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Opinião

Ucrânia: do carnaval laranja às cinzas da guerra civil

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Recentes acontecimentos na ex-república soviética têm menos a ver com ideologia e mais com interesses econômicos

Pedro Aguiar

2014-02-22T22:14:00.000Z

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Lá vai mais uma revolução colorida no carnaval que tem sido a história política da Eurásia. A Ucrânia, mesmo país que foi palco da "Revolução Laranja" entre 2004 e 2005 (seguida à Revolução das Rosas na Geórgia em 2003, e que abriu caminho para a das Tulipas no Quirguistão em 2005, do Açafrão na Birmânia em 2007 e Verde no Irã em 2009) volta aos holofotes numa crise com muito mais cor de sangue que as precedentes, enquanto o lado frio do mundo supostamente celebra a paz na Olimpíada de Inverno ali pertinho, em Sotchi, na beira do mesmo Mar Negro que banha as praias ucranianas. O acordo da noite de sexta (21/2) não sobreviveu à manhã de sábado (22/2), e a república ex-soviética acordou com presidente deposto ilegalmente e sob a ameaça concreta de guerra civil.

Efe

Ucranianos anti-governo celebram após escutarem que o presidente Viktor Yanukovitch havia renunciado. Ele negou

No entanto, o carnaval antecipado de hoje nas ruas de Kiev tem mais a ver com um desfile de bloco dos sujos do que com um levante popular democrático. O próprio representante laranja na mediação, Vitaly Klitchko, foi recebido a vaias na praça, aos gritos de "traidor". A oposição direitista rasgou o compromisso acertado na véspera com o governo, tirou do caminho as lideranças moderadas e forçou a Rada (parlamento) a votar a deposição do presidente Viktor Yanukovitch, sem nenhuma base legal. Em bom português, o que antes era revolução laranja desbotou como golpe branco. A Praça da Independência, rebatizada como EuroMaidan (ou "Praça Europa"), concentra os manifestantes que trocaram o laranja de 2005 pelo azul e amarelo da bandeira nacional para receber a ex-premier Yuliya Tymoshenko, liderança laranja que, até a tarde de sábado, estava atrás das grades, cumprindo pena por corrupção.

Ouça podcast:
Ucrânia sofre golpe alimentado por potências ocidentais, afirma especialista 

Nove anos depois, a mesma história: uma ampla coalizão de centro-direita força uma crise e, com a ajuda de extremistas nacionalistas e dinheiro do capital financeiro euro-americano, derruba o governo democraticamente eleito, ironicamente presidido pelo mesmo Yanukovitch, o candidato que ganhou mas não levou em 2004 , tendo o mandato roubado pelo líder laranja Viktor Yushchenko (presidente até 2010).

Do lado de fora, a mídia - por preguiça de entender ou incompetência de explicar - reduz tudo a uma mera questão de alinhamento externo entre pró-Rússia e pró-Ocidente, como passou décadas fazendo na Guerra Fria. Mas, para espanto das redações em Londres, Nova York e no Brasil, a Guerra Fria já acabou e nem tudo que ocorre no Leste Europeu tem a pegada do urso russo. Há mais elementos entre Moscou e Bruxelas do que sonha o vão simplismo dos ocidentais.

Leia mais:
Ucrânia: presidente denuncia golpe de Estado e compara crise a "levante nazista"

A resposta, como quase sempre, é menos ideológica e mais material. It's the economy, stupid: grande parte do PIB ucraniano depende da exportação de commodities, e sua produção está concentrada nas áreas rurais e orientais do país - que é, também, a região de maioria étnica russa. De lá vem grande parte do que o país vende: gás, minérios, petroquímicos, maquinário e trigo - a Ucrânia ainda é "o celeiro da Europa" - e é por lá que passam para o maior cliente, a Rússia, responsável por comprar 25,7% de tudo que a Ucrânia exporta. Kiev também recebe bilionários royalties por parte de Moscou para deixar passar os oleodutos e gasodutos russos, por meio dos quais fornece combustível justamente à Europa. Outro ítem em alta na pauta de exportações ucraniana são armamentos. E o Ocidente não deseja ver o arsenal russo bem abastecido.

