O estilo de vida levado por 3,5 norte-americanos pode produzir emissões de gás carbônico capaz de matar uma pessoa, pelo aquecimento que é produzido com o CO2. Foi o que apontou um estudo publicado nesta quinta-feira (29/07) pela revista científica Nature.
A análise é baseada no conceito de “custo social do carbono”, valor que calcula os danos causados por cada tonelada de emissão de dióxido de carbono na atmosfera. Esse cálculo indica que é possível chegar a um número estimado de mortes pelas emissões de gases e, consequentemente, pela crise climática.
O estudo conclui que para cada 4.343 toneladas métricas de CO2 bombeadas na atmosfera acima da taxa de emissão registrada em 2020, uma pessoa no mundo vai morrer de forma prematura devido ao aumento da temperatura, o que seria equivalente a emissões de 3,5 norte-americanos durante todo o período de vida dessas pessoas.
Para efeitos de comparação, o estudo indica que o gás carbônico produzido por uma única usina de carvão, por exemplo, pode ser responsável pela morte de 900 pessoas.
Ainda assim, o número de mortes previsto pela liberação excessiva de CO2 não é algo definitivo e pode estar subestimado, de acordo com o pesquisador Daniel Bressler, responsável pelo estudo. Em entrevista ao The Guardian, ele lembra que outras variáveis podem levar pessoas ao óbito, como inundações, tempestades, e outros impactos que influenciam a crise climática.
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Uma única usina de carvão pode ser responsável pela morte de 900 pessoas
Por outro lado, a eliminação até 2050 das emissões de gases que causam aquecimento no planeta salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século. “Há um número significativo de vidas que podem ser salvas se você seguir políticas climáticas mais agressivas do que as que são promovidas sob o atual modelo de negócios”, disse Bressler.
Há ainda uma outra variável, que leva em conta as desigualdades entre os países, inclusive no que diz respeito às emissões geradas no dia-a-dia da população. Enquanto nos EUA são necessários 3,5 norte-americanos para emitir gases que levam uma pessoa a óbito, são necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para ter o mesmo resultado, segundo o estudo.
Em 2020, a partir do modelo Dinâmico Integrado de Clima e Economia (DICE) proposto pelo economista William Nordhaus, calcula-se que o custo social do carbono foi de US$ 37 por tonelada. Com os estudos de Bressler, adiciona-se ao custo social do carbono o custo da mortalidade, o que elevaria o cálculo para U$S 258 a tonelada.
Bressler disse ao Guardian que, embora seu artigo analise as emissões causadas por atividades individuais, o foco das políticas públicas deveriam ser empresas e governos responsáveis pela poluição de carbono em larga escala.