Visando encerrar o conflito que Israel implementou no Líbano, sob justificativa de eliminar combatentes do Hezbollah, o primeiro-ministro do país, Najib Mikati, declarou nesta segunda-feira (30/09) que Beirute “está pronto para implementar” a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, um acordo que colocou fim às hostilidades entre Tel Aviv e o grupo de resistência islâmica em 2006.
“Nós, no Líbano, estamos prontos para implementar a resolução 1701 e, imediatamente após a implementação do cessar-fogo, o Líbano está pronto para enviar o exército libanês para a área ao sul do rio Litani e cumprir todas as suas obrigações”, declarou Mikati, segundo o jornal catari Al Jazeera.
A manobra sugerida pelo governante libanês refere-se a um documento gerado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 11 de agosto de 2006, que encerrou um mês de combates entre Israel e o Hezbollah naquele ano, conhecida como “a guerra do Líbano”.
Em contexto histórico de conflitos, a guerra iniciou-se com uma incursão do Hezbollah na fronteira com Israel e a captura de alguns soldados. O então primeiro-ministro israelense Ehud Olmert (2006-2009) declarou guerra contra o grupo libanês.
A resolução exigiu a retirada total das tropas das Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) do sul libanês, região onde também foi direcionada a maior parte dos bombardeios de Tel Aviv na última semana. Na época, foi permitido que apenas o exército de Beirute e as forças de paz da ONU se mantivessem na localidade.
Para a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), essa manobra foi uma “derrota humilhante” para Israel, liderada pelo Hezbollah sob comando do recém-falecido líder Nassan Nasrallah.
Assim, o documento da ONU é trazido como solução para o mais recente conflito não apenas como manobra que já foi colocada em prática uma vez, mas também porque os recentes ataques de Israel contra Beirute foram os mais mortais desde aquele ano.
Segundo a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW), após um mês de confrontos, o saldo da guerra foi de pelo menos 1.109 libaneses mortos e 4.339 feridos.
Em comparação, segundo o Ministério da Saúde libanês, em menos de duas semanas de bombardeios incessantes contra Beirute, Israel já matou mais de mil pessoas em sua mais recente ofensiva contra o Hezbollah.
A alternativa foi considerada pelo ex-ministro da Justiça israelense Yossi Beilin, à Al Jazeera. Segundo ele, “nem o Hezbollah, nem Israel querem uma batalha terrestre”.
“Sempre há um preço letal para ambos os lados, pessoas serão mortas e isso deve ser evitado”, declarou ao jornal, considerando então a “renegociação” da resolução 1701 da ONU.
“Acho que deveríamos reconstruir as relações entre Israel e o Líbano”, concluiu.