabelos, face magra e pouco bonita, mas com os olhos peculiares dos Médicis”.
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Italiana enfrentou grande impopularidade em seu governo e lutou por uma conciliação entre católicos e protestantes
A morte do delfim Francisco, em 1536, desencadeou comoção em toda a França. Os franceses não queriam uma italiana assumindo o trono. Muitos achavam que nunca teria filhos e que seu tempo no trono seria curto. Todavia, entre 1543 e 1555 teve dez filhos, três dos quais morreram ainda jovens. Entre os sobreviventes, três deles virariam reis da França: Francisco, Charles e Henry.
Em 1547, o sogro de Catarina, Francisco I, morre. Seu marido assume o trono como Henry II e ela passa a ser a rainha. A grande impopularidade de Catarina torna-se ainda maior. Rejeitavam uma rainha sem sangue azul e, ainda por cima, italiana.
A partir de 1562, quando eclodem as guerras entre católicos e protestantes na França, buscou incessantemente acordos entre os beligerantes. Sua assinatura consta em numerosos tratados de paz, mas, ironicamente, foi também a instigadora do Massacre de São Bartolomeu.
A legenda sombria de Catarina de Médicis, mantida até meados do século XX, fez dela uma mulher dominadora que buscava monopolizar o poder. Era adepta do maquiavelismo e não hesitava em utilizar dos meios os mais extremados para governar a França. Mulher agressiva, devorava-se pelo ciúmes.
Catarina permaneceu sempre firme a fim de evitar o desmoronamento do poder real. Nasce aí a lenda de uma rainha arrivista e despótica. Os católicos a reprovavam por conceder demasiada liberdade aos protestantes e os huguenotes de não aceitá-los. Situada entre as duas partes conflitantes, tentou, bem ou mal, manter sua política de união nacional em torno da coroa.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.