O presidente da França, François Hollande, afirmou nesta segunda-feira (26/09) que o acampamento de Calais, que recebe milhares de refugiados e cidadãos não europeus em situação migratória irregular no extremo norte do país, será desmontado de forma definitiva até o fim do ano.
O anúncio foi feito pelo mandatário em uma visita à cidade, onde prometeu que a remoção do local, conhecido como “Selva”, será feita “definitivamente, totalmente e rapidamente” até dezembro.
Hollande não visitou o campo, que abriga entre 7 e 10 mil pessoas, incluindo aproximadamente 1.000 crianças sem suas famílias, cuja maioria tenta ingressar no Reino Unido.
Organizações de direitos humanos têm feito diversas denúncias em relação às más condições do local e à segurança de seus habitantes. Na semana passada, um menino afegão de 14 anos morreu atropelado enquanto tentava embarcar em um caminhão que entraria no Reino Unido.
Agência Efe
Presidente francês, François Hollande, anuncia que acampamento de Calais será desmantelado até dezembro
Segundo informações do jornal britânico The Guardian, o governo francês tenta encontrar 9.000 vagas em centros de acolhida no país para receber as pessoas oriundas do acampamento de Calais antes do início do inverno, em dezembro.
Acompanhado pela ministra da Habitação, Emmanuelle Cosse, e pelo ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, Hollande fez uma homenagem aos agentes que fazem a segurança do local e afirmou ter uma mensagem “clara” aos traficantes de pessoas. “Vocês não estarão traficando mais”, disse.
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Ele disse também que o Reino Unido deverá “cumprir seu papel” em relação ao tema. De acordo com ele, o fato de os britânicos terem tomado uma “decisão soberana” – em referência ao referendo em que a população do conjunto de países votou pela saída da União Europeia – não significa que eles estejam “absolvidos de suas obrigações com a França”.
Agência Efe
Moradores de acampamento de Calais, no extremo norte da França, enfrentam más condições do local
“Gostaria de expressar minha determinação de ver as autoridades britânicas fazerem seu papel no esforço humanitário que a França está executando aqui e que continuará executando nos dias que virão”, disse Hollande.
Um muro de um quilômetro de distância, financiado pelo Reino Unido, começou as ser construído na semana passada ao longo da estrada principal que leva ao porto de Calais a fim de deter possíveis viajantes que embarquem em navios.
Grupos conservadores de diversas partes da França têm promovido manifestações em rechaço a uma possível construção de abrigos em suas regiões. No sábado (24/09), como resposta às críticas, Hollande afirmou que a nação não é “um país de acampamentos”.