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Como transformar a morte em vida: prestigiadores da imprensa sionista

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Genocidade sionista é lenta e conta com inúmeros suportes para seguir seu objetivo; a mídia é um dos pilares de sustentação

Berenice Bento

Brasília (Brasil)
2021-02-12T21:08:00.000Z

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Não há muita novidade para quem acompanha a imprensa “livre” francesa de que o mantra da liberdade de expressão caracterizaria a vida pública da República da “liberdade, igualdade, fraternidade”. Tampouco há muita novidade em afirmar que esta mesma imprensa tem sido (contrariando seu mantra fundante) um dos principais portos-seguros do Estado de Israel para assegurar suas políticas continuadas de limpeza étnica e a genocidade contra o povo palestino. Digo genocidade para me referir às políticas continuadas de expulsão e extermínio dos originários da terra: o povo palestino. A genocidade não se caracteriza por um ato único (por exemplo, ligar uma câmara de gás e matar dezenas de seres humanos em um único ato). A genocidade sionista é lenta e conta com inúmeros suportes para seguir seu objetivo. A imprensa/mídia é um dos seus pilares de sustentação.

Sigo diariamente a TV5Monde pela internet. No dia 06 de fevereiro, uma das primeiras matérias do jornal informava que a promotora do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, declarou a aprovação da abertura de uma investigação sobre os crimes de guerra nos territórios palestinos cometidos por Israel. Bensouda iniciou uma investigação preliminar em janeiro de 2015 sobre as denúncias do massacre cometido por Israel contra a população palestina residente em Gaza em 2014. Resultado do massacre: 2.251 mortos palestinos/as a maioria civil (desse total, 550 eram crianças). Israel perdeu 74, quase todos militares. Também examinou a violência perto da fronteira entre Israel e Gaza em 2018. No dia 05/02, o TPI aprovou que sua jurisdição se estende aos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, que incluem Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza.

Logo depois da notícia da admissão pelo TPI do processo contra Israel, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se pronunciou e articulou as três palavras mágicas que operam grande parte da genocidade sionista: terrorismo, antissemitismo e direito à autodefesa. O mesmo tripé que tem sido operado para perseguir ativistas dos direitos humanos engajados na campanha global pelo boicote a Israel. Sem a pompa do primeiro ministro israelense, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, faz uma declaração anêmica sobre a importância daquela decisão. Todo estudante de jornalismo sabe que a verdade da notícia é construída no espaço mágico das ilhas de edição, com seus cortes e colas.

Diariamente a TV5 tem realizado pequenos informes sobre a pandemia da covid-19 no mundo (principalmente nos países francófonos) e o eixo central tem sido (já há algumas semanas) as imensas dificuldades de vacinação da população francesa, os novos desafios da ciência diante das variantes do vírus no Reino Unido, na África Sul e (mais recentemente) no Brasil. Mas no dia 06 de fevereiro algo novo aconteceu na redação da TV5Monde.  

Logo após a notícia sobre a abertura de processo contra o Estado de Israel, uma matéria sobre o êxito da vacinação dos israelenses assumiu o protagonismo. Cenas de israelenses sendo vacinados, entrevistas com pessoas vacinadas, cenas da cidade de Tel Aviv. Enfim, a mensagem parecia transparente: Israel é um país do biopoder. Um lugar em que o Estado cuida de sua população. Vejam que beleza de país: mesmo com todo o sucesso na vacinação, ainda assim, antecipando-se ao pior, se estuda a proposta de um novo lockdown para se prevenir contra as novas variantes do vírus. Enfim, Israel é um Estado que cuida da vida de sua população.  

