Um antigo navio comercial grego, com mais de 2.400 anos de existência, foi encontrado praticamente intacto no fundo do Mar Negro, no litoral da Bulgária, anunciaram pesquisadores nesta terça-feira (23/10), em Londres. Os cientistas disseram se tratar da embarcação naufragada mais antiga de que se tem conhecimento.
A embarcação é uma de mais de 60 identificadas pelo Projeto de Arqueologia Marítima do Mar Negro, incluindo naus romanas e uma esquadra cossaca do século 17. Localizaram-se, ainda, restos de um assentamento do início da Idade do Bronze, próximo à antiga praia local.
Durante o projeto de três anos, a equipe, que inclui arqueólogos marinhos britânicos, búlgaros, suecos, americanos e gregos, empregou sistemas de câmeras submarinas usadas originalmente para mapear o fundo do mar com o fim de exploração costeira de petróleo e gás.
A época de construção – por volta de 400 a.C., quando a região era um polo comercial repleto de colônias gregas –, foi determinada através da datação por radiocarbono de um pequeno fragmento.
picture-alliance/dpa/PA Wire/Black Sea Maritime Archaeology Project
Nau tem mastro e remos perfeitamente preservados em ambiente sem oxigênio
A nau jaz de lado, com o mastro e remos em perfeito estado, a mais de 2 mil metros de profundidade, onde a ausência de oxigênio na água permite a preservação de material orgânico por milhares de anos.
O pesquisador-chefe do projeto, professor John Adams, da Universidade de Southampton, no sul da Inglaterra, comentou que “um navio, sobrevivendo intacto, da Antiguidade Clássica, sob mais de dois quilômetros de água, é algo que eu jamais pensara ser possível”, e que “isso vai mudar nossa compreensão de engenharia náutica e de navegação no mundo antigo”. Até então, esse tipo de construção só era conhecido de ilustrações em vasos gregos.
A pesquisadora Helen Farr, que faz parte da equipe, comentou à rádio BBC que já foram encontrados destroços de naufrágios mais antigos, “mas este realmente parece intacto”. “O projeto, como um todo, na verdade estava examinando a alteração do nível do mar e a inundação da região do Mar Negro, e os destroços são um feliz subproduto disso.”
AV/afp/dpa