Assim, entre agosto e novembro de 2013, a Ucrânia sofreu uma chantagem oficial por parte da União Europeia: para assinar o protocolo de associação (passo inicial para a adesão ao bloco), o país deveria passar por cima de sua Justiça, soltar Tymoshenko e cortar os privilégios comerciais com seu vizinho maior, a Rússia. Yanukovitch não tinha como cometer suicídio econômico nem tinha poderes para caçar uma sentença judicial. De mãos atadas, resistiu enquanto pôde aos protestos orquestrados pelo empresariado do setor financeiro, rival do setor produtivo, e acabou deposto num golpe de Estado que certamente abriu alguns sorrisos em Frankfurt, na City e em Wall Street.

Como o congresso brasileiro fez com João Goulart em 1964, página infeliz da nossa história, a Rada ucraniana declarou vaga a presidência de Yanukovitch com o presidente ainda em território nacional, em Kharkiv, no oeste. Até a mediação europeia - Polônia, França e Alemanha - se queixa de que a oposição não respeitou os termos do acordo de sexta-feira. Em Kharkiv, Yanukovitch pediu ajuda à "comunidade internacional" para conter os "radicais" e, ao denunciar o golpe de Estado, avisou que não vai renunciar.

Simplificação

A mídia - tanto a do centro mundial de poder quanto a nossa, que a replica como papagaio - tira o laranja da palheta e simplifica ao extremo o quadro apenas com preto e branco. Querem pintar como covarde a liderança atual, enfatizando a "fuga" dos governantes para a Rússia, ao mesmo tempo que resgatam da prisão para a glória Tymoshenko, a "princesa Léia" dos corruptos, condenada a sete anos por abuso de poder, fraude contábil e evasão de divisas.

Curiosamente, o discurso da mídia revela dois pesos e duas medidas também nisso: aqui, enquanto o STF (Supremo Tribunal Federal) é saudado como independente por encarcerar, sem provas, ex-dirigentes do partido governista, lá a justiça é tratada como se não contasse, e como se quem tivesse posto Tymoshenko atrás das grades fosse o próprio governo. Já a moça das tranças (que fez carreira como executiva na financeira do marido, também denunciado por malversação de fundos) foi libertada por votação no parlamento, atropelando o poder judiciário, e posta numa cadeira de rodas para discursar para os correligionários na praça.

Efe

Tymoshenko discursa na "EuroMaidan", horas após ter sido libertada da prisão. Ela foi condenada há dois anos por corrupção

A própria troca do nome do logradouro, de Praça da Independência para o slogan "EuroMaidan" é mais que uma elaborada jogada de marketing político: é também muito representativa da opção feita pela coalizão de liberais com fascistas ucranianos. Em nome do livre-mercado, estão dispostos a abdicar da independência pela assimilação à Europa do grande capital.

Cada paralelepípedo da praça deve ter se arrepiado com a desfaçatez da "oposição" nos artifícios para conseguir seus objetivos: na vanguarda do movimento estão partidos fascistas de verdade, como o Svoboda ("liberdade") e o Congresso dos Nacionalistas Ucranianos (KUN), cujo símbolo já mostra bem claramente a que vem. É uma aliança bem preocupante num país arrasado pelas tropas alemãs nas duas guerras mundiais e onde o nome do líder nacionalista Stepan Bandera (1909-1959), anticomunista que apelou aos nazistas para combater os soviéticos, ainda polariza opiniões. Em 2010, num dos últimos atos de governo, Yushchenko deu a Bandera o título póstumo de "herói da Ucrânia", no que foi condenado pelo Parlamento Europeu.

