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Opinião

De negacionistas a QAnon, teorias da conspiração avançam

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Cada vez mais pessoas acreditam em coisas que, apenas pouco tempo atrás, seriam consideradas puro absurdo

Martin Muno

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2021-02-02T18:17:00.000Z

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Se apenas alguns anos atrás alguém tivesse afirmado publicamente que uma elite de âmbito mundial mantinha presas crianças sequestradas e as torturava para extrair um elixir da juventude, se teria sugerido que essa pessoa procurasse urgentemente tratamento psiquiátrico. Hoje em dia, segundo uma enquete britânica, 10% de todos os cidadãos dos Estados Unidos se declaram adeptos dessa narrativa de conspiração chamada QAnon.

O movimento também chegou à Alemanha. Segundo pesquisas da Fundação Amadeu António, há no país 150 mil simpatizantes do QAnon, o que caracteriza a Alemanha como sua maior comunidade fora do espaço anglófono.

Um estudo da Fundação Konrad Adenauer indica que cerca de um terço dos alemães está aberto para mitos conspiratórios. Excluídos os menores de 14 anos, isso equivale a cerca de 24 milhões de cidadãos. Outras pesquisas apresentam resultados semelhantes. E também detectam numerosas conexões entre adeptos do QAnon, negacionistas da pandemia e extremistas de direita.

O absurdo a um clique de distância

Como é que um absurdo declarado pode atrair círculos tão grandes, num mundo esclarecido? Afinal, vivemos no século 21, e não na Idade Média. A resposta não é complicada: porque essas asneiras estão a apenas um clique de mouse de distância. As redes sociais, em especial, são um reservatório para informações falsas e teorias de conspiração.

Através de uma análise de dados, o centro de pesquisas Correctiv estabeleceu que o Facebook e o Youtube são as plataformas em que a maioria das potenciais fake news foi difundida em 2020. E elas costumam ser passadas adiante também nos serviços de mensagens como Telegram ou Whatsapp. Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) demonstraram que demora seis vezes mais para alcançar 1.500 indivíduos com uma informação verdadeira do que com uma falsa.

Douglas Christian/Zumapress/picture alliance
'Invasão do Capitólio demonstrou que mitos conspiratórios têm o potencial de destruir democracias'

Sobretudo as grandes plataformas sociais se encontram diante de um impasse: por um lado, definem o conceito de liberdade de opinião de forma muito vaga, e muitas vezes acabam entrando nessa categoria notícias falsas e até mesmo xingamentos. O Facebook chegou ao ponto de, até outubro de 2020, se recusar a eliminar de suas páginas a negação do Holocausto, que é passível de pena em 18 países.

Por outro lado, após a última eleição presidencial nos EUA, e o mais tardar em seguida à invasão do Capitólio por massas incitadas por Donald Trump, as redes sociais reconheceram o perigo que representam fake news e ódio.

Holocausto começou com mitos de conspiração

Mas não passa de um começo o fato de agora plataformas isoladas bloquearem as contas de personalidades de maior ou menor destaque, marcarem notícias falsas óbvias com advertências, tentarem também conscientizar as usuárias e usuários de sua carga de responsabilidade.

É preciso acontecerem duas coisas: primeiro, os próprios Facebook e companhia devem ser responsabilizados por postagens de ódio e fake news. A Comissão Europeia tenta isso no momento com o Digital Services Act (DSA). Não é tarefa fácil, já que é extremamente tênue a linha divisória entre coibir notícias falsas e censurar. No entanto, é preciso que seja empreendida.

Por outro lado, é preciso fortalecer a competência midiática, dado que sobretudo os jovens tendem a se informar antes através das mídias sociais do que das tradicionais. Os meios de comunicação clássicos, por sua vez, estão convocados a desenvolver formatos de programas capazes de alcançar melhor a "geração Youtube".

O combate aos mitos conspiratórios é urgente e importante. Pois eles têm o potencial de destruir democracias, como se viu recentemente em Washington. Na última semana de janeiro, em seu discurso no Parlamento federal alemão, no Dia Memorial do Holocausto, a jovem política Marina Weisband, do Partido Verde, chamou a atenção para esse fato, ao enfatizar que "o antissemitismo não começa quando se dá tiros numa sinagoga": "A Shoah não começou com câmaras de gás. Ela começa com narrativas conspiratórias."

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Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

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Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

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Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

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