O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no poder há 37 anos, anunciou nesta sexta-feira (11/03) que irá deixar a vida política em 2018.
O anúncio foi feito na abertura de uma reunião do Comitê Central do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola), partido do qual Santos é líder, na capital angolana, Luanda. “Em 2012, em eleições gerais, fui eleito presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política aativa em 2018”, disse Santos.
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José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, durante visita oficial ao Brasil em 2014
O presidente angolano já havia sinalizado a possibilidade de não concorrer à reeleição em 2017 em reunião de seu partido em junho do ano passado. José Eduardo dos Santos, 74 anos, é presidente de Angola desde setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente do país.
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Opositores de Santos, por sua vez, questionaram a determinação do atual presidente em de fato deixar a presidência de Angola. Alcides Sakala, deputado e porta-voz da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal partido de oposição, disse que a direção da sigla prefere “ver para crer” na decisão de Santos.
“Era de esperar que, depois de 40 anos, ele [Santos] tomasse esta decisão, de se retirar da direção do país, mas também temos lembrado que não é a primeira vez que ele o faz. Já o fez no passado e por isso é preciso acompanhar essa questão de perto”, disse Alcides à Agência Lusa.
O rapper e ativista luso-angolano Luaty Beirão também menosprezou o anúncio de Santos. “Eu não me deixo entrar em momento de excitação ou de alegria porque já ouvi esse discurso em 2011”, disse Beirão à Lusa. O ativista responde na Justiça pela acusação de “atos preparatórios para a prática de rebelião” e sua prisão em junho de 2015 com outros 13 ativistas provocou reação internacional em prol de sua libertação e de um julgamento justo.
“Tudo isto parece mais uma tentativa de um passo de dança do presidente e vou esperar para ver. Mas não tenho muita fé em nada de muito positivo vindo daí”, disse Beirão.