No mesmo dia em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi à 79ª Assembleia Geral da ONU para falar sobre suposta paz na Faixa de Gaza, Tel Aviv promove seu quinto dia de ataques consecutivos contra o Líbano, nesta sexta-feira (27/09).
Em uma expansão do conflito que antes se restringia à Gaza e Cisjordânia, onde as ações militares de Israel deixaram mais de 40 mil mortos, o Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 700 pessoas foram mortas em meio aos consecutivos ataques de Tel Aviv contra seu território, inclusive dois adolescentes brasileiros.
“É preciso lembrar que Netanyahu fala em paz depois de um ano de genocídio em Gaza. E o que vemos no Líbano nada mais é do que a aplicação do mesmo modus operandi e a tentativa de ampliação do genocídio”, avalia sobre a situação a jornalista brasileira residente de Beirute, Leila Salim, ao programa 20 MINUTOS, de Opera Mundi, No YouTube.
Salim atualiza a situação do país, e afirma que o centro de Beirute, onde se encontra, é uma área “considerada mais segura” porque até o momento não foi alvo de nenhum ataque. Contudo, muitos cidadãos deixam o sul da capital, pois tem sido um dos principais focos dos ataques israelenses, além do leste, onde fica o Vale do Beqaa.
“Existe um subúrbio ao sul de Beirute chamado Darri que foi alvo de cinco ataques desde a última sexta-feira (20/09). Têm sido ataques quase diários, sendo o da sexta o maior, que matou cerca de 50 pessoas. Na verdade, preciso rever os números porque eles não param de ser atualizados”, relata.
Salim informa que Darri fica a sete quilômetros de sua casa, e que desde a última segunda-feira (23/09) “a situação se intensificou muitíssimo e o perímetro desses ataques tem se reduzido sistematicamente”.
A também doutora em comunicação falou sobre os avisos de evacuação emitidos pelas Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país. Segundo ela, são avisos em forma de “tentativa de legitimação”.
“Os avisos de evacuação são muitíssimo cruéis, porque são dados pelo exército israelense, da mesma forma que vem sendo feito em Gaza, minutos antes dos ataques. As pessoas não têm para onde sair, e mais do que isso, como se a população fosse saber onde têm armas e pessoas escondidas. É como se isso justificasse ataques indiscriminados à população civil”, avalia.
Ao mencionar a explosão de pagers e walkie-talkies com o objetivo de atingir membros do Hezbollah, Salim classificou a ação como “mais uma violação das leis internacionais ao transformar dispositivos civis em alvos militares”.
“Pessoas começaram a explodir na rua, no supermercado, dentro dos carros, nas suas casas. Vemos que não existe linha vermelha ou limite, e a intensificação da barbárie dia após dia. Tudo indica que o Netanyahu não tem nenhuma intenção em parar essa máquina de guerra e barbárie”.