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Opinião

Direita declara guerra contra integração da Venezuela ao Mercosul

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As forças oposicionistas não previram a movimentação liderada pela presidente Dilma Rousseff em Mendoza

Breno Altman

2012-07-17T13:10:00.000Z

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Uma onda conservadora desponta no cenário político do subcontinente. Seu mote é evitar o ingresso venezuelano no Mercosul. Mais afamado solista dessa ópera, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público atacar posição do governo brasileiro, em companhia de outros menestréis e escribas.

A saraivada de argumentos apresenta cardápio variado. Uns acenam com detalhes jurídicos que supostamente teriam sido desrespeitados, tanto na suspensão do Paraguai por quebra da cláusula democrática quanto na inclusão da Venezuela à revelia de um governo usurpador. Outros vislumbram faltas burocráticas cometidas por Caracas. Há ainda os que lançam suspeitas de que o presidente Chávez estaria planejando ludibriar obrigações junto ao organismo regional. Pouco importa que as razões jurídicas e políticas tenham sido apoiadas pela unanimidade dos membros plenos e democráticos do Mercosul, em conformidade com as regras da instituição.

Tal enxurrada de pretextos mal-ajambrados parece revelar que o reacionarismo tomou um susto. Afinal, era no Senado do Paraguai, controlado por bandos de cores diversas, que estava bloqueado o processo de ampliação do Mercosul. Quando as forças de direita, logo acolhidas por Washington, deram o bote contra Fernando Lugo, possivelmente imaginavam continuar dificultando o processo de integração. Foram surpreendidas, tudo indica, pela resposta liderada por Dilma Rousseff, a despeito de resistências no próprio corpo diplomático brasileiro.

Há certa lógica, contudo, nesse furor contra a deliberação de Mendoza. Os Estados Unidos fixaram como centro tático de sua política para a América do Sul, após o enterro da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), impedir o robustecimento de um bloco fora de seu domínio e apostar nos tratados bilaterais de livre-comércio. A articulação de três das quatro principais economias locais (Brasil, Argentina e Venezuela), ainda mais sob uma mesma orientação geopolítica, é duro golpe nessas pretensões.

Por sua vez, as oligarquias do subcontinente, ou parte expressiva de seus grupos, costumam vincular perspectivas de fortuna e poder à associação com a superpotência. Advogam que as cadeias produtivas regionais só têm futuro se subordinadas à malha estadounidense, estando condenada ao fracasso qualquer hipótese de autonomia. O fato de que essa política, por décadas sem fim, tenha significado atraso, desigualdade, pobreza e opressão política, não parece lhes dizer respeito. Afinal, tais itens não constam do balanço de empresas e empreitadas, como é sabido.

Benefícios

Para esse ponto de vista, a integração da Venezuela é desconcertante. O novo membro do Mercosul, além de quase 30 milhões de habitantes, tem entre seus ativos uma das maiores reservas energéticas do mundo e um enorme potencial de alavancagem financeira, por conta da produção petroleira. Mais ainda, possui localização geográfica privilegiada para o acesso marítimo e serve como ponte político-econômica para outras nações andinas e caribenhas. Sob todos os ângulos, traz mais músculos ao bloco.

Este fortalecimento, aliás, chega em boa hora: o grupo de países sul-americanos liderados por administrações de esquerda representa, no hemisfério ocidental, a principal alternativa contra a crise fora dos marcos neoliberais. Quanto maior a sinergia entre suas estruturas produtivas, mais amplas serão as possibilidades de continuar o ciclo de crescimento econômico com base na expansão do mercado interno, na distribuição de renda, na universalização de direitos sociais e na reconstrução dos Estados nacionais.

As dificuldades e desalinhamentos não podem ser subestimados, é certo, mas a bronca do conservadorismo, acima de tudo, exala interesse de classe, preconceito ideológico e cultura colonizada. Sentimentos eventualmente acirrados pela América do Sul estar saindo do diagrama historicamente traçado pelas elites e suas metrópoles.


