No dia 25 de agosto de 1835, o primeiro de uma série de artigos anunciando a presumível descoberta de vida na Lua é publicado no jornal New York Sun.
Conhecidos posteriormente pelo público em geral como “A Farsa da Lua Cheia” (The Great Moon Hoax, em inglês), os artigos foram supostamente reproduzidos de uma edição original do Edinburgh Journal of Science.
O crédito pela descoberta foi atrubuído ao doutor Andrew Grant, descrito como um colega de Sir John Herschel, um famoso astrônomo daquela época.
Herschel teria encontrado evidências de formas de vida na Lua, inclusive animais fantásticos como os unicórnios, castores de duas pernas e bastante peludo, humanoides dotados de asas parecendo-se com morcegos.
Os artigos forneciam igualmente vívida descrição da geografia lunar, completada com uma enormidade de crateras, imensos cristais de ametista, rios caudalosos e luxuriante vegetação.
O New York Sun, fundado em 1833 era um dos novos “penny press” – jornais em formato tabloide, de baixo preço e com um estilo de jornalismo mais narrativo – que tinha como alvo um público muito mais amplo.
Desde o dia em que o primeiro dos artigos da série ‘farsa da lua’ foi publicado, as vendas do periódico dispararam e os leitores o acolheram com entusiasmo. O problema era que nada do seu conteúdo provava-se verdadeiro.
O Edinburgh Journal of Science havia deixado de circular anos antes e Grant era um personagem ficcional. Os artigos foram mais provavelmente escritos por Richard Adams Loske, repórter do Sun, formado na Universidade de Cambridge.
Tinha a sátira como intenção, e eram destinados a mofar-se das insistentes especulações acerca da vida extraterrestre, particularmente aquelas do reverendo Thomas Dick, um popular escritor de assuntos científicos que afirmava em seus livros de grande aceitação popular que só a Lua tinha 4,3 milhões de habitantes.
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Animais fantásticos inventados na "Farsa da Lua Cheia" eram unicórnios, castores de duas pernas e humanoides dotados de asas par
Os leitores, porém, foram completamente envolvidos com a história e resistiram em reconhecê-la como uma mera sátira. A mania que se formou em torno das supostas descobertas de Herschel acabou contaminando cientistas da Universidade Yale, que viajaram para Nova York em busca dos artigos do Edinburgh Journal.
Após os empregados do Sun tê-los mandado de um lado para outro entre os escritórios da redação e as oficinas de impressão na esperança de desencorajá-los, os cientistas regressaram a New Haven sem se dar conta que haviam sido enganados.
Em 16 de setembro de 1835, finalmente o Sun admitiu que os artigos não passavam de um embuste. O público leitor, todavia, estava se divertindo com toda a história e as vendas do periódico nada sofreram.
O New York Sun continuou existindo até 1950, quando se fundiu com o New York World Telegram. A fusão acabou naufragando em 1967. Um novo New York Sun foi fundado em 2002, no entanto não tendo qualquer relação com o original.