Wikimedia Commons
Prestigiadores da imprensa sionista mundial tentam construir uma Israel deslocada das políticas de morte contra o povo palestino

Não tenho a menor dúvida de que após escutar as duas matérias, as imagens de israelenses (certamente, judeus/judias) sendo vacinados ficarão tatuadas na memória dos/as telespectadores/as e as poucas imagens dos bombardeios de Gaza em 2014, apresentadas na matéria anterior, desaparecerão. Aqui, nos movemos no espaço da retórica do poder. Não se trata, contudo, apenas de palavras. No mundo em que somos subjetivados principalmente pelas imagens, a cena da jovem israelense usando máscara e as outras entrevistas (por exemplo, com uma operadora da saúde falando um inglês impecável), não deixará espaço para nos lembrarmos de que Israel tem se negado sistematicamente a vacinar os/as presos/as políticos/as palestinos/as, de que Gaza segue bloqueada por Israel e sem permissão de saída e entrada de ajuda internacional. Depois de muita pressão internacional, espera-se que 2.500 residentes de Gaza sejam vacinados/as. Por que a TV5 não informou ao/à seu/sua telespectador/a da catástrofe que se abate sobre o povo palestino e da responsabilidade reconhecida internacionalmente do Estado de Israel? Por que a TV5 nunca fez uma reportagem sobre a situação dos quase dois milhões de palestinos vivendo na maior prisão do mundo? Atualmente, Gaza compatibiliza 529 mortos e 52.543 infectados pela covid-19 e a pouca e precária estrutura hospitalar da “cidade” (leia-se: prisão), corre risco com os bombardeios diários de Israel.

E aqui, diante dos nossos olhos, a TV5Monde faz o trabalho de produção da realidade. Os/as prestigiadores/as da imprensa sionista mundial tentam construir uma Israel deslocada das políticas de morte continuidade contra o povo palestino. Conforme já apontei em outros textos, a biopolítica israelense só pode ser compreendida vinculando-a às necropolíticas implementadas contra o povo palestino. Portanto, não estamos diante de dois conceitos desconectados (biopolítica e necropolítica). A necrobiopolítica (conceito que desenvolvi em outro momento) nos informa que a vacina, símbolo da vida, transformou-se (pela negação do Estado ocupante em vacinar a população que vive sob seu domínio colonial) em negação da vida. A não-vacina, portanto, tem se transformado em mais um momento de genocidade da política sionista.  Assim, contraditoriamente, a TV5 ao apresentar a primeira matéria marcada pela morte (crime de guerra contra o povo palestino) e, depois, a vacinação “em massa” dos israelenses (como símbolo de um Estado protetor da vida) contribui para a genocidade do povo palestino. 

*Berenice Bento é Professora Associada do Departamento de Sociologia/UnB

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Hoje na História

Hoje na História: 1912 - Transatlântico Titanic naufraga em sua primeira viagem

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Balanço da tragédia registrou 1.502 vítimas fatais; entre os sobreviventes estão 205 dos 329 passageiros da primeira classe; 118 dos 285 da segunda; e 178 dos 706 da terceira

Max Altman

São Paulo (Brasil)
2021-04-14T16:03:00.000Z

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No curso de sua viagem inaugural, o transatlântico Titanic afundou na noite de 14 para 15 de abril de 1912. Foi a catástrofe marítima mais midiática de todos os tempos. O balanço da tragédia registrou 1.502 vítimas fatais.

O transatlântico britânico foi colocado no dique em 31 de março de 1909, no estaleiro naval de Harland and Wolff, em Belfast, quatro meses depois de seu "barco gêmeo", o Olympic. Construído pela companhia White Starline, o Titanic foi apresentado como o maior e mais luxuoso navio de todos os tempos.

Com 269 metros de comprimento e 28 de largura, pesando 46.328 toneladas, o Titanic era até então o mais gigantesco engenho construído por mãos humanas. Sua altura total atingia 52 metros, dos quais 10,5 metros ficavam sob a água. Contava com 3 motores e 29 caldeiras. Possuía sete deques, sendo quatro para a primeira classe. Dispunha ainda de quatro chaminés imponentes, de 19 metros de altura, das quais uma decorativa, servindo apenas para a aeração da cozinha.



A primeira classe contava com piscina, banhos turcos, quadra de squash, eletricidade e aquecimento em todas as cabines. A escadaria era esculpida no estilo Art Nouveau.

