O Congresso de Viena, cujo objetivo era a reordenação política da Europa após as guerras napoleônicas, foi concluído em 9 de junho de 1815.
No dia 18 de setembro de 1814, chefes de Estado e de governo das grandes potências haviam se reunido pela primeira vez no palácio Hofburg, em Viena, para a Conferência de Paz.
Tema de operetas e de comédias do cinema, o Congresso de Viena foi a base de sérias decisões para a Europa. Napoleão havia sido derrotado, pondo fim à hegemonia da França no continente. Os territórios tinham de ser redistribuídos e as relações de poder, reequilibradas com base na restauração das monarquias.
O organizador do evento, que se desenrolou entre 1814 e 1815, foi o ministro austríaco do Exterior, Clemens Wenzel, príncipe de Metternich. Na maior parte do tempo, os diplomatas entregaram-se a bailes e banquetes, concertos e caçadas.
À parte, os negociadores de peso definiam em privado as questões centrais.
Quatro homens tomaram as grandes decisões: Metternich, Czar Alexander I, Visconde Castlereagh, o ministro do Exterior britânico, e Charles de Talleyrand, o ministro do Exterior francês.
Castlereagh disse que não tinha ido à Viena para “colecionar troféus e sim para trazer o mundo de volta ao comportamento pacífico.” Para tanto o melhor caminho seria restaurar o equilíbrio de poder e evitar que as grandes potências se tornassem nem excessivamente fortes nem muito fracas.
Talleyrand, por sua vez, havia sido bispo secular no Velho Regime, apoiara a Revolução em 1789, tornara-se um dos poucos bispos a respaldar a Constituição Civil do Clero e serviu como ministro do Exterior de Napoleão. Esse diplomata camaleônico era adepto de explorar as diferenças que dividiam os parceiros.
Para essas diferenças, Alexander I contribuiu enormemente. Propôs uma parcial restauração da Polônia do século XVIII com ele mesmo como monarca. A Áustria e a Prússia perderiam suas terras naquele país. Alexander queria o apoio da Prússia na anexação da Saxônia. Metternich e Castlereagh rejeitaram a proposta.
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O Congresso de Viena foi a base de sérias decisões para a Europa
Talleyrand juntou-se a Metternich e Castlereagh ameaçando a Prússia e a Rússia com a guerra se não moderassem suas exigências.
Resolvida a questão polonesa, o Congresso pôde voltar-se para outras questões dinásticas e territoriais. Tronos e fronteiras deveriam ser restaurados como existiam em 1789. Na prática, a legitimidade foi ignorada uma vez que os diplomatas se deram conta que não poderiam desfazer todas as mudanças provocadas pela Revolução e Napoleão.
Embora sancionassem o retorno dos tronos da França, Espanha e Nápoles, o mesmo não puderam fazer com a quantidade de Estados germânicos que desapareceram desde 1789. Os mais importantes membros da Confederação Alemã, Prússia e Áustria, províncias do reino dos Habsburg, seriam consideradas parte da Alemanha.
Divisão impopular
A troca de terras era complexa e muitas vezes cínica, sem levar em conta os anseios das populações. A Prússia, além de anexar parte da Saxônia, acrescentou o reino napoleônico da Vestfália aos seus dispersos territórios na Alemanha ocidental, criando a província do Reno. A Áustria perdeu a Bélgica que foi incorporada ao reino da Holanda, porém Viena recobrou a costa oriental do mar Adriático e a antiga possessão dos Habsburg da Lombar dia.
Confirmou-se a transferência da Finlândia, da Suécia para a Rússia, compensando-se Estocolmo com a transferência da Noruega, do domínio da Dinamarca para o seu reino. Finalmente, a Grã Bretanha recebeu a estratégica ilha de Malta e as ilhas Jônicas no mar Adriático, além do Ceilão e do Cabo da Boa Esperança e alguns pequenos postos militares franceses.
Sob o impacto da fuga de Napoleão de seu exílio na ilha de Elba, Castlereagh concebeu uma política para evitar eventual agressão francesa, fortalecendo seus vizinhos. Ao norte os franceses se deparariam com os belgas e holandeses unificados no reino dos Países Baixos; no nordeste, a província do Reno da Prússia; no leste a Suíça e o Piemonte.
Ademais, a Quádrupla Aliança – Grã Bretanha, Prússia, Áustria e Rússia –, formada em novembro de 1815, concordou em usar a força, se necessário, para fazer cumprir os acordos de Viena.