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Opinião

A Europa danada

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Aqueles que conseguem fugir das tragédias e chegar ao "velho mundo" veem seus sonhos virarem pesadelo

José Manuel Pureza

2013-10-12T16:36:00.000Z

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As palavras são do Miguel Portas, escritas em 2009: "A sorte para os danados só pode ser uma sorte danada. Muitos morrem, pois morrem. Mas não conseguiram muitos mais chegar à outra margem? Não suplantaram eles o medo da travessia noturna, as correntes imprevistas, as lanchas policiais e os controles de terra? Com ele não será diferente."

Para os mais de 300 somalis e eritreus que morreram sexta-feira passada à vista de Lampedusa, a sorte danada não veio. Foi diferente. Ou melhor, foi igual a tantas outras faltas da sorte danada. Morreram porque quiseram sinalizar pelo fogo que havia um ponto de vida a esvair-se naquele mar danado. Os que, dos seus barcos, viram as labaredas, lembraram-se da xenófoba lei Bossi-Fini e ignoraram-nos para não serem punidos por darem ajuda a imigrantes sem papéis. Morreram mais do que é normal, número danado. E só por isso - e porque um Papa desassombrado disse a palavra "vergonha" para denunciar "a indiferença para com os que fogem da escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte" - é que a falta de sorte veio para as parangonas.

Mas logo regressou a normalidade: com os cadáveres ainda por enterrar, a justiça italiana acusou os 114 sobreviventes do crime de imigração ilegal que os fará pagar multas de 5 mil euros antes de serem expulsos de volta ao inferno e os Estados europeus não responderam à solicitação da Comissão de dotações econômicas que permitam montar um mecanismo de resgate de imigrantes náufragos no Mediterrâneo. Azar danado...

Tem razão Francisco, o Papa: esta é uma Europa de vergonha. Em nome de um suposto salvamento humanitário, junta-se de peito feito aos semeadores da guerra do outro lado do mar. Como na Líbia, de onde fugiram, desde o início dos combates que a intervenção da Otan só agravou, mais de 600 mil pessoas. Espalharam-se por toda a região, desde o Egito ao Chade, passando pelo Mali ou a Argélia. Todos países pobres que, no entanto, tiveram a dignidade de manter as suas fronteiras abertas para acolherem os refugiados fugidos à guerra. Ou como no Iraque, de onde fugiram 5 milhões de homens e mulheres, refugiando-se em países vizinhos onde, sempre em nome do salvamento humanitário, a Europa se disponibiliza para fazer guerras (como na Síria) que alimentam novas fugas em massa para novos purgatórios. Vidas danadas. A Europa, essa, fecha-se, paga aos governos da orla Sul deste mar danado para travarem os que querem vir à busca de vida melhor do lado de cá, ao mesmo tempo que adota leis criminalizadoras de quem não trouxe no bolso as certidões e os vistos na hora de fugir aos tiros, à fome ou à pobreza sem fim.

Sabemos assim o que vale a liberdade de circulação na Europa. Vale para os capitais e para quem os detém. Já para os pobres que, do outro lado do mar, dão as poupanças de uma vida a agenciadores corruptos para comprar esse sonho, ela não é senão isso: sonho proibido. Que logo vira pesadelo danado.

25 mil mortos na viagem de uma vida, nos últimos 20 anos, são o rosto desse pesadelo. Mortos de frio, de asfixia, de afogamento, de assassinato. Tudo por causa de uma terra prometida que vira terra danada para os sobreviventes que a alcançam e são depois roubados, violados ou mantidos no cárcere da prostituição forçada. Uma Europa que olha para Lampedusa e responde com polícia é estúpida e covarde. Porque sabe que não há cortejo de naufrágios que demova um jovem condenado a viver na rua ou a trabalhar em regime de escravatura para ter um prato de comida por dia de tentar a sorte. Mais falta dela não terá, essa é a sua única certeza. Danada.

(*) artigo publicado originalmente no "Diário de Notícias"

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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