Sábado, 19 de abril de 2025
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Os rebeldes houthis do Iêmen reivindicaram dois ataques ao porta-aviões norte-americano USS Harry Trumann e outros navios de guerra que o acompanhavam no Mar Vermelho. O último ataque foi na manhã desta segunda-feira (17/03) e o primeiro no domingo (16/03).

Nesta segunda-feira, os houthis informaram pelo Telegram que houve um confronto de horas usando “inúmeros mísseis balísticos e de cruzeiro”, além de drones. Washington não confirmou as informações.

Os ataques foram retaliação a bombardeios norte-americanos a redutos houthis no Iêmen, realizados no sábado (15/03) e no domingo. Só o primeiro ataque dos Estados Unidos resultou em 53 vítimas, incluindo cinco crianças, e 98 feridos, segundo informou o Ministério da Saúde local.

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Já o segundo ataque teve como alvo o porto de Hodeidah, no Mar Vermelho. Segundo os Estados Unidos, eles lograram matar “vários importantes líderes houthis”.

“Em resposta a esta agressão, as Forças Armadas realizaram uma operação militar (…) contra o porta-aviões norte-americano USS Harry-Truman e os navios de guerra que o acompanhavam no norte do Mar Vermelho”, informaram os houthis no domingo. Segundo o grupo rebelde iemenita, nessa primeira retaliação, eles lançaram 18 mísseis e um drone.

O porta-voz dos houthis disse que “qualquer navio de carga norte-americano no Mar Vermelho ou no Mar Arábico” será alvo de ataques em resposta a agressão dos Estados Unidos contra o Iêmen. Ele reiterou também que essa política será mantida até que Israel volte a permitir a entrada de suprimentos essenciais em Gaza.

Ataques até ajuda humanitária voltar a Gaza

“Essa agressão norte-americana só tornará o Iêmen e seu povo firme, fiel e esforçado mais firme, seguro e resiliente”, disse o porta-voz dos houthis, Yahya Sare’e, em discurso televisionado. Ele conclamou aos iemenitas para se reunirem “aos milhões”, nesta segunda-feira, contra os ataques norte-americanos, que incluíram a capital Sanaa.

O governo dos Estados Unidos informou que eles atacaram os redutos rebeldes porque eles estavam ameaçando o comércio marítimo contra Israel. Desde outubro de 2023, quando a guerra em Gaza se tornou aberta, os houthis realizaram diversos ataques com mísseis contra Israel e contra navios que passavam pelo Mar Vermelho levando produtos para aquele país.

Wikimedia Commons
Navio de guerra norte-americano busca neutralizar mísseis houthis no Mar Vermelho em outubro de 2023

Com o acordo de cessar-fogo em Gaza, os houthis interromperam os ataques aos navios mercantes que se dirigiam a Israel. Mas, no dia 11 de março, anunciaram a intenção de retomá-los em função da volta do bloqueio israelenses à entrada de ajuda humanitária no enclave. Naquele momento, o bloqueio já durava nove dias.

O comando militar dos Estados Unidos para o Oriente Médio disse no domingo à noite que continuarão “suas operações contra os terroristas houthis apoiados pelo Irã”. Segundo a mídia desse grupo rebelde, o Exército norte-americano realizou novos ataques na noite de domingo.

Os alvos foram uma fábrica de descaroçamento de algodão em Hodeidah, no oeste do país, e a cabine do Galaxy-Leader, um navio capturado pelos rebeldes há mais de um ano.

ONU alerta para risco de escalada

A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que os Estados Unidos e os houthis parem com os ataques, alertando para os riscos de que ciclos de retaliação possam “desestabilizar ainda mais o Iêmen e a região”, além de piorar a situação humanitária no país.

No mesmo sentido foram as declarações feitas pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em conversa telefônica com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. O norte-americano limitou-se a dizer que “os ataques contínuos dos houthis contra embarcações militares e comerciais dos Estados Unidos no Mar Vermelho não serão tolerados”.

Em mais um indício da escalada da tensão na região, o presidente norte-americano Donald Trump ameaçou o Irã, no sábado. “Não ameacem o povo norte-americano, (…) ou as rotas marítimas do mundo. Se fizer isso, cuidado porque os Estados Unidos o responsabilizarão totalmente!”.

O Irã, por seu lado, condenou os ataques e disse que os EUA “não tem autoridade nem direito de ditar a política externa do Irã”.

Com 38 milhões de habitantes, o Iêmen vive há 10 anos uma guerra civil que já matou milhares de pessoas. Os houthis atualmente controlam cerca de 30% do território do país, incluindo a capital, Sanaa. Essas áreas lhes conferem significativa influência política e militar na região, possibilitando operações dentro e fora do país.

Os houthis fazem parte, junto com o Hamas, o Hezbollah e o Irã, do eixo de resistência contra Israel. Seus ataques aos navios que levam mercadorias à Israel são, como eles declaram, um ato de “solidariedade aos palestinos”.