O presidente cubano, Raúl Castro, declarou nesta segunda-feira (28/09) que o uso do espaço virtual para fins militares e das tecnologias da informação para atacar outros países é “inaceitável”. Raúl foi um dos oradores do primeiro dia de debates de chefes de Estado e governo na sede das Nações Unidas, em Nova York, durante a 70ª Assembleia-Geral da ONU.
EFE
Para o governo cubano, o embargo econômico e a devolução da base de Guantánamo são pautas da maior importância para o seu país
Raúl lembrou que 70 anos após a fundação das Nações Unidas, quando “nos comprometemos a preservar as gerações futuras do flagelo da guerra”, “são constantes as guerras de agressão, a intervenção nos assuntos internos dos Estados, a derrubada pela força de governos soberanos, os chamados 'golpes suaves' e a recolonização de territórios, que têm sido aperfeiçoados com formas de atuar não convencionais, com o uso de novas tecnologias e manipulando supostas violações dos direitos humanos”.
Leia a íntegra do discurso (em espanhol): Texto íntegro de las palabras del General de Ejército Raúl Castro Ruz en Naciones Unidas
Neste sentido, disse ser “inaceitável a militarização do ciberespaço e o uso disfarçado e ilegal das tecnologias da informação e das comunicações para agredir outros Estados, bem como distorcer a proteção dos direitos humanos, utilizando-os de forma seletiva e discriminatória para validar e impor decisões políticas”. E agregou que, apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a aplicação desses direitos são “uma utopia para milhões de pessoas”.
Em outro momento de sua fala, Raúl citou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e expressou apoio ao governo brasileiro diante da instabilidade política no país. “Reiteramos nosso apoio solidário ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao povo do Brasil na defesa de suas importantes conquistas sociais e da estabilidade do país”.
O presidente cubano afirmou que o desenvolvimento econômico e social do planeta segue distante. “Enquanto 795 milhões de pessoas passam fome, 781 milhões de adultos são analfabetos e 17 mil crianças morrem todos os dias de doenças curáveis, os gastos militares anuais em todo o mundo superam US$ 1,7 trilhão”.
Relações com os Estados Unidos
O assunto mais aguardado da fala de Raúl era a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, que se iniciou em dezembro de 2014. Após citar os 56 anos da Revolução Comunista que resultou no rompimento entre os dois países, disse que “agora se inicia um largo e complexo processo pela normalização das relações”.
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O líder cubano voltou a afirmar que o “bloqueio econômico, comercial e financeiro” imposto a Cuba pelos Estados Unidos e a devolução do território onde se situa a base naval de Guantánamo são as condições exigidas pela ilha para a normalização completa das relações entre ambos os países. “Aos 188 governos e povos que apoiaram aqui e em diversos foros internacionais e regionais a nossa justa demanda, reitero o eterno agradecimento do povo e governo cubanos”, declarou.
EFE
Primeira reunião entre Raúl e Obama aconteceu em abril deste ano, durante a Cúpula das Américas, no Panamá
Durante seu discurso também nesta sexta-feira, o presidente norte-americano, Barack Obama, reafirmou que apoia o fim do embargo econômico. No entanto, o embargo a Cuba, por se tratar de uma legislação, só pode ser cancelado no Congresso, cuja maioria republicana se opõe à aproximação com a ilha.
Conforme a Casa Branca anunciou, Barack Obama e Raúl Castro, presidente cubano, irão se reunir nesta terça-feira (29/09). Esta foi a primeira viagem do mandatário cubano aos EUA enquanto presidente. Em abril deste ano, Obama e Raúl realizaram o primeiro encontro entre chefes de Estado dos dois países em 56 anos. Em 20 de julho, as embaixadas foram reabertas. Washington anunciou, neste mês de setembro, uma série de medidas que estimulam a aproximação econômica entre Cuba e EUA.