O orgulhoso navio era considerado insubmersível, devido ao seu duplo casco, em placas de aço, dividido em 16 compartimentos estanques, isolados por uma porta corrediça. As portas dispunham de detectores que fechavam automaticamente ao simples contato com a água.

Com tantas novidades e tamanha segurança, a construtora do navio não julgou  necessário prever tantos lugares nos botes de salvamento quanto pessoas a bordo. A fim de não encobrir os deques superiores, reduziu de 32 a 20 as chalupas com uma capacidade total de 1.178 lugares — menos da metade do que o número de passageiros a bordo.

Wikipedia Commons
"Insubmersível": Titanic era considerado o navio mais luxuoso e seguro já construído até então

O que aconteceu no Titanic?

O Titanic zarpou de Southampton, Inglaterra, em 10 de abril de 1912, às 13h30,  em direção a Nova York, levando 2.207 passageiros, sendo 885 tripulantes. O custo da passagem de primeira classe era de 512 libras, e o da terceira, 7 libras. Viajavam 329 passageiros na primeira classe, 285 na segunda e 706 na terceira.

No domingo, dia 14 de abril às 22h55, o navio Californian, que navegava ao largo da Terra Nova, informou o Titanic da presença de vários icebergs.

Mas o diretor da companhia armadora, Joseph Ismay, desprezou toda a prudência, desejoso de conquistar o recorde de velocidade na travessia do oceano. O capitão Edward Smith, embora experimentado, se deixou convencer pela ideia e mandou aumentar a pressão das caldeiras.

O drama ocorreu às 23h40. A vigilância observou tarde demais a presença de um iceberg e o oficial de plantão gritou desesperadamente para que mudasse o curso.

Cinco compartimentos estanques foram danificados. Abriram-se rasgos no casco, o principal deles com quatro metros de comprimento e um centímetro de largura. Lentamente o Titanic encheu-se de água sem que fosse possível reverter o processo.

À meia-noite, o capitão Smith ordenou a evacuação do navio. Enquanto isso, operador de rádio John Phillips emitia insistentes mensagens de socorro. O abandono do navio se deu em meio a um imenso caos. A água a -2º C não deixava qualquer chance de sobrevivência aos infelizes que tentavam se afastar do barco a nado.

Um navio se aproximou para socorrer. O Carpathia da Cunard chegou às 3h45 ao local do naufrágio. Conseguiria recolher 705 sobreviventes. Foram contabilizados 1.502 vítimas, sem contar eventuais clandestinos. Puderam ser recolhidos apenas 337 corpos dos mortos.

Os sobreviventes testemunhariam mais tarde a inconsciência dos passageiros que, incrédulos e confiantes na infalibilidade do transatlântico, permaneceram nos salões e nas cabines de modo que as primeiras chalupas saíram ao mar semivazias. Falariam também da injustiça feita aos infelizes passageiros da terceira classe, impedidos de ganhar a tempo os botes. Houve relatos de que grades foram fechadas para impedi-los de acessar os deques superiores.

O balanço final foi aterrador: 205 sobreviventes dos 329 passageiros da primeira classe; 118 dos 285 da segunda classe; e somente 178 dos 706 passageiros da terceira classe.

Os 885 membros da tripulação também pagaram um alto preço, com apenas 112 sobreviventes. O capitão Smith morreu no seu posto, lançando um derradeiro apelo aos seus marinheiros: “Comportem-se como ingleses, meninos!” 

Em 1997, o cineasta James Cameron encontrou no drama do Titanic matéria para uma obra-prima cinematográfica sentimental, que se tornou um dos maiores sucessos comerciais da história do cinema, com Leonardo di Caprio e Kate Winslet nos papéis principais.


Também nesta data:

1695 — Morre fabulista francês Jean de La Fontaine
1865 — Abraham Lincoln sofre atentado em Washington
1931 — É fundada a Segunda República da Espanha
1986 — Os Estados Unidos bombardeiam a Líbia

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