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Política e Economia

Hoje na História: 1981 - François Mitterrand é eleito presidente da França

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Após mais de duas décadas, socialista traz de volta a esquerda para o governo francês

Max Altman

2012-05-10T11:00:00.000Z

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No dia 10 de maio de 1981, François Mitterand é eleito à presidência da França pelo Front Comun, uma coalizão de socialistas e comunistas encerrando 23 anos da esquerda fora do poder.

WikiCommons

Após dois anos de difícil aprendizagem, os socialistas iriam se afastar de seus princípios e o Partido Comunista, incapaz de se adaptar à evolução das técnicas e dos costumes, se tornaria marginal.

Tinha menos de 30 anos na época da Libertação, quando ingressou nos gabinetes ministeriais. Fervoroso defensor da direita naqueles tempos, migraria apenas em 1971 para a esquerda, onde se destacou como o renovador de uma legenda morta. Tentou se eleger presidente duas vezes. Em 1965 diante do general De Gaulle e, em 1974, face a Valery Giscard d'Estaing.

Na campanha eleitoral de 1980, estava atrás nas pesquisas, todavia, tirando partido da impopularidade do presidente Giscard d'Estaing, consegue se eleger diante de Jacques Chirac, chefe do partido neogaullista.

Em "estado de graça" segundo suas próprias palavras, Mitterrand começava um "reinado" de 14 anos, comparável por sua duração aos governos de Henri IV, Luis-Filipe e Napoleão.

O primeiro gabinete ministerial, encabeçado por Pierre Mauroy, rompe violentamente com a política rígida de Raymond Barre, primeiro ministro entre 1976 a 1981. Surge um efêmero ministério do Tempo Livre e um ministério da Solidariedade Nacional. Quatro comunistas compõem o governo, para grande escândalo da oposição. Era a primeira vez, desde 1947, que o partido participava de um governo.

Reformas como a supressão da Corte de Segurança do Estado, tabelamento de preços durante seis meses, abolição da pena de morte e criação do imposto sobre grandes fortunas foram concluídas resolutamente.

Em 26 de novembro de 1981, Jacques Delors, ministro das Finanças, alarmado com o declínio da economia, pede uma pausa nas reformas. Mas elas prosseguem de acordo com as 110 promessas eleitorais. Segue a aprovação das 39 horas semanais de trabalho, de uma quinta semana de férias pagas, de estatizações de empresas, de descentralização regional e da redução de 65 para 60 anos a idade legal a aposentadoria.

Nas relações internacionais, após um discurso terceiro-mundista pronunciado no México, Mitterrand se engaja decididamente ao lado de Washington no conflito que o opõe à Moscou. Diante do Bundestag alemão, em 20 de janeiro de 1983, defende uma posição de firmeza frente aos soviéticos que instalaram mísseis SS20 dirigidos contra a Europa Ocidental em represália aos mísseis da OTAN, mirados contra a URSS. No Oriente Médio, toma partido em favor de Saddam Hussein na guerra que opõe o Iraque ao Irã.

Debilitado por um aumento de 25% nas despesas públicas, a economia mostra sinais de fraqueza. Em 11 de junho de 1982, é aprovado um plano de contenção. O “estado de graça” já pertencia ao passado. Os socialistas são derrotados nas eleições municipais de março de 1983.

No dia 22 de março de 1983, o presidente faz uma segunda escolha e impõe ao seu primeiro-ministro uma mudança radical "após dois anos de um programa marxo-keynesiano".

No ano seguinte, em 17 de julho de 1984, o governo do premiê Pierre Mauroy renuncia, vítima de grandes manifestações nas ruas. Assume Laurent Fabius, de apenas 38 anos. É o fim das ilusões socialistas. O novo primeiro-ministro assina, em fevereiro de 1986, a Ata Única europeia, que previa a liberalização dos movimentos de capital.

O avanço do desemprego, a especulação financeira, os atentados terroristas, os escândalos de corrupção levam a uma clara mudança da opinião pública. Às vésperas das eleições legislativas de 1986, a derrota da esquerda parecia eminente. Os cartazes dos socialistas advertiam: "Socorro, a direita está voltando". Como previsto, o resultado é uma vitória da direita.

Chirac torna-se primeiro-ministro de Mitterrand. É a primeira co-habitação da 5ª República entre um presidente e um primeiro-ministro de partidos opostos. Chirac e Mitterrand violam, logo no início, o espírito da Constituição de 1958, que previa um executivo forte, totalmente devotado ao presidente da República.

