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Opinião

O carisma maquiavélico de Obama na Cúpula das Américas

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Mesmo em ambiente pouco amigável, criticado por atacar Venezuela, presidente dos EUA conseguiu impor agenda positiva de reaproximação com Cuba

Filipe Figueiredo

2015-04-16T14:00:00.000Z

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No último final de semana ocorreu a VII Cúpula das Américas, encontro de alto nível governamental que reúne líderes de todos os países americanos, membros da OEA (Organização dos Estados Americanos). Realizada desde 1994, a Cúpula foi institucionalizada em 2009, com pauta e periodicidade. De três em três anos, o continente se reúne para discutir democracia e livre-comércio; a próxima cúpula será em 2018, no Peru. A mais recente, realizada no Panamá, teve duas facetas. Um grande componente dedicado a protestar contra os EUA e sua política, contrastando com o protagonismo e o carisma de Barack Obama.

Recentemente, Obama colocou a Venezuela na lista de possíveis ameaças aos EUA e, com esse precedente, impôs sanções a sete indivíduos do governo venezuelano. O motivo foi o tratamento do governo a cidadãos dos EUA e a violação de direitos humanos durante protestos contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas. Em um primeiro momento, não há grandes consequências para a economia ou para a política venezuelana. O problema, que gera preocupação, é que esse é o primeiro passo para eventuais sanções maiores, que podem afetar a já combalida economia do país sul-americano, somada à queda do preço do petróleo.

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No vídeo abaixo, Filipe Figueiredo faz um balanço da VII Cúpula das Américas no Panamá:

Maduro aproveitou a Cúpula para criticar o que classificou de um ato de imperialismo dos EUA, e afirmar que nem ele, nem seu governo, são “anti-Estados Unidos”, mas sim, “anti-imperialistas”. Recebeu apoio de outros líderes de países da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), como Evo Morales da Bolívia, Rafael Corrêa do Equador e Daniel Ortega, presidente sandinista da Nicarágua, além da argentina Cristina Kirchner e líderes de países caribenhos. Todos criticaram a postura do governo de Obama e afirmaram que a Venezuela não é uma ameaça aos EUA; segundo Evo Morales, Obama é o “chefe de campanha” de Maduro, pois tudo que faz acaba dando mais apoio ao presidente venezuelano.

Mais do que criticar o governo atual, lembraram diversos episódios da história em que o intervencionismo e o imperialismo dos EUA foi explícito, como o período da Doutrina Monroe e a Guerra Fria. Obama respondeu de forma dúbia, talvez com sarcasmo, afirmando que “aprecia as aulas de história que sempre recebe” quando comparece à Cúpula das Américas. Nesse tema, a presidente Dilma Rousseff se limitou a dizer que a Venezuela não é uma ameaça. Ao final do encontro, como parte dos esforços para atender seu pedido de encerramento das sanções, Maduro teve um encontro fechado com Obama.

Embora na berlinda, Obama sai por cima

Considerando o número de países que criticaram a postura dos EUA, parcela considerável dos discursos proferidos pelos líderes presentes foi de tom crítico ao governo Obama. No entanto, é possível dizer que ele saiu como o grande beneficiado do encontro. É quase contraditório, mas dois fatos explicam isso. O primeiro, que roubou as atenções midiáticas, foi a consolidação da reaproximação entre EUA e Cuba; o país caribenho, também parte da Alba, participou pela primeira vez da Cúpula, dada sua histórica suspensão da OEA por supostamente violar a cláusula democrática da organização. Um rigor que não foi aplicado a outros governos autoritários da região, diga-se.

Agência Efe

Em dia histórico, Obama e Castro realizaram encontro bilateral entre EUA e Cuba

Raúl Castro iniciou sua participação justamente brincando com esse fato, afirmando que, como a OEA devia algumas participações a Cuba, ele poderia fazer um discurso longo, para risos dos presentes. Houve ainda um encontro bilateral, com parte dele em frente aos jornalistas, com Obama, a primeira vez que um líder dos EUA e um líder cubano se encontram formalmente desde 1959 — Raúl Castro já havia cumprimentado Obama no funeral de Nelson Mandela, mas não era um evento de natureza política formal. O cubano chamou Obama de “homem honesto”, a réplica veio em forma de “um homem que respeito”. Mesmo na hora de pedir o fim do embargo contra Cuba, Castro não abandonou a simpatia.

E nesse tema, o apoio foi grande, inclusive de Dilma Rousseff, assertiva no pedido de fim do embargo. Após a Cúpula, Obama retirou Cuba da lista de países que financiam o terrorismo do Departamento de Estado dos EUA. Um ato executivo, que depende apenas da caneta do presidente; retirar o embargo envolve também o Legislativo, hoje, de maioria republicana. Ao demonstrar afinidade e boa vontade com Cuba, Obama desmontou a retórica de Maduro, além de ocupar grande parte da mídia com o encontro histórico, que marca “uma nova era”, em suas palavras, assim, esvaziando a repercussão das críticas.

