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Notícias da Semana Passada

Há uma semana: o primeiro caso e a primeira morte por covid-19 na minha cidade

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Em 25 de abril, Conde, na Paraíba, onde sou secretária de Saúde, já tinha registrado o primeiro óbito pela doença. Mas a luta continua - e é diária

Renata Martins Domingos

Conde (Brasil)
2020-05-02T13:30:00.000Z

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Nesta pandemia de coronavírus, as coisas mudam tão rápido que a gente perde a noção do que aconteceu ontem, antes de ontem, há uma semana. O que choca pela manhã já é notícia velha à tarde.

Pensando nisso, Opera Mundi estreou a coluna “Notícias da Semana Passada”. O texto que você lê abaixo foi escrito há uma semana e publicado só agora. 

Com esse "distanciamento temporal", procuramos mostrar o que estava ocorrendo na semana anterior e como a epidemia afetava nossas vidas. A ideia é responder: quem nós éramos na semana passada?

Hoje, publicamos o texto da secretária de Saúde da cidade de Conde, na Paraíba, Renata Martins Domingos:


Conde (PB), 25 de abril de 2020. 

Não precisei me deslocar para Conde para trabalhar desta vez. Apesar disso, continuei à distância monitorando os serviços de saúde, as informações sobre novos casos. Entre cuidar da limpeza da casa e das crianças junto com meu companheiro Marco Aurélio, uma olhadinha no celular para saber das atualizações, ligar, conduzir problemas.

A liderança da Secretária de Saúde nesses momentos de crise é muito importante. Vejam só a diferença que o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fazia na condução das ações de prevenção e combate da covid-19 por meio de suas coletivas públicas, tornando públicas suas decisões, os desafios, os caminhos pensados. Ninguém consegue comandar as ações de uma Secretaria de Saúde se não estiver presente, tanto presencial quanto virtualmente, indicando os caminhos, dirimindo os problemas, buscando alternativas, gerindo as pessoas. A presença física na Secretaria, nos serviços públicos, nas reuniões do Conselho Municipal de Saúde, na imprensa é papel decorrente da chamada autoridade sanitária concedida às secretárias de Saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Exercê-la com vigor é meu papel.

Nesta semana tivemos o primeiro caso confirmado de covid-19 em Conde. Foi na terça-feira, dia 21 de abril. Trata-se de um homem, 18 anos, residente no Loteamento Cidade das Crianças, que fez viagens a trabalho a Recife, apresentou sintomas e foi atendido no Pronto Atendimento e na Unidade Básica de Saúde de Nossa Senhora da Conceição. Foi realizada a coleta de exame Swab no dia 20 e o resultado positivo foi confirmado na terça, quando o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen-PB) nos enviou o resultado. O paciente encontra-se bem, em isolamento domiciliar, com monitoramento da equipe da Vigilância Epidemiológica da Saúde. Esse jovem trabalhava em conjunto com outro senhor, que também apresentou previamente a ele sintomas da doença.


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Quando soube do resultado, senti um aperto no coração: pronto, a covid-19 chegou em Conde. No minuto seguinte, liguei pra prefeita Márcia Lucena. Ao informar a ela a má notícia, ela me disse: bom, agora vão pipocar os casos, né? E eu, tentando convencer a mim mesmo e tentando acalmá-la, buscando os nacos de esperança que moram dentro da gente, disse: calma, prefeita, vamos fazer de tudo para que isso não aconteça. E vamos emanar energias positivas para que isso não aconteça!

Mas o nosso trabalho diário e as boas energias não espantaram o novo coronavírus de Conde, e ontem, sexta-feira logo cedo, fui comunicada de que um morador de Conde havia falecido vítima da covid-19 no Hospital Clementino Fraga. A informação me foi passada pela Secretária de Assistência Social do município, já que a viúva teria procurado aquela pasta para pleitear o auxílio-funeral. Estranhei, porque a Secretaria de Saúde desconhecia essa internação. Nem a equipe da Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde de Nossa Senhora das Neves sabia do adoecimento deste senhor, nem o Hospital havia nos comunicado essa internação. Passamos então a procurar saber o que tinha ocorrido e constatamos que era verídico o fato. Este senhor, cujo nome preservamos para evitar exposição, não era acompanhado pela equipe da Unidade Básica de Saúde a que era vinculado porque fazia seu tratamento de saúde em hospital público na capital. Como trabalhava em João Pessoa, dificilmente era encontrado pela Agente Comunitária de Saúde em sua casa para as visitas de rotina. 

Como que num passe de mágica, na terça-feira passada Conde inaugurou as estatísticas do Estado da Paraíba com o primeiro caso positivado e nesta sexta-feira passada, com 1 óbito. Triste, muito triste!

Quando informei à prefeita sobre o primeiro caso, ela rapidamente convocou uma reunião da Comissão de monitoramento da Covid-19 em Conde para pensarmos sobre o planejamento de possíveis enterros. Pedi a ela calma, e ela me lembrou que aquilo era planejamento com base no que estava acontecendo em outras cidades e países. A esperança, aquela fagulhazinha dentro de mim, acreditava em positivos sem mortes. 

Dito e feito: na semana do primeiro caso positivo, tivemos o primeiro óbito.

A correria foi grande para dar conta de encontrar um cemitério com vaga para esse tipo de enterro, para providenciar com rapidez os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dos coveiros, que já estavam em processo de compra seguindo as normas do Protocolo do Ministério da Saúde, para garantir que a funerária estava cumprindo esse protocolo, pra resolver rapidamente os trâmites administrativos do enterro, antes que a oposição fizesse desse sofrimento um fato político. Além de cumprir com nossas responsabilidades legais de gestores públicos que somos, temos também que nos precaver contra a má política habitualmente usada no município.

