Assinado por Louis de Condé e pelo condestável de Montmorency, em 19 de março de 1563, o edito de Amboise, conhecido como a “Paz de Amboise”, marcou o fim da primeira guerra de religião que opunha há um ano católicos e protestantes. O edito concedeu aos huguenotes (luteranos) uma anistia completa e a liberdade de culto dentro de certos limites territoriais. De resto, dividiu a nobreza das massas protestantes, autorizando apenas aos senhores celebrar o culto. Longe de satisfazer os dois campos contendores, o edito só serviu para estabelecer uma paz temporária. O conflito reiniciariou em 1567.
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Louis de Condé
A partir da década de 1520, logo após Lutero ter apresentado suas teses na capela de Wittenberg, começou a perseguição contra aqueles que partilhavam de suas idéias, condenadas na França desde 1521.
A situação se agravou durante os anos 1540-1550 com a política repressiva de Henrique II, que criou uma câmara especial encarregada de combater os protestantes, mais tarde apelidada de ‘câmara ardente’ por enviar à fogueira os condenados. Com a morte brutal de Henrique II, ascende ao trono Francisco II, por pouco tempo, e depois Carlos IX em 1560.
Francisco II nada pôde fazer contra as primeiras manifestações das futuras guerras de religião. A repressão que se seguiu, malgrado uma relativa calma no final de seu reinado e no começo daquele de seu irmão, anuncia as guerras. O poder real mostra-se débil face à influência da regente Catarina de Medicis, mãe dos jovens reis e ao crescimento de setores distintos da nobreza fossem católicos ou protestantes.
O edito de 17 de janeiro de 1562 se destinou a apaziguar as tensões e oferecer um sinal de abertura aos protestantes, mas teve o efeito de enfurecer os católicos. Desse modo, em março, os soldados de François de Guise massacram os protestantes na Cida de Wassy na Champagne, sob o pretexto de que haviam praticado seu culto em lugar proibido.
As forças protestantes, apesar de alguns êxitos dos católicos ao norte, avançam rapidamente e só são detidas em dezembro na Batalha de Dreux, graças ao Duque de Guise, assassinado pouco depois em Orleans.
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Em março de 1563, Catarina de Medicis decreta a Paz de Amboise, retomando as grandes linhas do edito de janeiro de 1562. Junto com Carlos IX, que havia atingido a maioridade, empreendeu um giro pela França de janeiro a maio de 1566, a fim de apaziguar os conflitos. São decretados, então, o Edito de Cremieux (1564) e a Ordenança Moulins (1566), esta última proclamando oficialmente a reconciliação.
É em parte o contexto internacional que relança o conflito na França, quando Felipe II da Espanha decide esmagar a revolta calvinista nos Países Baixos. Os huguenotes suspeitaram que o rei francês tentava se aproximar do soberano espanhol. Em setembro de 1567, os homens de Louis de Conde tentam sequestrar o rei perto de Meaux – a Surpresa de Meaux – mas fracassaram. É o começo da 2ª Guerra de Religiã,o que termina em março de 1568 com a Paz de Longjumeau. Contudo, Carlos IX publica em maio de 1568 a Ordenança de Saint-Maur que, em resumo, responsabiliza os protestantes pelo fracasso das negociações e a guerra é reiniciada.
A reaproximação de Carlos IX com os huguenotes se confirma com o casamento de Henrique de Navarra, huguenote, com a irmã do rei, Margarida, em 18 de agosto de 1572. Os católicos se enfurecem novamente.
Quatro dias depois, ocorre um atentado contra o almirante Coligny, também huguenote, que havia retornado à corte. É numa Paris em fúria, tanto pelo medo quanto pelo ódio dos huguenotes que eclode a Noite de São Bartolomeu em 24 de agosto. Só em Paris são 3 mil vítimas de todos os sexos, idades e condição social. Os massacres têm um caráter “purificador”, estripam-se os huguenotes para extirpar o demônio de seus corpos. A violência se estende a todo o país e só termina em outubro, provocando mais de 10 mil mortes.
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