O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, adiou seu discurso na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorreria na quinta-feira (26/09), devido à escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah.
Segundo a rede televisiva norte-americana ABC, Netanyahu partiu de Israel na noite de quarta-feira (25/09). Com a mudança, a previsão é que sua intervenção aconteça na sexta-feira (27/09).
A alteração foi acompanhada de um pedido do governo de Israel para reforçar a segurança durante a presença de Netanyahu no evento, em função das mobilizações que estão acontecendo no East Side de Manhattan desde antes da chegada do premiê, em repúdio aos massacres promovidos por Israel na Faixa de Gaza, e agora no Líbano.
Os protestos foram convocados por diversas organizações sociais norte-americaanas e vêm tomando as ruas novaiorquinas desde terça-feira (24/09). Somente na primeira jornada, 32 pessoas foram presas pela polícia local, segundo informações do canal de televisão ABC.
No mesmo palco, no ano passado, Netanyahu celebrou o que chamo de “nova paz” no Oriente Médio. A declaração ocorreu dias antes do início da ofensiva contra Gaza, a qual está prestes a completar um ano e que já matou mais de 41 mil civis palestinos, segundo dados oficiais.
Além de enfrentar protestos em outros países, que evidenciam o isolamento internacional de Israel, Netanyahu também enfrenta manifestações dentro do seu próprio país, que questionam a incapacidade das ações militares israelenses de recuperar com vida os reféns mantidos pelo grupo palestino Hamas.
A resposta militar de Israel, que inicialmente teve o apoio de seus aliados, agora enfrenta críticas por parte dos Estados Unidos, que segundo o People’s Dispatch têm demonstrado impaciência e atrasado a entregas de armas.
O governo do Reino Unido, outro aliado histórico de Tel Aviv, também decidiu suspender as exportações de armamento, em medida anunciada há duas semanas.
Netanyahu ainda enfrenta a possibilidade de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional. “Ele chega quase a um ponto de ser persona non grata”, disse Alon Liel, ex-diretor geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel, em fala à Associated Press.
Além dos protestos no East Side de Manhattan, são esperadas manifestações no campus da Universidade de Columbia, onde estudantes se mantêm mobilizados contra a guerra em Gaza desde abril.
“O líder israelense realmente acredita que seus discursos na ONU têm efeitos transformadores na história. Isso não acontece”, disse Alon Pinkas, ex-cônsul geral de Israel em Nova York, também consultado pela AP. Ele acrescentou que a visita ocorre em um momento em que Israel é visto como “no precipício de um Estado pária condenado”.
O gabinete de Netanyahu não respondeu a pedidos de comentários da agência de notícias, enquanto o ministro da Cultura, Miki Zohar afirmou que a ONU continua sendo um “palco muito importante” para reforçar a posição de Israel e buscar apoio internacional.