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Opinião

Para a Comissão Eleitoral não esquecer

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Que a Comissão possa reexaminar pontos cruciais da legislação eleitoral e tenha a coragem de afastar preceitos que há décadas estrangulam e ameaçam a vida democrática do país

Haroldo Lima

Rio de Janeiro (Brasil)
2021-02-15T13:29:00.000Z

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A Câmara dos Deputados instituiu, no dia 11 passado, um Grupo de Trabalho para avaliar a legislação eleitoral e fazer proposições para aperfeiçoá-la. Quinze deputados de diferentes partidos foram indicados para o grupo, que terá 90 dias para concluir seus trabalhos. A chamada reforma política aprovada em 2017, para vigorar a partir de 2018, não resistiu a duas eleições consecutivas. Tem sido assim na história de nosso país.

Reforma política é tema que não sai das pautas do nosso Congresso desde a promulgação da Constituição de 1988. Houve avanços em alguns pontos, mas, em outros, preceitos excludentes preponderaram. Alguns rondam essas discussões desde a época da ditadura.   

 O primeiro é a “cláusula de barreira”, de origem germânica, introduzida como de 10% na Constituição outorgada pelo regime militar em 1967. A própria ditadura alterou-a na Constituição de 1969, reduzindo-a para 5%. O general Geisel confirmou esses 5% no seu Pacote de Abril de 1977. Em 2017, ela conseguiu ser aprovada, pelo mecanismo de uma cascata que a levará a 3%. Completavam-se 50 anos de tentativas da “cláusula” se introduzir na legislação eleitoral.  

Outro ponto que tenta truncar, há anos, a vida partidária no Brasil é a “proibição de coligações proporcionais”, que era o oitavo dos oito “princípios para a organização e funcionamento dos partidos políticos”, constantes da Constituição outorgada de 1967 e da de 1969.

A ditadura tentou ainda introduzir o “voto distrital misto”, também de origem alemã, através da Emenda Constitucional número 22, de junho de 1982, quando era presidente o general Figueiredo.

Nos preparativos para a Constituinte de 1987, o Congresso chamou esses três pontos de “entulho autoritário” e lançou-os no porão da história, em maio de 1985. Em 2017, eles reaparecem com roupagens novas e se aboletam no Relatório aprovado da comissão sobre a reforma política da Câmara dos Deputados.     

Agora, a Câmara sente a necessidade de reabrir essas questões e outras, para redefini-las, ainda que em prazo curto. Ao assim proceder, não deve perder de vista que o longo histórico das questões referidas mostra duas linhas em disputa, uma, autoritária, que procura salvar as marcas retrógradas referidas; e a outra, democrática, que se esforça por defender as conquistas da Constituição de 1988.

Experiências positivas havidas no passado devem inspirar saídas para o presente. Quando as eleições de 1982 aproximavam-se, a Câmara percebeu que a cláusula de barreira de 5%, em vigor, arrebentaria partidos importantes. Providenciou então a suspensão da eficácia daquela barreira para a eleição que se aproximava. Tornou-a sem efeito. Se tal não fosse feito, o PDT, o PTB e o PT teriam sido excluídos do funcionamento parlamentar, pois que, em 1982, só alcançaram 4,94%, 3,77% e 3,01% dos votos válidos, respectivamente.   

Há ainda instituições parlamentares existentes em diversos países e que aqui o conservadorismo local recusa acatar, como a “Federação de partidos”.

Nos últimos anos a Câmara quase incorpora essa ideia, que também não é nova entre nós, pois transita no Parlamento há 22 anos, quando foi apresentada no PL 1.203/1999 pelos deputados Haroldo Lima, Bonifácio de Andrade, José Genoino, Luiz Erundina, Aldo Rebelo, Zé Resende e Waldemar Costa Neto, para regular a “Frente de partidos”. A retomada da proposta de “Federação de partidos”, ou “Frente de partidos”, ou “Partido de Frente”, encaminharia alternativas para obstáculos antidemocráticos inaceitáveis, como o de ameaçar a existência parlamentar de partidos como o PCdoB, PV, Rede e outros.

Finalmente, quando se fala em “Distritão”, com os inconvenientes bem delimitados de se eleger deputados por eleições majoritárias, não se deve perder de vista as judiciosas considerações feitas pelo deputado Bonifácio de Andrade, também há 22 anos, quando apresentou seu PL 410/1999.

