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Opinião

Não acredite em mim: a imprensa internacional já deu a letra e a história chamará o que vivemos de golpe

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Se ainda havia espaço para dúvidas, a votação na Câmara e a repercussão internacional trataram de tirá-las. Não restará outro nome para o que está ocorrendo no Brasil em 2016: é golpe

Victor Amatucci

2016-04-26T14:17:00.000Z

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Clique para acessar todas as matérias e artigos de Opera Mundi e Samuel sobre o processo de impeachment

Esta coluna já havia mostrado que restavam poucas dúvidas na imprensa internacional quanto à legalidade do processo liderado por Eduardo Cunha. Jornais e revistas da América Latina à Europa já escancaravam enormes dúvidas sobre o que terminou como filme de pastelão tragicômico exibido ao vivo mundialmente.

Pela família quadrangular, todos disseram sim. Eu, particularmente, fiquei esperando o momento em que algum(a) deputado(a) mandaria um beijo para a Xuxa e a especialmente para a Sasha.

O show de horrores teve roteiro digno de qualquer programa do Chacrinha. Ou de qualquer PCC fake no Gugu. Mas foi tamanho que até quem costumava acreditar na imprensa nacional se arrependeu.

Agência Efe

Câmara dos Deputados aprovou no último dia 17 a admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff

O Le Monde chegou a perguntar publicamente se a sua própria cobertura não teria sido enviesada e afirmou o que (quase) todo brasileiro está cansado de saber: não há imparcialidade em terras macunaímicas.

E se Dilma foi a primeira pessoa na história mundial a unir o PMDB – nem tanto, eu sei, mas deixemos a frase, que a piada é boa –, a nossa imprensa conseguiu feito igualmente singular de unir os franceses do Le Monde com os ingleses do The independent que também reportou a malfadada crise midiática na terra da CBF. E a esta altura já está claro que não é preciso acreditar em mim.

O português Expresso afirmou ainda mais categoricamente que, "entre os povos livres e civilizados, a ideia que passou é que o Brasil é mesmo um país do Terceiro Mundo, onde a democracia é uma farsa e a classe política um grupo de malfeitores de onde está ausente qualquer vestígio de serviço público", acabando com qualquer chance desse colunista fazer piadas de português, ao menos por uns tempos.

Mas melhor que piada de português, convenhamos, é piada inglesa. A última, contudo, foi contada por um brasileiro bastante célebre, de nome Roberto Marinho. Indignado com a reportagem do The Guardian de título “The real reason Dilma Rousseff’s enemies want her impeached” (A real razão pela qual os inimigos de Dilma desejam o impeachment) que cita o apoio da Globo ao golpe de 1964 e afirma o óbvio – que o mesmo jornal, da mesma família, continua defendendo a mesma coisa –, resolveu pedir o que ele mesmo nunca concedeu: direito de resposta.

O jornal inglês publicou em forma de comentário na postagem do Facebook de sua própria página. A resposta, que você pode ver ao lado, é tão verdadeira quanto o nome “Revolução de 1964”. Nela o Marinho chariman afirma que as organizações Globo fazem apenas seu dever.

Não é preciso acreditar em mim para ver que o espaço para visões opostas, outro lado e desmentidos, no Brasil, andam com popularidade semelhante ao de nossa presidenta.

Também não é preciso percorrer jornais não hegemônicos, mídia alternativa e outros quitutes do jornalismo internacional para saber que a imprensa tem um lado apenas. O NY Times, conforme noticiado neste Opera, afirmou que o processo anticorrupção é comandado por parlamentares corruptos.

Em terras latinas as manchetes ganham aquele calor característico. O colombiano El Espectador aproveitou o “sim” de Tiririca para chamar nosso Congresso de circo. O governo cubano foi mais educado, ao chamar de Golpe de Estado Parlamentar, mesma linha do argentino Página/12, que publicou artigo com título “El Golpe Institucional contra Dilma Rousseff ya está em Marcha”.

Golpe Parlamentar, Golpe Institucional, Golpe branco ou, como chamou a global Miriam Leitão “golpe que não parece golpe". Ah, sim, a Miriam se referia, em 2012, ao golpe paraguaio. Ela foi bastante enfática: no Paraguai, o Congresso deu um golpe e derrubou o presidente usando uma lei que está na Constituição, mas que fere princípios democráticos, como o do direito de defesa. Calma, não vou pedir que acredite em mim, leia por si.

