O guia supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, liderou, nesta sexta-feira (04/10), as orações do país para homenagear o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em um ataque israelense em Beirute, capital do Líbano, em 27 de setembro. Seu discurso também justificou como “legal e legítimo” o ataque de Teerã contra Israel da última terça (01/10).
“Hoje o inimigo do Irã é o inimigo da Palestina, do Líbano, do Iraque, do Egito, da Síria e do Iêmen. Todos os países têm direito de se defender segundo as regras islâmicas e internacionais, e ninguém pode criticar os palestinos e os libaneses por sua resistência contra o regime ocupante sionista”, disse o guia supremo ao conclamar os países muçulmanos a se unirem contra o “inimigo” em comum.
Khamenei classificou o ataque de mais de 100 mísseis contra o território israelense como “brilhante” e “punição mínima para crimes sem precedentes do cão raivoso dos Estados Unidos na região”.
“O Irã continuará cumprindo com seus deveres, sem pressa e sem demora. Atacaremos Israel novamente no futuro, se necessário”, ressaltou o aiatolá, na Mesquita Imã Khomeini.
A ação de Teerã contra Israel aconteceu em retaliação pelas mortes de Nasrallah e Ismail Haniyeh, líder político do Hamas e vítima de uma operação da inteligência israelense em Teerã, em 31 de julho. Contudo, a ofensiva que mirou bases militares e um centro de inteligência não deixou vítimas.
Durante o discurso, o guia supremo ainda elogiou a “luta do Hezbollah” e assegurou que Israel não pode “infligir danos sérios” ao grupo xiita ou ao Hamas. “O próprio regime [israelense] não vai durar muito”, salientou.
Khamenei também aproveitou a oportunidade para denunciar a intervenção de potências estrangeiras no Oriente Médio, classificando Israel e os seus aliados ocidentais de principais responsáveis pela guerra e pela insegurança na região.
“A insistência dos EUA e dos seus cúmplices em preservar a segurança dos sionistas é um disfarce para a política mortal que consiste em fazer do regime sionista o seu instrumento para obter o controlo de todos os recursos da região”, denunciou.
Segundo ele, o apoio do Ocidente a Israel visa garantir o controle dos recursos energéticos da região. “Este sonho sionista-americano nunca se materializará ”, afirmoi Khamenei, sublinhando que Israel depende cada vez mais do apoio dos EUA para sobreviver, mas o seu declínio é inevitável.
Homenagens a Nasrallah
A aparição pública de Khamenei também foi motivada pelas homenagens ao líder do Hezbollah Sayyed Hassan Nasrallah, que também contou com a presença do presidente iraniano Masoud Pezeshkian.
Milhares de pessoas mobilizaram-se na capital iraniana, Teerã, para assistir à cerimônia liderada por Khamenei, em homenagem ao antigo líder da resistência libanesa, falecido na última passada em um bombardeio israelense à cidade de Beirute.
A multidão entoava “morte a Israel” e “morte à América [referindo-se aos Estados Unidos]”, enquanto seguravam fotos de Nasrallah e carregavam bandeiras amarelas do Hezbollah para expressar seu apoio ao movimento libanês.
Khamenei não guiava as orações de sexta-feira desde janeiro de 2020, após o Irã ter atacado uma base do Exército dos EUA no Iraque, em resposta pelo assassinato do comandante da Força Quds, unidade especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, Qasem Soleimani.
(*) Com Ansa e TeleSUR