Um grupo de cerca de 50 acadêmicos da Europa e dos Estados Unidos divulgou nesta semana um comunicado conjunto que pede a libertação de Milagro Sala, líder comunitária e deputada argentina do Parlasul (Parlamento do Mercosul), detida há cerca de dois meses no país.
“Nós, os que abaixo assinamos — acadêmicos britânicos, europeus e norte-americanos —, estamos preocupados com a detenção arbitrária de Milagro Sala por parte do governo argentino”, diz o comunicado, que pede a “libertação imediata” da ativista. O grupo de acadêmicos estrangeiros faz ainda um apelo para que o governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, “não criminalize o protesto social e garanta o procedimento constitucional, legal e transparente”.
Reprodução/ Facebook
Deputada do Parlasul Milagro Sala está detida há dois meses e meio na província de Jujuy
Sala foi detida em 16 de janeiro, em San Salvador de Jujuy, capital da província de Jujuy, no noroeste do país, enquanto participava de uma manifestação contra o governador Geraldo Morales, acusada de “instigação ao crime e à desordem”. Duas semanas depois, o juiz Gastón Mercau a liberou da acusação, mas voltou a prendê-la por suposta associação ilícita e fraude administrativa de recursos públicos destinados à construção de moradias pelo grupo Tupac Amaru, do qual é líder.
Na semana passada, a Procuradoria de Violência Institucional, órgão do Ministério Público argentino, determinou que Sala se encontra ilegalmente detida.
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“A detenção de Milagro Sala tem motivação política, [ela] foi inicialmente detida por protestar pacificamente, mas logo foi acusada de crimes adicionais, os quais servem para mantê-la na prisão”, segue a nota. Entre os signatários estão Slavoj Zizek (filósofo esloveno), Chantal Mouffé (cientista política belga), Bruno Bosteels (crítico literário belga), Étienne Balibar (filósofo francês) e Giacomo Marramao (filósofo italiano).
EFE
Movimentos sociais e associações de direitos humanos defendem a libertação da deputada do Parlasul Milagro Sala
Nesta quinta-feira (31/03), foi constituído, na Câmara dos Deputados da Argentina, o Comitê de Apoio à Liberdade de Milagro Sala. Durante a cerimônia de abertura, o grupo afirmou que Sala, que sofreu um “sequestro”, é a “primeira presa política” do governo Macri. O Comitê recebeu mais de 500 adesões da Argentina e do exterior, como acadêmicos, juristas, associações da sociedade civil e sindicatos.
“Quase 33 anos depois da recuperação da democracia, temos em nosso país uma pessoa detida sem processo. Deve nos envergonhar ter precisado formar um comitê para a liberdade de uma argentina”, declarou Mara Brawer, ex-deputada argentina e líder da Secretaria da Mulher do PJ (Partido Justicialista) da capital Buenos Aires.