Em 23 de agosto de 1939 a União Soviética e a Alemanha assinam, em Moscou, um pacto de não-agressão, válido por 10 anos. A despeito das aparências de amizade, no entanto, estava bastante claro para quem acompanhava o jogo político da época que ambos os chefes de Estado – Josef Stalin e Adolf Hitler – estavam jogando conforme suas necessidades políticas e estratégicas, com pouca disposição para cumprir o acordo até o fim do período.
Um protocolo secreto definido por este acordo repartia as zonas de influência na Europa do leste. Hitler obtinha a temporária neutralidade da União Soviética, abrindo espaço para declarar guerra e invadir a Polônia nove dias depois, em 1º de setembro. Stalin pode, por outro lado, avançar sobre a Finlândia, anexar os países bálticos e invadir a Romênia.
O pacto, no entanto, teria vida relativamente curta: em menos de dois anos, em 22 de junho de 1941, Hitler lançaria um ataque contra o território da União Soviética.
Após a invasão alemã da Tchecoslováquia, em março de 1939, a Grã-Bretanha viu-se diante de uma necessidade urgente: definir se deveria intervir militarmente para conter a expansão germânica posta em andamento por Hitler. O primeiro-ministro Neville Chamberlain, inicialmente indiferente à ocupação dos Sudetos, área de expressão alemã da Tchecoslováquia, percebeu que a Polônia estava sob ameaça. As alianças da época tornavam lógico que a Grã Bretanha se veria obrigada a socorrer a Polônia, na eventualidade de uma invasão alemã. Mas Chamberlain queria um aliado.
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Um protocolo secreto definido por este acordo repartia as zonas de influência na Europa do leste
Só a União Soviética reunião as condições militares e geográficas para conter um avanço alemão sobre a Polônia. No entanto, as relações de Stalin com o governo britânico estavam bastante frias, depois que sua tentativa de criar uma aliança com França e Grã-Bretanha contra os nazistas fora rejeitada pelos países ocidentais. Além do mais, os líderes poloneses no exílio em Londres eram quase todos ultraconservadores e não queriam uma frente com a União Soviética.
Hitler acreditava que a Grã Bretanha jamais iria atacá-lo sozinha, de modo que decidiu conter seu temor e ódio ao comunismo e tentar granjear a amizade, ainda que momentânea, do chefe soviético. A desconfiança era mútua, porém, Hitler tinha pressa. Seus planos de invadir a Polônia já estavam decididos de maneira que deveria agir rapidamente antes que o Ocidente pudesse acordar um front unificado.
Concordando basicamente em fatiar partes da Europa Oriental – deixando cada lado livre para agir – o ministro do Exterior de Hitler, Joachim von Ribbentrop, voou para Moscou e assinou o Pacto de Não-Agressão com o ministro do Exterior da União Soviética, Viatsheslav Molotov (razão pela qual o pacto é historicamente conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop).
Defensores do bolchevismo em todo o mundo tiveram sua visão romântica do “internacionalismo socialista” abalada. Estavam ultrajados e não admitiam que Stalin pudesse estabelecer qualquer tipo de ligação com o ditador nazifascista.
Exatamente três anos depois da assinatura do pacto, em agosto de 1942, “nas primeiras horas da manhã”, como relatou mais tarde Winston Churchill, Stalin deu ao primeiro-ministro britânico, então numa missão em Moscou, algumas das razões para sua decisão: “Tivemos a impressão que os governos inglês e francês não estavam resolvidos a ir à guerra se a Polônia fosse atacada, mas que esperavam que o alinhamento diplomático da Inglaterra, França e Rússia deteria Hitler. Estávamos certos de que tal não aconteceria.”
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