O prêmio literário brasileiro Jabuti de 2021 anunciou na tarde desta terça-feira (16/11) a segunda lista da sua 63ª edição. Dentre os finalistas, Opera Mundi já entrevistou cinco concorrentes nos programas 20 Minutos Entrevista com Breno Altman e no SUB40, como o jornalista Bruno Paes Manso, a médica Júlia Rocha e o escritor José Falero.
Veja lista dos entrevistas:
Bruno Paes Manso
O cientista político e pesquisador Bruno Paes Manso, finalista na categoria Biografia, Documentário e Reportagem com o livro A república das milícias (Todavia), participou do programa 20 Minutos Entrevista nesta segunda-feira (15/11) debatendo sobre a violência policial, expondo a conexão da extrema direita com as forças milicianas.
A partir de sua obra, e durante a entrevista com o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, Manso identifica que existe uma “relação direta” da família Bolsonaro com as milícias no próprio gabinete de Flávio Bolsonaro.
O pesquisador explicou que as milícias conquistaram um poder que se criou uma elite formada a partir do “discurso do medo”, que foi ganhando espaço político e assumindo cargos públicos. De modo que, hoje, a “fronteira entre milícia e Estado está obscura, é difícil saber quem aposta no modelo miliciano de gestão ou no modelo democrático de direito”.
Camilo Vannuchi
Além de Manso, o escritor Camilo Vannuchi também concorre na categoria Biografia, Documentário e Reportagem com a obra Vala de Perus, uma biografia (Alameda Casa Editorial).
O também jornalista participou do SUB40 em maio deste ano, abordando o uso das biografias como instrumentos de luta na atual conjuntura do país. A trajetória profissional de Vannuchi o levou a utilizar as biografias como resistência. Sua primeira experiência no campo foi escrevendo as memórias de José Alberto Camargo, quando ainda era jornalista da revista IstoÉ.
No entanto, ele migrou definitivamente para “a biografia política” após sua experiência como membro da Comissão de Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo, em 2016. Vannuchi foi responsável por redigir o relatório de cerca de 500 páginas a partir do levantamento feito pelos membros sobre os crimes cometidos pela Prefeitura de São Paulo durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).
Alguns de seus biógrafos preferidos e fontes de inspiração são Fernando Moraes, Rui Castro e Mário Magalhães.
Júlia Rocha
Com a obra Pacientes que curam (Civilização Brasileira), a médica Júlia Rocha é uma das finalistas na categoria Ciências. Entrevistada no SUB40, em outubro, a também cantora relata seu cotidiano no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, contando as vivências em plantões ou em visitas domiciliares a pacientes.
No SUB40, Rocha destacou a importância do SUS, afirmando que o sistema “nos protegeu da barbárie”. “Se nós tivéssemos tido uma liderança, principalmente no governo federal, com a mínima intenção de priorizar a vida dos brasileiros, poderíamos ter feito um percurso completamente diferente. Dentro do cenário apocalíptico que se deu, o SUS nos salvou, evitou uma tragédia ainda maior”, disse.
A médica defendeu reformas no sistema, principalmente do ponto de vista das carreiras e da preservação dos empregos dos funcionários da saúde. Assim como, ressaltou a importância de se construir um sistema de saúde público que priorize o bem-estar das pessoas.
Ladislau Dowbor
Já na categoria Ciência Sociais, um dos entrevistados finalista é o economista especialista em gestão pública e sistema financeiro Ladislau Dowbor, com o livro O capitalismo se desloca (Edições Sesc SP).
Na obra, Dowbor analisa algumas mudanças do capitalismo que apontam para uma transição de um outro modo de produção.
Pixnio
Prêmio Jabuti anunciou na tarde desta terça-feira (16/11) a segunda lista da sua 63ª edição
Na entrevista ao 20 Minutos com Breno Altman, em junho, o economista falou sobre as reformas necessárias para enfrentar o processo de financeirização do Brasil.
Para ele, os bancos privados são nocivos para o país e representam obstáculos para a gestão pública, pois, segundo Dowbor, o dinheiro repassado para as instituições bancárias não chega à população. “O mundo está em transformação, temos que ver o que funciona, como funciona, em que lugar, para além das ideologias. A prioridade é pensar como se geram e se administram os recursos de maneira mais racional”, disse.
José Falero
O escritor gaúcho José Falero concorre entre os cinco finalistas na categoria Romance Literário, com o livro Os supridores (Todavia), e participou do SUB40 com Breno Altman em outubro deste ano, quando contou sobre sua trajetória na literatura.
Falero falou sobre sua relação com a literatura até se tornar escritor. Confessou que, quando jovem, não gostava de ler até que, graças à irmã, pegou gosto pela prática.
Na entrevista, disse que sua obra que concorre ao Jabuti não tem o propósito de explicar o marxismo. “Eu não domino a linguagem de Karl Marx para querer traduzir à linguagem coloquial seus conceitos. Só que aquilo que o Marx viu na sociedade, outras pessoas conseguem ver também, ele só sistematizou”, disse.
Para ele, sua história trata da vida na periferia de forma geral — apesar de se passar em Porto Alegre —, da percepção de um sistema de exploração de injustiças e da revolta contra a opressão de classes.
Piero C. Leirner
O professor de antropologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Piero Leirner também esteve entre as listas do Prêmio Jabuti com o livro O Brasil no espectro de uma guerra híbrida (Alameda Casa Editorial). O autor figurou na primeira lista de finalistas, de 10 nomes, da categoria Ciência Sociais,.
Leirner foi entrevistado pelo site parceiro de Opera Mundi Diálogos do Sul, onde contou sobre a obra que defende que há no Brasil uma “guerra que visa sobretudo a captura e neutralização de mentes”.
43º Prêmio Vladimir Herzog
Opera Mundi também entrevistou a vencedora da categoria Livro-reportagem no 43º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Eliane Brum, com a obra Brasil, construtor de ruínas – Um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro (Arquipélago Editorial).
Ao 20 Minutos Entrevista com Breno Altman, na última sexta-feira (12/11), a jornalista e escritora contou sobre a sua dedicação à cobertura da Amazônia, que, para ela, é o atual centro do mundo devido à crise climática. “Se a gente não perceber isso logo e atuar de acordo, as próximas gerações terão uma vida muito mais difícil em um planeta muito mais hostil”.
Brum denunciou os projetos do atual governo de transformar a Amazônia em pasto e em legalizar os crimes na região com projetos como o Marco Temporal e a Lei da Grilagem.