O arquiteto Ieoh Ming Pei, autor do projeto da pirâmide de vidro do Museu do Louvre, em Paris, morreu no início desta semana, aos 102 anos. A morte foi confirmada nesta quinta-feira (16/05) ao jornal The New York Times por um dos filhos do arquiteto, Li Chung Pei, que exerce a mesma profissão do pai.
Conhecido como I.M. Pei, ele nasceu na China em 1917 e, em 1935, se mudou para os Estados Unidos, onde começou a carreira numa imobiliária de Nova York. Conhecido principalmente pela pirâmide do Louvre e pelo Prédio Leste da Galeria Nacional de Arte de Washington, formou-se em arquitetura pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Em 1948, pouco após terminar a pós-graduação em Harvard, foi contratado por William Zeckendorf, um empresário do setor da construção de Nova York.
O arquiteto passou a supervisionar os projetos da empresa de Zeckendorf, Webb & Knapp, que construía arranha-céus. Em 1955, criou a própria companhia, I.M. Pei & Associates, que inicialmente se dedicava a projetos do empresário.
A partir de 1960, Pei, conhecido pela personalidade discreta, mas competitiva, começou a ganhar importantes concursos para projetar, por exemplo, o Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica do Colorado (1967), assim como o Museu de Arte de Everson, em Syracuse, no estado de Nova York, e o Centro de Arte Des Moines, em Iowa, ambos em 1968. Estes foram os primeiros de vários museus. Um dos últimos foi o de Arte Islâmica de Doha, no Catar, projetado em 2008.
Para a tarde desta sexta-feira estava marcada uma reunião dos funcionários do Louvre para homenagear o arquiteto. O presidente-diretor do museu, Jean-Luc Martinez, expressou sua “enorme tristeza”.
O projeto mais conhecido de Pei, a pirâmide do Louvre, foi lançado na gestão do presidente François Mitterrand, em 1984, e recebido com muita controvérsia pela ousadia e por o arquiteto não ser francês.
O ministro da Cultura da França na época, Jack Lang, lembra-se dele como um “homem gentil e extraordinário”. Para Lang, toda a polêmica envolvendo a pirâmide mostra que “você nunca deve ter medo de ser audacioso porque, no final, quando se aposta em inteligência e beleza, é um sucesso”. A pirâmide de 21 metros do Louvre foi aberta ao público há exatos 30 anos, em 1989.
Em 1983, Pei ganhou o prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial, e usou o valor recebido de US$ 100 mil para iniciar um programa para que chineses aspirantes a arquitetos pudessem estudar nos Estados Unidos.
Pei foi casado com Eileen Loo de 1942 a 2014, quando ela faleceu. O casal teve quatro filhos, dois deles também arquitetos.
Além de museus, o arquiteto assinou os projetos de diversas casas de shows, instituições de ensino, hospitais, prédios comerciais e edifícios públicos, como a Câmara Municipal de Dallas (1977), a Biblioteca John F. Kennedy de Boston (1979), e o Pavilhão Guggenheim do Hospital Mount Sinai de Nova York (1992).
picture-alliance/AP Photo/P. Gleizes
Pei elaborou o projeto da pirâmide em 1984. Em 1989, ela foi aberta ao público