WikiCommons

No entanto, o presidente se fortalece sobre o premiê da direita. As indecências de Chirac levam, dois anos depois, em 1988, à reeleição triunfal de Mitterrand. Sob pressão da opinião pública, nomeia seu inimigo íntimo, Michel Rocard, à frente do governo e promete uma abertura ao centro.

Contrariando expectativas, o segundo turno das eleições legislativa de junho de 1988 dá ao presidente somente uma maioria relativa. Rocard pacifica a Nova Caledônia e cria um imposto para atender os "novos pobres".

Em decorrência da Queda do Muro de Berlim, Mitterrand aceita a unificação das duas Alemanhas desde que os alemães reconhecessem as fronteiras de 1945 e abdicassem do marco alemão em favor de uma moeda europeia comum.

Em 1993, a esquerda sofre uma derrota esmagadora nas legislativas. A direita retorna ao poder com Édouard Balladur. Beneficiando-se de uma popularidade inesperada, acelera as privatizações e intervém contra os sérvios de Milosevic.

O segundo mandato foi marcado pela reorientação do projeto europeu a partir da ideia do mercado comum de bens e de capitais e da moeda única. Foi afetado também por alterações geopolíticas como a queda do Muro de Berlim, as guerras na Iugoslávia e o desmoronamento da África pós-colonial.

A presidência de Mitterrand termina num clima pessimista, pontilhado de desilusões, entre uma esquerda que perdera suas referências ideológicas e uma direita minada pelas disputas internas.

Eleito em maio de 1981, aos 64 anos, Mitterrand retorna ao México em 1982, queixando-se de fortes dores lombares. Os médicos diagnosticam um câncer de próstata já com metástase. A esperança de vida era de um ano.

O presidente jura ir até o fim de seu mandato. Guarda segredo sobre seu mal, disfarça os certificados médicos semestrais a que está obrigado a publicar e agradece ao doutor Claude Gubler, que cuidara com eficácia e discrição de sua filha Mazarine Pingeot e que o acompanharia até o fim.

Os mais próximos do presidente e o público só seriam informados da enfermidade no final de 1992, após o referendo sobre o Tratado de Maastricht. Nos últimos meses de seu mandato, em estado grave, tinha apenas algumas horas diárias de lucidez.

Também nesse dia:

1940 - Winston Churchill se torna primeiro-ministro do Reino Unido

1774 - Luis XVI assume o trono da França

1871 - França cede a Alsácia parte da Lorena à Alemanha

1968 - Eclode a "Noite das Barricadas" da revolta estudantil de Maio de 1968 

 

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Política e Economia

A 24h do fim da COP28, secretário-geral da ONU pede que países ricos aceitem sair antes dos fósseis

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Impasse permanece porque grupo de países petroleiros, como a Arábia Saudita, e a Índia, não aceitam qualquer sinalização do acordo final neste sentido

Lúcia Müzell

RFI RFI

Dubai (Emirados Árabes Unidos)
2023-12-11T13:10:00.000Z

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A 28ª Conferência do Clima de Dubai (COP28) entra no último dia de intensas negociações entre os representantes dos 195 países, em torno de um acordo global para enfrentar as mudanças climáticas. Em meio ao impasse que impera na reta final do evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, propôs um Pacto de Solidariedade Climática, em linha com o que o Brasil vem defendendo no evento.

A 24 horas do fim da COP28, os países ainda ainda estão longe de um acordo, principalmente pelo bloqueio sobre o futuro dos combustíveis fósseis. O impasse permanece completo porque um grupo de países petroleiros, como a Arábia Saudita, e a Índia, muito dependente do carvão, não aceitam qualquer sinalização no texto neste sentido. O problema é que essas fontes são responsáveis por mais de 70% dos gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global.

"É essencial que o Balanço Global (GST, na sigla em inglês) reconheça a necessidade de sairmos de todos os combustíveis fósseis em um período consistente com o limite de 1,5C e com a aceleração de uma transição justa, igual e ordenada  para todos”, apontou Guterres na manhã desta segunda-feira (11/12). 

"Uma transição que aplique os princípios de responsabilidades comuns porém diferenciadas e respeite as capacidades de cada um, não para reduzir a ambição, mas para combiná-la com equidade. Essa é a razão pela qual eu proponho um Pacto de Solidariedade Climática, no qual cada grande emissor faz esforços extras para cortar emissões e apoiam as economias emergentes para fazerem o mesmo”, disse o líder da ONU.

