Lula critica negacionismo climático e cobra responsabilidade de países ricos
Apelos foram feitos ao lado do secretário- geral da ONU, António Guterres, durante Cúpula Virtual sobre Ambição Climática, sete meses antes da COP30 em Belém
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou nesta quarta-feira (23/04) os negacionistas da crise climática e fez um apelo para que os países ricos assumam compromissos de financiamento de projetos contra o desmatamento. Os apelos do mandatário brasileiro foram feitos durante a Cúpula Virtual sobre Ambição Climática, copresidida com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“O aquecimento global está ocorrendo em ritmo mais acelerado do que o previsto. Negar a crise climática não vai fazê-la desaparecer”, afirmou o presidente.
Faltando sete meses para a COP30, em Belém, participaram da reunião cerca de 20 chefes de Estado e governo, para promover uma mobilização política global diante da emergência climática e a construção de um novo modelo de desenvolvimento baseado em prosperidade econômica, sustentabilidade ambiental e inclusão social.
Estavam presentes na reunião: XI Jinping (presidente da China); António Costa (presidente do Conselho da União Europeia); Ursula von der Leyen (presidente da Comissão Europeia); Pedro Sanchez (primeiro-ministro da Espanha); Emmanuel Macron (presidente da França); João Manuel Gonçalves Lourenço (presidente da União Africana); Anwar Ibrahim (presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiátic); Bola Ahmed Tinubu (presidente da Nigéria); Recep Tayyip Erdoğan (presidente da Turquia); Gabriel Boric (presidente do Chile); Pham Minh Chinh (primeiro-ministro do Vietnã); Hilda Heine (presidente das Ilhas Marshall); Samia Suluhu Hassan (presidente da Tanzânia); Mia Amor Mottley (presidente da Comunidade do Caribe); William Samoei Ruto (presidente do Quênia); Surangel S. Whipps Jr., presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares); e Han Duck-soo (primeiro-ministro da Coreia do Sul).
Lula será o anfitrião da COP30, em novembro, em Belém, no Pará, com a presença esperada de governantes, diplomatas e representantes da sociedade civil global.
“Apesar das investidas contra o Acordo de Paris, foi graças a ele que revertemos as projeções mais pessimistas de elevação da temperatura, que previam aumento de 4ºC até o fim do século”, destacou o líder brasileiro, que pediu um “mutirão em prol de compromissos climáticos”.

Ricardo Stuckert / PR
Apenas 10% dos países apresentaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs, que são os esforços individuais no combate às mudanças do clima. O prazo de entrega era fevereiro, mas foi estendido até setembro, em preparação para a COP30. Nos documentos estão as metas determinadas por cada país para reduzir a emissão de combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás natural – e limitar o aquecimento da terra a 1,5ºC, conforme determinado no Acordo de Paris.
O Brasil apresentou sua NDC na COP de Baku, no Azerbaijão, em 2024, prevendo redução de 67% de emissões até 2035, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. “Internamente, estamos formulando um Plano Clima que contemplará estratégias de mitigação, adaptação e justiça climática”, explicou Lula.
“Os países ricos, que foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono, têm a responsabilidade de ampliar o financiamento até o objetivo de US$ 1,3 trilhão”, exigiu o presidente.
O presidente lembrou ainda que “não se pode falar em transição justa sem incorporar a perspectiva de setores historicamente marginalizados, como mulheres, negros e indígenas, e sem considerar as circunstâncias do Sul Global”.
Lembrando o falecimento do papa Francisco, na última segunda-feira (21/04), Lula disse ter “certeza de que seus ensinamentos sobre a necessidade de uma ‘ecologia integral’, que enxergue a natureza e o ser humano como uma totalidade, vão servir de inspiração”.
Em declaração à imprensa após o encontro, o secretário-geral da ONU afirmou que os diversos líderes se comprometeram em finalizar NDCs no prazo, incluindo a China, que é o maior emissor mundial de carbono e gases de efeito estufa. Segundo Guterres, durante a reunião, Xi Jinping informou que as metas do país abordarão reduções em todos os setores da economia e todos os gases do efeito estufa.
(*) Com Agência Brasil e Ansa
