Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Opinião

A política de Israel “vidas em troca de terra” é roubo. Puro e simples

Encaminhar Enviar por e-mail

Visão do mundo: Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

Robert Fisk

2014-09-09T19:56:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Wikimedia Commons
E foi assim que mais uma fatia da terra palestina foi pelo cano abaixo. Mais uns 400 hectares de terra palestina foram roubados pelo governo de Israel – porque... "apropriação" é roubo, não? – e o mundo já deu as desculpas de sempre. Os norte-americanos consideraram o roubo "contraproducente" para a paz, o que provavelmente menos vigoroso do que a sua reação caso o México roubasse 400 hectares de terra do Texas e resolvesse construir ali casas para os seus emigrantes ilegais nos EUA. Mas, não. Foi na "Palestina" (as aspas são mais necessárias do que nunca) e Israel conseguiu continuar a roubar, embora não nesta escala – este foi o maior roubo de terra em 30 anos, desde que foi assinado o Acordo de Oslo em 1993.

O aperto de mão entre Rabin-Arafat, as promessas e transferências de territórios e retiradas militares, e a determinação de deixar tudo o que é importante (Jerusalém, refugiados, o direito de retorno) para o fim, até que todos confiassem tanto uns nos outros que a coisa seria facílima - não surpreende que o mundo tenha feito descer sobre os dois a sua generosidade financeira.

Mas o recente roubo de terras não apenas reduz a "Palestina", também mantém o círculo de concreto armado no entorno de Jerusalém para manter os palestinos bem distantes, tanto da capital, que é suposto partilharem com israelitas, como de Belém.

Foi instrutivo saber que o conselho israelita judeu Etzion, que administra os colonatos ilegais na Cisjordânia, considerou que este roubo é um castigo pelo assassinato de três adolescentes israelenses em junho. "O objetivo dos assassinatos dos três jovens foi semear o medo entre nós, interromper a nossa vida quotidiana e questionar o nosso direito [sic] à terra", anunciou o conselho Etzion. "A nossa resposta é reforçar a colónia". Deve ser a primeira vez que a terra na “Palestina” é confiscada sem serem convocados argumentos relativos à segurança nacional ou a autoridade pessoal de Deus, mas sim vingança.

Assim se cria um precedente interessante. Se a vida de um israelita inocente – cruelmente ceifada – vale cerca de 130 hectares de terra, a vida de um palestiniano inocente – também cruelmente ceifada – vale a mesma porção de terra. E se metade, que seja, dos 2.200 palestinos mortos em Gaza no mês passado – e esse é um número conservador – fossem inocentes, nesse caso os palestinos teriam agora, presumivelmente, direito a 132.000 hectares de terras israelitas; na realidade, muito mais. E por mais "contraproducente" que isto seja, com certeza os EUA não aprovariam. Israel rouba terra, os palestinos perdem terra; é assim que funciona. É assim desde 1948, e é assim que continuará a ser.

Nunca haverá uma "Palestina", e o mais recente roubo de terra é apenas mais um ponto acrescentado no livro das consternações que os palestinos têm de ler, enquanto os seus sonhos de terem um Estado se vão diluindo. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do "presidente" palestiniano Mahmoud Abbas, afirmou que o seu líder e as forças moderadas na Palestina tinham sido "apunhalados pelas costas" pela decisão dos israelitas, o que é dizer pouco. Abbas tem as costas completamente apunhaladas, de cima a baixo. E o que esperava ele quando escreveu um livro sobre as relações entre palestinos e israelitas em que não escreveu nem uma única vez, uma que fosse, a palavra "ocupação"? O que significa que voltamos ao velho jogo. Abbas não pode negociar com ninguém a menos que fale pelo Hamas ou pela Autoridade Palestina. Como Israel sabe. Como os EUA sabem. Como a União Europeia sabe. Mas cada vez que Abbas tenta construir um governo de unidade nacional, todos nós gritamos que o Hamas é uma organização "terrorista". E Israel argumenta que não pode conversar com uma organização "terrorista" que exige a destruição de Israel – ainda que Israel costumasse conversar muito com Arafat e, naqueles dias, tenha ajudado o Hamas a construir mais mesquitas em Gaza e na Cisjordânia, para servirem como contrapeso ao Fatah e a todos os outros então "terroristas" lá de Beirute.

Claro, se Abbas fala só por si, então Israel diz o que já disse: que se o Abbas não fala por Gaza, Israel não tem com quem negociar. Mas isso realmente ainda interessa? Devia existir uma manchete especial em todos os artigos deste género: "Adeus, Palestina".

(*) Publicado originalmente no Esquerda.net

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Direitos Humanos

Maioria dos católicos alemães rejeita condenação do aborto

Encaminhar Enviar por e-mail

Declarações do papa e da Igreja contra a interrupção da gravidez são rechaçadas por 58% dos católicos, indica pesquisa

Darko Janjevic

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-09T21:59:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Uma pesquisa de opinião realizada na Alemanha revelou uma grande distância entre a os fiéis católicos e a os líderes da Igreja Católica, em relação ao aborto.

O levantamento, realizado pela INSA Consulere a pedido do jornal Die Tagespost, perguntou aos entrevistados: "É bom que o papa e a Igreja se manifestem contra o aborto?"

Somente 17% dos respondentes católicos responderam que sim. Outros 58% disseram que não. Entre os protestantes, apenas 13% eram favoráveis às declarações contra o aborto. Mais de dois terços discordaram dos posicionamentos do papa Francisco ou da Igreja Católica sobre o aborto.

Para a pesquisa foram entrevistados 2.099 cidadãos no fim de julho e início de agosto.

Igreja progride, mas só até certo ponto

O papa Francisco reorientou a Igreja Católica para um caminho mais liberal desde que assumiu o cargo de pontífice, em 2013. Ele tomou posições contundentes sobre padres envolvidos no abuso sexual de crianças, condenou governos de países do Ocidente por deportarem imigrantes, pediu mais ajuda para os pobres e mais esforços para preservar o meio ambiente. Publicamente, ele também agiu para reduzir o preconceito contra pessoas LGBTQ, afirmando que Deus "não renega nenhum de seus filhos" e endossando as uniões civis entre homossexuais.

Papa Francisco conduziu iniciativas para modernizar a Igreja Católica, mas mantém sua firme condenação ao aborto
Eric Gay/dpa/AP/picture alliance

No entanto, o papa Francisco também decepcionou alguns de seus apoiadores mais liberais ao rejeitar a benção católica para os casamentos gays. Ele também recusou-se a abandonar a posição tradicional da Igreja sobre o celibato de sacerdotes, assim como sobre o aborto, que o Vaticano vê como um ato de assassinato.

Francisco sobre o aborto: "É correto contratar um assassino?"

Em entrevista à agência de notícias Reuters em julho, Francisco reafirmou a sua opinião de que fazer um aborto seria semelhante a contratar um assassino.

"A questão moral é se é correto matar uma vida humana para resolver um problema. De fato, é correto contratar um assassino para resolver um problema?" questionou.

A questão do aborto não é a única em que o Vaticano enfrenta perda de apoio na Alemanha. Há menos de três semanas, a Igreja Católica pronunciou-se contrária ao movimento católico progressista alemão Caminho Sinodal, advertindo-o que não tem autoridade para instruir bispos sobre questões de moralidade e doutrina.

O movimento vem fazendo pressão para que os padres sejam autorizados a casar, mulheres possam tornar-se diáconos e que a Igreja dê sua benção a casais do mesmo sexo.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados