A semana do presidente Trump: desafios à Harvard e Suprema Corte
Ameaças, chantagens e chacotas foram utilizadas na Casa Branca após o republicano escolher novos adversários
Donald Trump escolheu novos adversários, além da China. Agora a mira está na Universidade de Harvard e a Suprema Corte.
A aposta para submeter Harvard começou na semana anterior com exigências contra a instituição e até ameaças financeiras. Primeiro, Trump ameaçou com o congelamento das verbas federais, logo acabar com as isenções fiscais de Harvard e impedi-la de aceitar estudantes estrangeiros.
Dessa vez, porém, o presidente norte-americano bateu de frente com o poder institucional da universidade mais respeitada dos EUA e uma das mais conceituadas mundialmente
Mais antiga que o próprio país, Harvard é também a universidade mais rica do mundo. Seu fundo patrimonial de US$ 53 bilhões supera o PIB de uma centena de países. Até agora, o departamento de Educação dos EUA notificou ao menos 60 universidades de que estavam sendo investigadas por tolerar suposto antissemitismo em seu campus. Segundo reportagem do New York Times, assessores de Trump teriam sugerido que “derrotar” uma universidade de alto nível seria um bom exemplo para as outras. Mais de 800 professores de Harvard assinaram uma carta instando a universidade a resistir.
Um tiro no pé
Na terça-feira (15/04) à noite, Trump decidiu iniciar um novo round contra seu inimigo preferido, a China. Anunciou que criaria um novo imposto sobre semicondutores e mais restrições às exportações de chips para o país asiático. O objetivo é dificultar o desenvolvimento de inteligência artificial por seu principal concorrente na área. Mas o anúncio teve o efeito imediato de um tiro no pé: derrubou as ações norte-americanas mais do que quaisquer outras no mundo.
O dólar voltou a cair, o ouro teve alta recorde e o presidente do banco central dos Estados Unidos previu aumento da inflação e queda no crescimento.
A empresa mais prejudicada, a norte-americana Nvidia, líder global em semicondutores e chips, viu suas ações despencarem 6,87% na quarta-feira (16/04) e enviou seu presidente executivo à China na quinta-feira (17/04).
A companhia, que desenvolve vários produtos para Pequim, estima que as novas restrições lhe custarão US$ 5,5 bilhões.

Reprodução / @WhiteHouse
Chacotas às decisões da Suprema Corte
A semana também foi marcada pelos desafios de Trump na ordem judiciária. Depois três meses descumprindo ordens de instâncias inferiores, o presidente decidiu medir força com a Suprema Corte.
O embate começou pela deportação indevida de Kilmar Ábrego Garcia, salvadorenho protegido contra deportação desde 2019. Ele foi mandado, junto com 200 venezuelanos, para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, sem aviso prévio, direito à defesa ou acusação formal. E isso a despeito da deportação em massa ter sido proibida pouco antes por um tribunal.
O Supremo Tribunal determinou que o governo facilitasse o retorno de Garcia. Trump admitiu o erro, mas disse que não pode fazer nada.
Após sorrir na Casa Branca ao lado do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, quando este dizia à imprensa que não podia devolver Garcia. Na sexta (18/04), o governo republicano publicou nas redes sociais da Casa Branca um meme debochado dizendo que Garcia não voltaria nunca.