Parece que, para Bruxelas, não existe pecado do lado do leste da antiga Cortina de Ferro: todas as táticas são válidas em nome da geopolítica energética, inclusive financiar (como fazem entidades europeias e o Instituto Open Society, do megaespeculador George Soros) filhotes do mesmo fascismo que os soviéticos tanto sacrificaram para derrotar, fazendo da heróica resistência soviética uma passagem desbotada na memória das novas gerações.

Guerra civil

A hipocrisia continua na própria representação dos manifestantes: uma foto de Efrem Lukatsky, entre diversas outras publicadas esta semana, mostra oposicionistas disparando não um, mas feixes inteiros de rojões contra os policiais e prédios públicos. Parece que lá, ao contrário daqui, os rojões são armas da democracia e é legítimo apontá-los contra as forças de segurança, por mais que arrisque cair num jornalista.

Twitter/@ChristopherJM

Ucranianos se manifestam em Kiev carregando retrato de Stepan Bandera, líder ultranacionalista e anticomunista

Parece que a ofegante epidemia das revoluções coloridas - em que a cor predominante deve ser o verde dos dólares escoados para financiar campanhas pró-mercado - ameaça voltar e contaminar os países em que governos de centro-esquerda tentam mexer nas feridas do capital, como na Venezuela, Tailândia e Brasil. Imagine-se o que ocorreria se os Estados Unidos tentassem - como esboçaram, com a ALCA - convencer a Argentina a abandonar preferências comerciais com o Brasil, seu maior comprador de carne, trigo e autopeças. Iria instigar uma revolta em Buenos Aires, condenando o governo como ditatorial e pondo a culpa numa suposta influência negativa brasileira? Iria rachar a Argentina ao meio, dizendo que a região norte do país (coincidentemente, também produtora de gás e cereais) era etnicamente mais próxima ao Brasil e que isso explicaria a inconformidade?

Porque esse, perigosamente, é o cenário que se desenha a partir de hoje na Ucrânia: a ameaça de guerra civil se tornou provável quando os governos provinciais do leste e do sudeste (justamente essas áreas de produção de commodities) anunciaram não reconhecer a autoridade dos golpistas de Kiev e que vão assumir a responsabilidade de garantir a ordem constitucional nas suas regiões. Desde este sábado, portanto, a Ucrânia tem dois governos na prática. Os próximos dias vão dizer o futuro da Ucrânia. Talvez o pior estejam guardando pra quando o carnaval chegar. Se a guerra for declarada em pleno domingo, os fascistas e direitistas da EuroMaidan estão em vantagem para transformar o país num sanatório geral.

* Pedro Aguiar é jornalista e professor da Universidade Federal Fluminense

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Eleições 2022 na Colômbia

Quem são os candidatos favoritos das eleições presidenciais da Colômbia?

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País vizinho vai às urnas neste domingo tendo chapa progressista de Gustavo Petro como favorita

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-05-27T12:30:10.000Z

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No próximo domingo (29/05), a Colômbia realiza eleições para eleger um novo presidente e seu vice, em meio a expectativas de mudanças após quatro anos de gestão do Centro Democrático, com Iván Duque, que deixa o cargo com 67% de reprovação. Cerca de 39 milhões de colombianos são convocados a participar do processo.

Restam seis candidaturas inscritas, após dois postulantes, Luis Pérez (Colômbia Pensa) e Ingrid Betancourt (Partido Verde Oxigênio), abandonarem a corrida eleitoral quando faltavam 15 dias para o pleito.

Foram habilitadas 27 missões de observação eleitoral, tanto de organismos regionais — a Organização dos Estados Americanos (OEA) e União Europeia — como de especialistas, entre eles a Transparência Eleitoral, o Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela) e Associação de Órgãos Eleitorais Mundiais (A-WEB, na sigla em inglês). Estas seriam as eleições com a maior supervisão internacional da história do país, segundo o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega. 

O voto é impresso e facultativo. Caso nenhuma chapa obtenha mais de 50% da votação no dia 29 de maio, o 2º turno será realizado no dia 19 de junho e a posse está prevista para 7 de agosto. A legislação colombiana ainda determina que os segundos colocados terão uma vaga garantida no Senado e na Câmara de Representantes.

