Manabi Banerjee foi apontada como a primeira mulher transgênero na Índia a se tornar reitora, cargo máximo dentro de uma instituição de ensino superior, reportou a Associated Press nesta quarta-feira (27/05).
Twitter/ India Today
Manabi: Desde abril de 2014, Suprema Corte da Índia reconhece status do terceiro gênero na nação
Banerjee estará à frente da Krishnagar Women's College, faculdade voltada para mulheres no estado de Bengala Ocidental, situado no nordeste da país, e deve tomar posse no dia 9 de junho. Fundada em 1958, a instituição oferece diversos cursos, desde física e economia até filosofia e ciência política.
“Ela vem dando aulas em faculdades há mais de 20 anos e tem a experiência administrativa necessária para a vaga. Ela foi escolhida por meio do processo regular de seleção”, explicou Dipak K. Kar, diretor de um grupo de educação que seleciona reitores no estado, à agência norte-americana.
Para ativistas, a conquista de Banerjee é motivo de orgulho. Apesar de a Suprema Corte indiana reconhecer desde 2014 a existência de um terceiro gênero, a comunidade trans enfrenta muito preconceito no país.
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“Este é um momento de orgulho para nós. É incrível que as pessoas esteham começando a aceitar transgêneros”, afirmou Rudrani Chettri, diretora do Mitr Trust, organização indiana que luta por direitos LGBT.
Questão do terceiro gênero
Em meados de abril de 2014, a Suprema Corte da Índia reconheceu o status legal do terceiro gênero no país ao aprovar uma medida que ordena o reconhecimento das pessoas transgênero por parte do governo. Até então, pessoas trans tinham de optar pela classificação “homem” ou “mulher” nos documentos oficiais.
Desde então, elas passam a integrar o sistema de “discriminação positiva” que, desde 1950, reserva postos de trabalho público e em universidades aos membros das castas baixas. A integração vem após a Corte pedir ao Executivo para considerá-las como um grupo “social e economicamente subdesenvolvido”.
De acordo com o órgão judicial, as pessoas trans devem ter acesso à educação e a todos os outros direitos, inclusive a oportunidades iguais “para que cresçam e alcancem seu potencial, sem importar sua casta, religião ou gênero”. Por conta da discriminação, pessoas trans e eunucos muitas vezes não encontram oportunidades fora da prostituição, por serem rejeitadas por suas famílias e pela sociedade.