Fato é que a Globo, o Estadão, Cunha e Temer podem dar o nome que quiserem aos fatos correntes. Mas os livros de história vão se basear em leituras como essas para registrar com apenas uma palavra todo o espetáculo que estamos vivemos: é golpe o nome do que ocorre no país em 2016. Resta saber em que ano sairá o novo pedido de desculpas da imprensa nacional.

(*) Victor Amatucci é editor do Blog ImprenÇa {{não acredite em mim}}

 

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Política e Economia

Em 1º discurso após posse, Petro promete reforma na política contra as drogas na Colômbia

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Ao lado da espada de Simón Bolívar, novo presidente colombiano disse que a política antidrogas 'fracassou profundamente', afirmando que a 'paz é possível' no país

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-08-07T22:35:00.000Z

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Ao som ovacionado das milhares de pessoas reunidas na Praça Bolívar, em Bogotá, Gustavo Petro realizou seu primeiro discurso neste domingo (07/08) como novo presidente da Colômbia. Petro reafirmou o compromisso de uma reforma na política contra as drogas no país.

"A política contra as drogas fracassou profundamente. A guerra fortaleceu a máfia e debilitou Estados, levando-os a cometerem crimes e evaporou o horizonte da democracia. Chegou o momento de mudar a política antidrogas no mundo para que seja a vida ajudada e não a morte", disse.

Durante seu discurso, Petro pediu que a espada de Simón Bolívar fosse deixada no palco, ao seu lado. Para ele, o objeto significa "toda uma vida, uma existência" que o auxiliou no processo que culminou em sua eleição à Presidência.

Petro disse não querer que a espada esteja "enterrada", que ela seja a "espada do povo". "Chegar aqui implica recorrer uma vida, uma vida imensa que nunca é sozinha. Aqui estão todas a mulheres colombianas que lutam para superar o machismo e construir uma política do amor. As mãos humildes dos operários, dos campesinos, o coração dos trabalhadores que me apoiam sempre quando me sinto débil", declarou.

Segundo o novo mandatário, os colombianos, "muitas vezes", foram "condenados ao impossível e a falta de oportunidades". No entanto, Petro declarou a "todos que estão me escutando" que, agora, "começa nossa segunda oportunidade". 

"Nós ganhamos, vocês ganharam. O esforço de vocês valeu a pena. Agora é hora de mudança, nosso futuro não está escrito e podemos escrever juntos e em paz. Hoje começa a Colômbia do impossível", disse durante a posse, declarando que sua eleição é uma história contra aqueles que não acreditavam, "daqueles que nunca queriam soltar o poder. Porém o fizemos".

Redistribuição de riqueza

Petro afirmou que a "igualdade será possível" na Colômbia, para que a desigualdade e a pobreza não "sejam naturalizadas", já que, segundo o novo presidente, o país é uma das "sociedades mais desiguais em todo o mundo", afirmando ser necessário mudar este paradigma "se queremos ser uma nação e viver em paz". 

Reprodução/ @FranciaMarquezM
Petro e Márquez tomaram posse neste domingo como o primeiro governo de esquerda na Colômbia

"Vamos ser uma Colômbia mais igualitária e com mais oportunidades a todos. A igualdade é possível se formos capazes de gerar riqueza e capazes de distribuí-la. Para isso, é necessário uma reforma tributaria que gere justiça", afirmou durante o discurso.

O presidente reafirmou que seguirá os Acordos de Paz, assinados em 2016, e também as resoluções da Comissão da Verdade em relação à violência no país. Ele declarou que é preciso terminar "para sempre" com os conflitos armados, convocando "todos as pessoas armadas para buscar um caminho que permita a convivência, não importando os conflitos que existam".

"Encontrar soluções através da busca por mais democracia para terminar a violência. Convocamos todos os armados a deixarem as armas, aceitar jurisdições pela paz, a não repetição definitiva da violência, para que a paz seja possível. Precisamos dialogar, nos entender e buscar os caminhos comuns e produzir mudanças. A paz é possível", afirmou.

Posse de Petro

Petro tomou posse neste domingo em uma cerimônia na Praça Bolívar, em Bogotá. Aos 62 anos, ele é o primeiro mandatário de esquerda a assumir o poder na história do país.

O presidente do Senado colombiano, Roy Barreras, foi o encarregado de ler o juramento a Petro, que fala em "cumprir fielmente a Constituição e as leis" do país. Na sequência, a senadora María José Pizarro, filha de Carlos Pizarro assassinado em 1990 e que foi companheiro do agora presidente na guerrilha Movimento 19 de Abril (M-19), entregou a faixa presidencial ao novo chefe de Estado.

Também na posse, a vice-presidente eleita Francia Márquez realizou juramento, que foi lido pelo agora mandatário da Colômbia.

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