Um levantamento da empresa Atlas Intel, publicado no dia 20 de maio, aponta que para 66% dos colombianos o principal problema do país é a corrupção. Em segundo lugar estão a pobreza e a falta de oportunidades, elencados como flagelos para 12% dos entrevistados.

Para ocupar a presidência, de acordo com as últimas pesquisas de opinião, três coalizões estão na frente. Pelo campo progressista, Pacto Histórico, de Gustavo Petro e Francia Márquez, lidera com cerca de 40 a 41% das intenções de voto. Já pela direita, duas alianças disputam uma vaga num possível 2º turno: a Equipe pela Colômbia, com Federico Gutiérrez e Rodrigo Lara, que possuem em torno de 27 a 30% da preferência; seguidos da coalizão Liga de Governantes Anticorrupção, com Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, com cerca de 20%.

Petro e Francia também aparecem como vencedores num eventual 2º turno com cerca de 45% das intenções de voto contra 41 e 42% dos oponentes de direita.

Pacto Histórico

A dupla favorita para vencer as eleições na Colômbia representa uma aliança de centro-esquerda, que aglutinou os maiores partidos de oposição (Colômbia Humana, Polo Democrático Alternativo, Partido do Trabalho, Partido Comunista, União Patriótica, Comunes) e movimentos populares colombianos. 

Petro é senador pelo Colômbia Humana, disputou as eleições presidenciais em 2018, ficando em segundo lugar, com 25% dos votos, 14 pontos percentuais atrás de Iván Duque.

Na chapa com Francia Márquez, advogada, líder comunitária e ex-representante do Conselho Nacional pela Paz, Petro propõe combater a fome, reativar as negociações de paz com setores insurgentes, investigar os casos de violência contra líderes sociais e camponeses, reconhecer o direito ao território dos povos indígenas e quilombolas, assim como diversificar a base econômica do país, com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

No último final de semana, o Pacto Histórico realizou seu encerramento de campanha com um ato multitudinário na praça Bolívar, centro da capital Bogotá. "Este 29 de maio é o grito da liberdade da Colômbia. Sem medo, sem temor, com alegria e decisão, vamos escrever essa nova página da nação colombiana, Somos povo livre para construir a Colômbia que queremos", declarou Petro.

O Pacto Histórico também propõe a criação de uma comissão independente de investigação, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), para investigar a situação de violência e os casos de falsos positivos — civis mortos pelas forças de segurança do Estado que são acusados de fazer parte de movimentos insurgentes.

Somos millones los que tenemos el sueño de un país en paz, donde podamos vivir en dignidad y con garantía de derechos. Por eso nos hemos tomado de las manos, para empezar a escribir juntxs una nueva historia para Colombia este 29 de mayo.

¡Gracias, Bogotá!
¡Gracias, Colombia! pic.twitter.com/QnZHqJ2Z84

— Francia Márquez Mina (@FranciaMarquezM) May 23, 2022

Na última terça-feira (24/05), o Pacto Histórico publicou um chamado à comunidade internacional para proteger a apuração dos votos e destacam que somente os juízes eleitorais devem ser responsáveis pelo escrutínio da votação.

Francia Marquez/Twitter
Apesar das ameaças, Gustavo Petro e Francia Márquez se mantiveram na dianteira das pesquisas de opinião durante todo o processo eleitoral

"Há uma evidente intervenção político-eleitoral do presidente, seus ministros e do comandante do exército, alienação dos mecanismos de a controle, Procuradoria, Controladoria e Defensoria com o governo, exibindo a falta de garantias à oposição", denuncia a coalizão. 

