O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusou de terroristas os médicos cubanos que atenderam em seu país entre 2013 e 2018, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, a 113.359 pacientes, em mais de 3.600 municípios, e deram cobertura médica permanente a 60 milhões de brasileiros como parte do programa Mais Médicos, materializado em conjunto com a Organização Pan-americana da Saúde.
Em declarações à imprensa na segunda-feira (06/01), acerca da situação entre Irã e Estados Unidos, Bolsonaro justificou o assassinato do general Qassim Soleimani, ordenado por seu aliado político Donald Trump, além de classificar os membros do Partido dos Trabalhadores (PT) como terroristas, quem, segundo ele, “invadiram o governo por 14 anos”, escreveu o Sputinik News.
Sobre as equipes cubanas de saúde, em meio a sua euforia difamatória contra todos aqueles cujas ideias e princípios não comunga, disse que se encontravam “tramando nos lugares mais pobres”, e os chamou de “esquerdalha”, que se aproveitam das “pessoas mais pobres e desinformadas para vender sua política”, manipulando a nossa nobreza em um programa como o Mais Médicos, dirigido à famílias de baixa renda que ficaram desprotegidas devido a esta decisão irresponsável de seu mandatário.
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O jornal brasileiro O Globo, no mesmo dia em que Bolsonaro concedeu a entrevista, afirmou que não existe evidência de que os médicos cubanos estiveram envolvidos em atividades terroristas, e recorda que a definição de ato terrorista é o ataque deliberado contra objetivos civis para causar pânico.
Fotos Públicas
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, no ato de homenagem à brigada médica que participou no Mais Médicos, destacou que cerca de 20.000 colaboradores cubanos da saúde haviam estado no Brasil, graças aos quais ”mais de 700 municípios desse país tiveram um médico pela primeira vez em sua história”.
Lembrou que o programa nasceu como uma iniciativa de Dilma Rousseff, então presidente do gigante latino-americano, e buscava assegurar a atenção médica à maior quantidade possível da população brasileira, razão pela qual os especialistas cubanos foram trabalhar em zonas de extrema pobreza como as favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador da Bahia e aos 34 distritos especiais Indígenas, sobretudo na Amazônia. Um estudo da Universidade de Minas Gerais revelou que essa população dava 95% de aceitação a essa proposta humanista.
Não é a primeira vez que as opiniões de Bolsonaro têm um efeito de eco das políticas da Casa Branca, o que lhe rendeu o apelido de Trump dos Trópicos. Suas acusações se unem à cruzada de Washington contra a cooperação médica internacional de Cuba, que apesar do ataque, firmou em 2019 cerca de 27 instrumentos jurídicos bilaterais com 23 países, e foram atendidas no Sistema Nacional de Saúde 687 delegações de executivos e funcionários estrangeiros , sendo 2.808 dos EUA.