O Conselho de Segurança da ONU expressou na quinta-feira (03/10) seu “pleno” apoio ao secretário-geral António Guterres, que foi declarado “persona non grata” por Israel por não ter condenado imediatamente os ataques do Irã na terça-feira.
Sem mencionar Israel diretamente, os cinco membros permanentes do Conselho e os dez não permanentes enfatizaram a necessidade de todos os Estados membros manterem uma relação produtiva com o secretário-geral e se absterem de ações que comprometam seu trabalho.
Eles alertaram que qualquer decisão que não envolva o secretário-geral ou as Nações Unidas é contraproducente, especialmente em um momento de escalada de tensões no Oriente Médio.
As relações entre a ONU e Israel, criadas por uma resolução da ONU em 1947, são historicamente difíceis e estão em seu ponto mais baixo desde o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.
Críticas mútuas
Em meio ao aumento da violência no Oriente Médio, Guterres foi declarado “persona non grata” por Israel, que o acusou de não ter “condenado de forma inequívoca” o ataque do Irã. Durante uma sessão tensa no Conselho, Guterres condenou o ataque iraniano, mas também criticou o ciclo de violência entre os dois lados.
O apoio a Guterres foi unânime entre os 15 membros do Conselho, com os Estados Unidos considerando a ação de Israel “não produtiva”.
O Ministério das Relações Exteriores da França e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também criticaram a decisão de Israel.
Em comunicado, a diplomacia francesa afirma lamentar a “decisão injustificada, grave e contraproducente tomada por Israel de declarar o secretário-geral da ONU, António Guterres, persona non grata”. A mensagem reitera “toda a confiança” da França no secretário-geral das Nações Unidas e termina destacando que a ONU “desempenha um papel fundamental para a estabilidade da região”.
Já Borrel, em um discurso em Pontevedra, noroeste da Espanha, após receber o prêmio anual do Fórum La Toja-Atlantic Link declarou: “Devemos rejeitar os ataques ao Secretário-Geral das Nações Unidas”.
“Sim, tudo começou com os ataques terroristas do Hamas, que condenamos, mas esses ataques, como disse o Secretário-Geral das Nações Unidas, não vêm do nada. Eles são a consequência, ou (…) pelo menos mais um capítulo em uma longa história que começou antes”, continuou ele.
“Dizer isso não deve render a ninguém o apelido ou insulto de antissemita. Essa palavra não deve ser banalizada (…) É muito séria, muito dolorosa para ser aplicada a alguém que expressa uma opinião diferente da de um governo”, acrescentou Borrell.