Equipe pela Colômbia

A chapa liderada por Federico Gutierrez, ex-prefeito da cidade de Medellin, e Rodrigo Lara, ex-prefeito da cidade de Neiva, realizou sua última atividade de campanha na capital do estado Antioquia, no Parque del Río. Com a promessa de frear a ameaça do "populismo de esquerda", "Fico" Gutiérrez promete combater a desigualdade social criando empregos e aumentando o escoamento da produção no interior do país, através de ferrovias e hidrovias. 

"Aqui os únicos que não são bem vindos são os corruptos e violentos. Devemos entender que há 20 milhões de colombianos que passam fome, é urgente realizar várias mudanças, mas não podemos dar um salto ao vazio, como na Nicarágua e na Venezuela", disse Gutiérrez durante o ato final de campanha.

Gracias Medellín, gracias Colombia. Vamos a ganar la Presidencia!!!🇨🇴🇨🇴🇨🇴💪🏻💪🏻#FedericoEsColombia pic.twitter.com/5j3TpTENSR

— Fico Gutiérrez (@FicoGutierrez) May 22, 2022

Em contraposição à reforma da previdência, defendida por Iván Duque, Gutierrez promete aumentar o subsídio aos aposentados. De acordo com o levantamento da empresa Atlas Intel, a maior parte do eleitorado que apoia Gutierrez tem entre 45 e 65 anos.

Apesar de tentar se distanciar do chamado uribismo — corrente fundada pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, padrinho político do atual presidente —, a chapa de Gutierrez engloba a maior parte do setor tradicional da direita colombiana, com os partidos União pela Gente (PUG), partido Conservador Colombiano, partido Político Mira, os Movimentos, Avante Colômbia, País de Oportunidades e Acreditamos na Colômbia. 

O partido de Iván Duque, Centro Democrático, não entrou na formação da chapa, mas já declarou apoio a Gutiérrez depois que a candidatura de Óscar Iván Zuluaga não deslanchou. A pesquisa divulgada pela empresa Atlas também aponta que 37,9% dos colombianos se identifica como anti-uribista, 13,9% como uribista, enquanto 41,9% nem pró e nem contra o uribismo.

Desde 2002, com a primeira gestão de Uribe, até o momento atual, a Colômbia é governada por presidentes próximos ao uribismo. Ainda que Juan Manuel Santos tenha assinado os Acordos de Paz com as FARC-EP, em 2016, antes ele foi ministro de Defesa de Uribe. Já o atual mandatário, Iván Duque, é considerado seguidor político de Álvaro Uribe Vélez. 

A Justiça Especial para a Paz (JEP) afirma que há evidências de ao menos 6.400 casos de falsos positivos durante os primeiros seis anos da gestão de Uribe como presidente e de Santos como ministro de Defesa.

"O setor representado por Alvaro Uribe Vélez pode estar em decadência eleitoral, mas não está em decadência no seu papel ante a direita mundial, que vê na Colômbia a plataforma de controle hegemônico do poder político [na região]", defende a ex-prefeita de Apartadó e defensora de direitos humanos, Gloria Cuartas Montoya.

Entre as propostas centrais de Gutiérrez estão a luta contra a corrupção e a garantia de segurança no país.

Liga de Governantes Anticorrupção

Em terceiro lugar nas pesquisas e também no campo da direita, está o ex-prefeito da cidade de Bucaramanga, Rodolfo Hernández, e a bióloga Marelen Castillo. Com o lema "não roubar, não mentir, não trair", a dupla apoia sua campanha em cima do combate à corrupção, como o próprio nome da aliança sugere, e no fato de serem uma alternativa à "velha política". A chapa é apoiada pelo Movimento Cívico Lógica, Ética e Estética. 

Hernández é engenheiro civil e dono da HG Construtora. Com um forte discurso contra os movimentos insurgentes, Rodolfo Hernández assegura que teve familiares sequestrados no passado pela FARC-EP e o ELN.

Durante sua gestão como prefeito, foi suspenso por três meses após agredir um vereador da oposição. Apesar do histórico, 58% dos colombianos afirmaram ter uma avaliação positivo de Hernández, segundo pesquisa da empresa Atlas Intel.

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