Em sintonia com proposta brasileira

Esta tem sido, em linhas gerais, a proposta defendida pela delegação brasileira nas negociações da COP, de modo que os países ricos, maiores emissores históricos de CO2, sejam incitados a promover a transição para uma economia de baixo carbono antes dos países menos desenvolvidos. 

"Não significa que todos os países precisarão acabar com os fósseis ao mesmo tempo”, complementou Guterres. "Os prazos e metas serão diferentes para os países com diferentes níveis de desenvolvimento, mas todos eles precisam ser consistentes para chegar às emissões zero em 2050 e preservar o objetivo de 1,5°C.”

Como parte desses objetivos mais ambiciosos, as Nações Unidas incluem ainda um plano claro para a triplicação das energias renováveis e a duplicação da eficiência energética até 2030. O secretário-geral do organismo da ONU para o tema (UNFCCC), Simon Steill, avalia que que ainda é possível a COP28 entregar conclusões ambiciosas, que "deixe para trás a nossa dependência dos combustíveis fósseis” e que encaminhe o financiamento necessário para essa transição. A última noite de negociações já avançou na madrugada.

"O mundo está observando, assim como 4 mil representantes da imprensa global e milhares de observadores aqui em Dubai. Não há onde se esconder”, ressaltou, também nesta manhã.

"Cada passo atrás em relação à mais alta ambição custará incontáveis milhões de vidas, não no próximo ciclo político ou econômico, com as quais os futuros líderes terão de lidar, mas agora mesmo, em todos os países. Uma coisa é certa: ‘Eu ganho – você perde’ é uma receita para o fracasso coletivo. É a segurança de 8 mil milhões de pessoas que está em jogo”, destacou. 

UNIS Vienna/Flickr
Nações Unidas incluem ainda plano para triplicação das energias renováveis e a duplicação da eficiência energética até 2030

Rascunho atrasado

Um novo rascunho do documento final deverá ser apresentado pela presidência da conferência a qualquer momento, nesta segunda-feira. O texto era esperado para às 8h, mas ainda não foi divulgado – em mais um sinal do quanto as negociações estão difíceis. 

Nesta última etapa, as delegações norte-americana e chinesa têm acelerado os diálogo com vistas a uma linguagem aceitável para os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta. Os Estados Unidos são os líderes mundiais na exportação de gás natural liquefeito (um fóssil) e a China é um dos países mais dependentes de carvão, embora esteja acelerando a transição energética. 

“Os Estados Unidos estão muito quietos e isso é preocupante”, disse um integrante da delegação brasileira, sob condição de anonimato. “Os chineses estão mais vocais, estão falando que uns devem sair dos fósseis na frente, outros depois, mas 'todos' devem sair. Estão construtivos”, indicou. 

Outra fonte apontou que a ideia de nomear especificidades para um ou outro combustível fóssil já está praticamente afastada. “Se for escolher qual fóssil, não vão aceitar de jeito nenhum”, resumiu essa fonte. “Mas não tem bonzinho aqui. A Europa colocou colchetes em quase tudo relativo aos meios de implementação em adaptação”, acrescentou, referindo-se ao modo como os países podem afastar bloquear trechos do texto em análise, por meio de diversas opções apresentadas entre colchetes. 

Neste caso, dificultar os meios de implementação significa impor obstáculos ao financiamento para os países mais pobres – outro aspecto sensível dentro da COP.

Rumo a Belém em 2025

País-sede da COP30, em Belém, o Brasil tem a prioridade de acelerar ao máximo as negociações nesta COP28, já que em dois anos os países deverão apresentar novos compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa – um momento crucial depois da assinatura do Acordo de Paris sobre o Clima, em 2015. 

A pauta prioritária do Brasil agora é manter a meta mais ambiciosa do tratado: que a alta das temperaturas do planeta não ultrapasse 1,5°C até o fim deste século, tendo como base a era pré-industrial. Na trajetória atual de concentração de gases de efeito estufa, a Terra se encaminha para aquecer até quase o dobro deste limite (2,9°C).

Nesse sentido, a diplomacia chegou a propor a criação, pelos cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), de um mecanismo para aferir o quanto cada país contribuiu para o aumento da temperatura global desde 1850. O objetivo é que esses dados impulsionem os objetivos na nova rodada de metas, em 2025.

Meio Ambiente

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