O FMI (Fundo Monetário Internacional), nas previsões a serem publicadas
no próximo dia 21 de abril de 2010, alerta para uma “tensão nos preços
das matérias-primas”, no momento em que o valor do petróleo subiu para
mais de 86 dólares o barril. O preço dessa mercadoria de vital
importância para a economia mundial esteve em 147 dólares o barril em
julho de 2008 e chegou a cair a menos de 34 dólares na fase aguda da
crise financeira, em dezembro do mesmo ano. O petróleo, como é sabido,
determina os preços das chamadas mercadorias energéticas, como o
álcool, a borracha natural e os óleos combustíveis vegetais.
Da mesma forma, a previsão para a situação das mercadorias minerais e
agrícolas não energéticas também têm uma previsão altista da parte do
FMI, por conta do aumento do consumo interno nas economias emergentes,
de uma maneira geral, e particularmente na China, onde os pacotes de
combate à crise induziram a um maior consumo interno.
Por outro lado, as principais economias ocidentais têm dado alguns
sinais de recuperação econômica. Em março, por exemplo, a economia dos
Estados Unidos deu sinais de recuperação ao criar 162 mil novos postos
de trabalho. Igualmente, outras economias, como as do Reino Unido, da
Alemanha, da França e da Itália têm previsão de crescimento positivo,
ainda que modesto, para 2010.
Contudo, os mercados financeiros continuam com as mesmas práticas
especulativas irresponsáveis, como com os derivativos, produtos
financeiros produzidos por agentes com pouca, inadequada ou mesmo sem
nenhuma regulamentação doméstica ou internacional. O índice Dow Jones
da bolsa de valores de Nova Iorque chegou próximo ao patamar de 11 mil
pontos na semana passada.
A fragilidade dos mercados financeiros, que movimentam volumes muitas
vezes superiores ao PIB (Produto Interno Bruto) mundial, é percebida
pelos observadores mais atentos. Na semana passada, após reuniões em
Berlim, os líderes da Alemanha, França e Reino Unido acordaram em levar
à próxima reunião do G-20 uma proposta comum de tributar, com um
“imposto de responsabilidade global” a atividade bancária internacional.
Trata-se de uma iniciativa de difícil implantação numa escala global,
já que depende muito de uma forte regulação dos mercados financeiros,
de maneira a coibir os muitos, graves e profundos abusos que causaram a
crise financeira de setembro de 2008.
Pressão no euro
Essa regulamentação, contudo, ainda não foi posta em prática nos países
responsáveis pela quebra: os EUA e o Reino Unido, que evitaram
consequências ainda mais dramáticas pelas medidas artificiais tomadas.
Essas medidas comprometerão o desempenho de tais economias ainda por
muitos anos.
Acresce que o euro, moeda de referência da União Europeia para os
países signatários do Tratado de Maastricht, encontra-se sob pressão,
tendo em vista o descontrole orçamentário nos chamados PIIGS (sigla em
inglês para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha).
Como consequência, o franco suíço tornou-se, mais uma vez, moeda
refúgio, como ocorre nos momentos de crise, já que o dólar
norte-americano não apresenta nenhuma credibilidade a curto, médio ou
longo prazo.
Será que caminhamos para uma recessão reincidente, como na letra W?
*Durval de Noronha Goyos é advogado especialista em direito internacional e árbitro ddo Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio). Artigo originalmente publicado no site Última Instância .
NULL
NULL
NULL