Dilma acerta visita aos EUA

Como cereja no bolo, Obama se aproximou do maior país sul-americano, em encontro com Dilma Rousseff. Na frente das câmeras, sorrisos e afagos, além de um discurso amigável e conciliador fora delas. Tudo para sacramentar os esforços do governo dos EUA em recuperar sua imagem após o escândalo de espionagem em 2013; garantias públicas de Obama que países amigos não seriam espionados e três visitas do vice-presidente Joe Biden ao Brasil, inclusive a presença na posse do segundo mandato de Dilma, em 2015. A consagração da superação da crise veio no anúncio público de que Dilma visitará Washington em 30 de junho de 2015, em visita de trabalho.

Uma visita de trabalho não possui a mesma intensidade e o mesmo simbolismo de uma visita de Estado, como seria a de Dilma em 2013, cancelada como consequência do vazamento da espionagem até do celular pessoal da presidenta. A nomenclatura “visita de Estado” já deixa claro do que se trata, um Estado, simbolizado pelo seu chefe, visitando outro Estado, uma reunião entre dois países. Demoradas, com grandes delegações e extensa agenda. Talvez para diminuir as especulações sobre a falta de nova visita de Estado, anunciou-se que a agenda de Obama em 2015 estava cheia e que Dilma queria um evento o mais cedo possível.

Nicolau Maquiavel disse, em sua obra mais conhecida, O Príncipe, que um bom governante deve usar seu carisma pessoal para os fins de seu governo. E é o carisma pessoal de Obama que explica ele sair vencedor de um encontro de alto nível em que, na maior parte do tempo, foi criticado e atacado, seja seu governo, seja seu país. Formado em Direito por Harvard, Obama muito provavelmente leu Maquiavel. Os sorrisos, a oratória e a simpatia na frente das câmeras com dois países que estavam em relação complicada com Washington colocaram o presidente dos EUA como o grande protagonista, e beneficiado, da Cúpula das Américas no Panamá.

(*) Filipe Figueiredo é redator do Xadrez Verbal

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Política e Economia

União Europeia declara que texto de acordo nuclear é 'definitivo'; Irã nega finalização

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Negociações entre bloco econômico e Irã ocorrem para tentar salvar o acordo chamado Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), assinado originalmente em 2015

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-08-08T22:30:00.000Z

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Fontes da União Europeia informaram nesta segunda-feira (08/08) que o bloco econômico apresentou um "texto final" para o acordo nuclear que é debatido em Viena, na Áustria, com o Irã e com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Nós trabalhamos por quatro dias e hoje o texto está na mesa. A tratativa terminou, o texto é definitivo e não será renegociado", disse um funcionário do bloco, em condição de anonimato, aos jornalistas que acompanham os debates.

Pouco tempo depois, porém, o governo do Irã negou a informação por meio da declaração de um diplomata à agência estatal iraniana Irna. "Não estamos em uma fase em que sequer podemos falar de finalização de texto", disse o representante, em condição de anonimato.

Segundo o iraniano, ainda há alguns pontos em "suspensão" e o resultado das conversas "dependerá da determinação dos outros participantes em tomar decisões políticas sobre as propostas já apresentadas por Teerã".

Em Viena, outro funcionário da União Europeia contou aos jornalistas que as delegações dos países e organizações envolvidos deixariam o local e que agora "tudo dependerá da resposta formal dos participantes", o que deve ocorrer nos próximos dias.

European External Action Service/Flickr
Bloco econômico apresentou um "texto final" para o acordo nuclear; para Irã ainda há alguns pontos em "suspensão"

As negociações entre as partes ocorrem para tentar salvar o acordo assinado em 2015, chamado de Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), que inclui todos os membros do CS da ONU (Estados Unidos, França, China, Rússia e Reino Unido - mais a Alemanha), com intermediação da UE.

O pacto perdeu força em 2018, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do acordo e reimpôs sanções unilaterais contra o Irã. Como resposta, Teerã parou de respeitar diversos itens do pacto de maneira intensa, como o enriquecimento de urânio, o que poderia indicar a construção de armas nucleares. Na última semana, o governo do país chegou a dizer que já tinha essa capacidade, mas que não queria construir os armamentos.

No entanto, com a eleição de Joe Biden, que tomou posse em janeiro de 2021, voltou a ser aberta a possibilidade de que os EUA voltassem ao acordo para tentar apaziguar a situação.

E, desde o fim do ano passado, dezenas de reuniões entre delegações de todas as nações envolvidas foram realizadas para tentar a chegar a um novo acordo para a implementação das regras.

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