Numa coletiva de imprensa em 20 de setembro de 1968, em Saigon, oficiais do Pentágono defenderam o uso de desfolhantes químicos na Guerra do
Vietnã, afirmando que o uso desses agentes em áreas selecionadas do Vietnã do Sul não alteraria de modo significativo o meio ambiente da região, nem produziria quaisquer efeitos danosos sobre a vida humana ou animal.
Contudo, um documento entregue nessa mesma conferência de imprensa por Fred Shirley, um alto funcionário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, revelou que os oficiais norte-americanos estavam subestimando a extensão dos danos ambientais causados pelo chamado Agente
Laranja. O documento não deixava dúvidas sobre os “inegáveis prejuízos ecológicos” e que a “recuperação levará longos anos”.
Então fabricado pela multinacional Monsanto, o Agente Laranja é uma mistura de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T. Ambos os componentes do agente eram empregados na agricultura, e até hoje são vendidos com o nome de Tordon.
Agente laranja causa danos a saúde e ao meio-ambiente
No período de 1961 a 1971, as tropas americanas espargiram 80 milhões de litros de herbicidas sobre o território vietnamita, de acordo com estatísticas oficiais. Por não estarem devidamente purificados, esses herbicidas apresentavam elevados teores de um subproduto cancerígeno, a dioxina tetraclorodibenzodioxina.
Este resíduo não é normalmente encontrado nos produtos comerciais, mas marcou para sempre o nome do Agente Laranja, cujo uso deixou sequelas terríveis na população e nas tropas daquele país e até nos próprios soldados norte-americanos. No total, estima-se que tenham sido usados 400 quilogramas de dioxina contra os vietnamitas.
Wikicommons
EUA despejaram mais de 80 milhões de litros de agente laranja sobre o Vietnã mesmo sabendo de seus efeitos colaterais
Esses desfolhantes destruíram o habitat natural, deixaram 4,8 milhões de pessoas expostas ao agente laranja e provocaram enfermidades irreversíveis, sobretudo malformações congênitas, câncer e síndromes neurológicas em crianças, mulheres e homens.
O objetivo inicial era o usar o Agente Laranja para reduzir a densa floresta, de modo que as forças norte-vietnamitas e vietcongs não a pudessem usar como cobertura bem como negar ao inimigo a colheita de alimentos necessários a sua subsistência.
O mais pesado uso dos desfolhantes ocorreu na Zona Tática do 3º Corpo do Exército ao norte da Saigon e ao longo das fronteiras com o Camboja e o Laos.
O emprego desses agentes foi objeto de enorme controvérsia durante e também após o conflito, devido aos impactos ambientais de longo prazo e os efeitos sobre os seres humanos, tanto nos que foram atingidos quanto nos que manusearam o produto.
A partir do final dos anos 1970, os veteranos do Vietnã passaram a citar os herbicidas, especialmente o Agente Laranja, como a causa de sérios problemas de saúde que iam desde erupções na pele a defeitos congênitos em seus filhos. Problemas similares, inclusive uma incidência bastante anormal de abortos espontâneos e malformações congênitas, foram relatados entre a população vietnamita que vivia nas áreas em que o Agente Laranja foi empregado.