Hoje na História - 1914: Líder socialista francês Jean Jaures é assassinado em Paris
Uma das maiores figuras do socialismo francês foi morto às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial, comovendo o país europeu
Em 31 de julho de 1914, o líder do Partido Socialista francês, Jean Jaurès, é assassinado em Paris, quando a Europa inteira estava decretando a mobilização geral às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial. A França inteira se comoveu: a única personalidade política suscetível de impedir a guerra desaparecera. As cinzas de Jaurès seriam levadas para o Panthéon em 1924, e seu assassino, Raoul Villain, que havia sido julgado e inocentado em 1919, se exilaria na Espanha – onde acabaria fuzilado pelos republicanos em 1936.
Jean Jaurès é uma das maiores figuras do socialismo francês. Orador brilhante, esta figura política toma a defesa dos mais fracos, dos trabalhadores das minas e do capitão Dreyfus. Nascido em Castres em 1859, Jean Jaurès provinha de uma família de classe média. Aluno extremamente aplicado, chegou em primeiro lugar na Escola Normal Superior (1878) e terceiro à Faculdade de Filosofia (1881). Tornou-se professor de filosofia no Liceu em 1881 e se casa com Louise Bois cinco anos mais tarde.
Ao completar 25 anos, Jaurès filia-se ao campo republicano e é eleito deputado por Castres. Derrotado nas eleições da circunscrição de Carmaux (Tarn) em 1889, retoma seu lugar de professor na faculdade de Toulouse. Aos poucos vai se aproximando do socialismo. Com a greve dos mineiros de carvão de Carmaux em 1892, decide abraçar de vez a causa da classe operária. Defenderia em seguida os trabalhadores da fábrica de vidros de Carmaux e os vinhateiros de Maraussan.
Em 11 de outubro de 1898, Jean Jaurès publica o livro As Provas, obra em defesa de Dreyfus, acusando Esterhazy e clamando pela inocência do militar Dreyfus. A exemplo de Zola, Jaurès fez parte dos intelectuais que, ao longo do Caso Dreyfus, abandonaram seus preconceitos anti-semitas para reivindicar que se fizesse justiça.
Depois de algumas hesitações, Jaurès toma o partido de Dreyfus, defende-o vigorosamente e se opõe aos marxistas conduzidos por Jules Guesde. Publica numerosos artigos para defender o socialismo no jornal La Dépêche de Toulouse e no L’Humanité, jornal que funda em 1904. Para ele, “O capitalismo traz em si a guerra como as grandes nuvens carregam em si a tempestade”. Em 1905, contribui decisivamente para a unificação dos dois partidos socialistas franceses dando nascimento à SFIO (Seção Francesa da Internacional Operária).
Após os primeiros movimentos de unificação da esquerda francesa em 1901, o Partido Socialista francês e o Partido Socialista da França se unem para formar a SFIO (Seção Francesa da Internacional Operária). Este reagrupamento, alcançado no Congresso de Globe, permite aos marxistas representados por Jules Guesde e aos reformistas como Jean Jaurès de estabelecer uma frente comum. Dividido após o Congresso de Tours que vê nascer o Partido Comunista francês. A SFIO seria marcada por personalidades notáveis como Jaurès e Léon Blum. A SFIO passaria a se denominar Partido Socialista em 1969.
Dez anos após a sua morte, exatamente em 23 de novembro de 1924, os despojos de Jean Jaurès são transferidos ao Panthéon por decisão do governo do Cartel das Esquerdas.