*Breno Altman é jornalista e diretor editorial de Opera Mundi

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Direitos Humanos

Exército de Israel invade e fecha sete organizações de direitos humanos da Palestina

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Grupos entraram na lista de 'organizações terroristas' e sofreram ataque na madrugada desta quinta (18/08) na Cisjordânia

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-18T19:05:00.000Z

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Nesta quinta-feira (18/08), militares de Israel invadiram e fecharam a sede de sete organizações não governamentais e de direitos humanos palestinas nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na região ocupada da Cisjordânia. Seis delas já haviam sido caracterizadas por Israel como organizações “terroristas”, em outubro de 2021, e acusadas de ter vínculos com a Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP).

Os escritórios das organizações foram saqueados e seus equipamentos confiscados. As portas foram fechadas com solda, com uma ordem militar israelense declarando a "ilegalidade" das organizações.

As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça"), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).

"Encontramos um documento colado na porta, apenas em hebraico, dizendo que esta é uma organização fechada, não temos permissão para entrar e nenhum período de tempo é especificado", denunciou o diretor do Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde, Mazen Rantisi. 

A ação militar aconteceu na madrugada, logo após o assassinato de  Waseem Nasr Khalifa, de 20 anos, no campo de refugiados de Balata, arredores da cidade de Nablus, norte da Cisjordânia ocupada. Outros  quatro palestinos ficaram feridos por arma de fogo, três  estariam em estado crítico. Os diretores das organizações de direitos humanos dizem que já esperavam a repressão das forças israelenses após serem classificadas como "organizações terroristas" e agora temem por possíveis detenções ou outras represálias.

Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos - sem acusação formal ou julgamento.  

"Este ataque visa intimidar e reestruturar a sociedade civil palestina para parar de documentar e expor os abusos e violações da ocupação israelense", disse Shawan Jabarin, diretor-geral da organização de direitos humanos Al-Haq. 

As ONGs, no entanto, asseguram que continuarão seu trabalho. "Não é um trabalho para nós, é convicção, é fé", disse Jabarin. Os grupos afetados ainda convocaram um protesto em frente aos escritórios da Al-Haq no centro de Ramallah na quinta-feira ao meio-dia para protestar contra as incursões e o fechamento de seus escritórios.

Reprodução
Forças de Israel invadem sedes de organizações não-governamentais nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na Palestina ocupada

O secretário-geral do Comitê Executivo da Organização pela Liberdade Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenou o fechamento dizendo que a decisão busca silenciar a "voz da verdade e da justiça". 

"Vamos apelar a todos os órgãos internacionais oficiais e instituições de direitos humanos para intervir imediatamente para condenar esse comportamento dos ocupantes e pressioná-los a reabrir as instituições para que possam exercer suas atividades livremente", publicou.

O presidente do Conselho Nacional Palestino, Rawhhi Fattouh classificou a ação como "um ato de intimidação e uma tentativa desesperada de encobrir as provas dos crimes e violações diários do ocupante contra civis palestinos".

Já o ministro de Justiça da Palestina, Mohammad Shalaldeh, disse que irá solicitar uma posição do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do Conselho de Segurança. "Esse ataque fere o princípio internacional dos direitos humanos". 

Com a campanha "Stand we the six" (Apoie os seis) meios de comunicação palestinos e israelenses se solidarizaram com as ONGs palestinas. "Este regime [de Israel] considera a repressão violenta uma ferramenta legítima para controlar os palestinos, mas define a atividade civil não-violenta como terrorismo", declaram em comunicado.

As organizações palestinas também tiveram apoio de representantes da Missão Europeia e outros países, entre eles de Bélgica, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, México, Holanda, Noruega, Polônia, Espanha, Suécia e Reino Unido. 

A Igreja Episcopal de Ramallah publicou uma declaração em solidariedade e exigindo uma investigação completa do caso. 

A relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francisca Albanese, também condenou a ação de Tel Aviv. "Minha total solidariedade às ONGs palestinas que acabam de ter seus escritórios invadidos pelas forças israelenses. Esta nova ação ilegal é prova de seu excelente trabalho pela justiça e direitos humanos palestinos, e o pânico moral que estão causando ao ocupante", publicou.

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