É importante a gente sempre lembrar na função pública que ocupamos que os positivados e os que morrem não são números apenas. Conde ter inaugurado as estatísticas do governo do Estado em relação à Covid-19 significa que este território também será marcado por essa doença. As mortes são histórias interrompidas durante seu transcurso. Os positivados têm seus planos de vida paralisados, sofrem com os sintomas, ficam receosos quanto ao dia seguinte. São desejos de condenses e paraibanos que são mudados pela força de um vírus devastador.

Ao mesmo tempo, a covid-19 apareceu no mundo para abalar nossa humanidade e nossa vida em comunidade. Ela nos mostra o quanto a vida não é resultado apenas de um protagonismo individual, único, da ilha que somos mas sim fruto de um conjunto de ações, da interação com a comunidade em que se vive, do território em que se habita, em que se trabalha para reforçar suas características e desafiar seus limites, do arquipélago do qual precisamos. Tanto para a prevenção quanto para o tratamento, precisamos da ajuda da comunidade em cumprir o isolamento social, se isso for possível para sua condição de vida, evitando a disseminação do vírus. Para o tratamento, precisamos nos isolar na grande maioria das vezes, mas precisamos também ter um sistema de saúde público que cuide das pessoas à distância, promovendo a escuta, prescrevendo medicamentos, indicando tratamentos psicológicos, se necessário, que realize os exames, se disponíveis, que promova seu tratamento direto, em casos moderados e graves. O SUS é pujante nesse cenário brasileiro de combate à covid-19.

A covid-19 chegou em Conde e agora teremos que reforçar ainda mais nossas inúmeras ações no âmbito da Secretaria de Saúde e de todas as outras Secretarias da Prefeitura de Conde. Todos os esforços empreendidos até agora pela prefeitura foram importantes para que o cenário não fosse pior.

A semana foi triste para Conde. Mas continuamos com a esperança de que conseguiremos mitigar os efeitos da covid-19 em nosso território. A luta é diária e nosso compromisso com a preservação da vida e o bem-estar da população condense é o que nos move e norteia nossas ações. 

(*) Renata Martins Domingos é secretária de Saúde da Prefeitura de Conde, na Paraíba

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Política e Economia

Eleições na América do Sul definem mapa político da região

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Peru e Equador realizam eleições para eleger o presidente; na Bolívia, eleitores irão escolher novos governadores

Redação

teleSUR teleSUR

Caracas (Venezuela)
2021-04-10T19:51:00.000Z

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Este 11 de abril será um domingo de definições no mapa político da América do Sul com as eleições presidenciais no Peru e Equador, e as eleições regionais na Bolívia, em meio à pandemia de covid-19.

No Equador, mais de 13 milhões de eleitores são convocados a votar neste domingo na cédula presidencial entre o correista Andrés Arauz e o conservador Guillermo Lasso, que aspiram suceder ao impopular Lenín Moreno, que deixa o país em meio a uma profunda crise econômica e sanitária.

A votação acontece em meio a um agravamento da pandemia no Equador, com estado de exceção decretado em oito províncias e maior controle por parte das forças de segurança para evitar as multidões registradas durante o primeiro turno de fevereiro passado.

Diante da abstenção observada no primeiro turno, Arauz, da Unión por la Esperanza (de tendência correísta), e Lasso, do Movimento CREO (de ideologia conservadora e economicamente liberal), reestruturaram suas agendas para atingir esses eleitores, inclusive as minorias, camponeses ou indígenas, entre outros.

Após o encerramento da campanha na quinta-feira (08/04) em Guayaquil e Quito, respectivamente, os candidatos devem cumprir o silêncio eleitoral que entrou em vigor a partir deste sábado (10/04) e que proíbe atos de campanha.

Adrian Dascal/Unsplash
Centro histórico de Lima: Peru, assim como Equador e Bolívia, vão às urnas neste domingo

Na mesma quinta-feira, começou a votação de mais de 8.000 pessoas privadas de liberdade em 39 presídios do país, dia que foi seguido hoje pela modalidade Votação em Casa, para a qual 653 pessoas com mais de 50 anos estão habilitadas, além de pessoas com deficiência.

O Plenário do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) resolveu não realizar o processo de Contagem Rápida neste segundo turno.

Peru

No Peru, após um período legislativo agitado com saída de quatro presidentes, os mais de 25 milhões de peruanos chamados às urnas neste domingo votarão no pleito que é visto como a chave para a esperada estabilidade política, apesar dos efeitos da pandemia do coronavírus.

Durante o dia das eleições gerais, os cidadãos também elegerão dois vice-presidentes, os 130 membros do Congresso e cinco representantes do Congresso Andino. Mais de dez candidatos concorrem à Presidência e o segundo turno, que só acontece caso nenhum deles atinja 50% + voto ou 40% e uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado, está previsto para junho.

Bolívia

A Bolívia encerra seu período eleitoral com as chamadas eleições subnacionais, quando são eleitos os governadores de quatro dos nove departamentos que compõem o país: La Paz, Chuquisaca, Pando e Tarija.

Na primeira eleição, nenhum dos candidatos dessas regiões obteve 50% + 1 dos votos ou 40% e 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo candidato. O Movimento pelo Socialismo (MAS) busca o controle dos principais governos que o escaparam no primeiro turno eleitoral.

No primeiro turno, foram eleitos cinco governadores, três deles do partido MAS, portanto, se vencerem os quatro na disputa deste domingo, o movimento socialista governará em grande parte do país, além do governo nacional atualmente comandado por Luis Arce.

Eleições 2021 no EquadorEleições 2021 no Peru

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