O deputado mineiro, há pouco falecido, relata que, no mundo, onde se adota o sistema proporcional, as circunscrições onde os parlamentares disputam votos, elegem, 8, 10 ou 15 representantes do povo. Chipre, dos menores países da Europa, tem seis circunscrições, a Dinamarca 17, a Espanha 52, a Colômbia 23, sendo mais ou menos assim na Itália, Portugal, Suécia, Suíça, Finlândia etc. Cada uma das circunscrições desses países, elegem entre oito e 15 parlamentares. Circunscrições que elegem 39 representantes, como a Bahia, 55 como Minas, ou 70 como São Paulo, só tem em um lugar no planeta, o Brasil.

O PL 410/1999 propunha circunscrições eleitorais nos estados brasileiros que elegeriam oito representantes cada uma, prevalecendo as demais regras eleitorais. O art. 5º do PL 410/1999 estabelecia: “Em cada circunscrição se aplicará o sistema eleitoral proporcional de acordo com a legislação em vigor e o disposto nesta Lei”.

Em 90 dias, talvez não haja tempo para se retomar proposições mais polêmicas e mais consistentes, como o sistema proporcional de lista fechada. Que a Comissão recém criada na Câmara possa então reexaminar pontos cruciais da legislação eleitoral e tenha a coragem de afastar preceitos que há décadas estrangulam e ameaçam a vida democrática do país.

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Política e Economia

Segundo dia de Congresso do Partido Comunista cubano debate modelo econômico e social da ilha

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'Congresso da continuidade histórica da Revolução Cubana' reúne cerca de mil delegados de todo território da ilha até 19/04

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2021-04-17T20:55:00.000Z

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Cerca de 300 delegados de todo o território cubano discutiram neste sábado (17/04), no segundo dia do 8º Congresso do Partido Comunista de Cuba, questões centrais do país, como o aprofundamento de reformas econômico-sociais e o acesso à internet. 

Segundo o jornal Granma, o debate, a portas fechadas, foi realizado em três comissões distintas dedicadas à economia, à formação de novos quadros e lideranças políticas do partido.

Presidida pelo premiê, Manuel Marrero, a primeira comissão analisou as críticas levantadas nesta sexta-feira (16/04) por Raúl Castro no seu discurso de abertura do congresso, refletidas em dois documentos com as orientações da política econômico-social e a proposta de reformas ao modelo econômico para os próximos cinco anos.

Em seu relatório central, o dirigente de 89 anos pediu para "aumentar a produtividade e a eficiência no desempenho do setor estatal", que representa 85% da economia do país. 

Raúl, que comunicou sua saída do comando da legenda, declarou ainda que será necessário "dar maior dinamismo ao processo de atualização do modelo econômico e social", que ele próprio iniciou em 2008 com uma abertura cautelosa ao trabalho privado e ao investimento estrangeiro.

O dirigente também se referiu às "mentiras, manipulações e divulgações de notícias falsas" nas redes sociais que buscam dar a imagem de uma Cuba "sem futuro", tema debatido neste sábado no segundo comitê junto com outras questões.

Juvenal Balán/Granma/ PCC
Encontro marca a comemoração dos 60 anos da proclamação feita por Fidel Castro sobre o caráter socialista da Revolução

Enquanto isso, a terceira comissão, chefiada pelo presidente Miguel Díaz-Canel, debateu a formação de novos quadros políticos.

8º Congresso

Sob o título de "O Congresso da continuidade histórica da Revolução Cubana", cerca de mil delegados se reuniram a partir desta sexta-feira até 19 de abril no Centro de Convenções de Havana, capital do país, para debater alguns temas centrais da vida política, econômica e social. 

O encontro também marca a comemoração dos 60 anos da proclamação feita por Fidel Castro sobre o caráter socialista da Revolução, além de celebrar também a vitória das forças revolucionárias sobre a invasão de mercenários patrocinados pelos Estados Unidos em Playa Girón, no ano de 1961.

“Aqui as ideias se fortalecem, a história é reconhecida e o futuro é discutido”, escreveu em sua conta no Twitter Díaz-Canel.

Desde 1975 o partido se reúne regularmente a cada cinco anos e dá forma definitiva aos documentos que estabelecem as diretrizes políticas e econômicas previamente debatidas pelos delegados de cada província.

(*) Com Télam.

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