Terça-feira, 22 de abril de 2025
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O mundo viveu esta semana uma verdadeira montanha-russa nas bolsas de valores a reboque do vai e vem das tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Represálias tarifárias, queda do dólar, fuga dos investimentos em títulos da dívida pública dos Estados Unidos e analistas falando em riscos de recessão mundial foi o que se viu. Ao mesmo tempo, a gestão Trump manteve sua guerra aos imigrantes, inclusive nos tribunais, e voltou a falar de Gaza como um empreendimento imobiliário. O presidente também conseguiu tornar as necessidades de seus “lindos cabelos” tema do noticiário.

Sábado (05/04)

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Entra em vigor a tarifa de importação de 10% imposta por Trump a 184 países. Para alumínio, aço e automóveis a taxa é de 25%, a mesma dos produtos vindos do Canadá e México não incluídos no acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). Isenção só para insumos essenciais inexistentes nos EUA.

Trump também anunciou que, a partir do dia 9, produtos da União Europeia pagariam 20% de taxa de importação e os da China 54%. Também incrementou as tarifas para o Vietnã (46%), Japão (24%), Venezuela (15%) e Nicarágua (18%). A China imediatamente anunciou taxa adicional de 34% contra os Estados Unidos. Com isso, o maior banco norte-americano, JP Morgan Chase, subir de 40% para 60% sua avaliação das chances de recessão mundial.

O sábado também foi dia de protestos anti-Trump. Cerca de 500 mil pessoas participaram em mais de 1.200 manifestações nos 50 estados. Elas foram organizadas por 150 grupos, incluindo desde veteranos até organizações LGBTQ+. As principais bandeiras eram contra o autoritarismo e a influência de bilionários na política nacional e em solidariedade aos palestinos.

Segunda-feira (07/04)

As bolsas do mundo inteiro despencaram, sobretudo na Ásia: Hong Kong (-13,22%), Taiwan (-9,7%), Xangai (-7,34%), Tóquio (-7,83%). Na Europa, a queda do índice pan-europeu STOXX 600 foi de 4,53%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 3,77%, a Nasdaq 4,17% e o S&P 500, 3,94%. O Ibovespa recuou 1,31%.

Enquanto o furacão atingia as bolsas, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se encontrava com Trump em Washington. Na coletiva após o encontro, Trump voltou a se referir a Gaza como “uma incrível e importante propriedade imobiliária”.

Já quanto às deportações, A Suprema Corte determinou a suspensão do bloqueio das deportações por meio da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798. Mas frisou que devem ser feitas seguindo os trâmites legais, garantindo o direito de as pessoas contestarem sua deportação.

Terça-feira (08/04)

Trump assina decretos que suspendem a desativação das usinas elétricas a carvão mais antigas.

Enquanto isso, a China e Comissão Europeia conversam sobre como colaborar para reduzir os efeitos da guerra comercial desencadeada por Trump.

A União Europeia propõe uma isenção tarifária total e recíproca para produtos industriais dos Estados Unidos, mas Trump considera a oferta insuficiente.

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Quarta-feira (09/04)

O vai vem do tarifaço continua, e Trump suspende por 90 dias a aplicação da tarifa de 10% para 75 países e unifica em 10% as taxas para todos os outros países, exceto a China. Contra Pequim, a taxa sobe de 104% para 125%, com efeito imediato. No mesmo dia, passa a vigorar a tarifa chinesa de 84% sobre as importações norte-americanas. Segundo o jornal New York Times, o recuo ocorreu por pressão de membros do governo que temem “um pânico financeiro” que pudesse “devastar a economia”.

Senadores e deputados democratas dos Estados Unidos solicitaram uma investigação contra Trump por tráfico de informações privilegiadas e manipulação do mercado financeiro.

Trump deu mais alguns passos para calar opositores. Ele assinou uma ordem punindo o escritório de advocacia que ajudou a Dominion Voting Systems a obter na Justiça US$ 787,5 milhões da Fox pela divulgação de mentiras favoráveis ao republicano na eleição de 2020. Outras ordens punem cinco empresas por conexões com seus rivais políticos. O presidente também ordenou que o Departamento de Justiça investigasse dois ex-funcionários do governo que refutaram alegações de fraude eleitoral no pleito de 2020, em que ele perdeu.

A Casa Branca cortou o financiamento ao órgão que produz a principal análise sobre o impacto das mudanças climáticas nos Estados Unidos. O Programa de Pesquisa sobre Mudanças Globais dos Estados Unidos divulgava a cada quatro anos um relatório que orienta as decisões na área agrícola, de uso da terra e da água. Agora, o estudo fica suspenso.

Ainda na quarta-feira, Trump assinou outra ordem acabando com as limitações à pressão da água nos chuveiros. O objetivo, segundo ele, é era “tornar os chuveiros norte-americanos ótimos novamente” para que o presidente possa “cuidar do seu lindo cabelo”.

Quinta-feira (10/04)

O anúncio da suspensão das tarifas por 90 dias fez as bolsas de valores se recuperarem. Na Ásia, a alta foi de 9% (Japão) a 2,5% (Hong Kong); na Europa, ficou entre 3% e 4,7%. Já nos Estados Unidos, as três principais bolsas subiram entre 7,9% e 12,1%. O Ibovespa subiu 3,1%.

Sexta-feira (11/04)

A China anunciou que passaria a cobrar 125% de tarifa sobre as importações dos Estados Unidos e impôs restrições a várias empresas norte-americanas. Com isso, algumas bolsas asiáticas e a maioria das europeias voltaram a cair um pouco (menos de 1%). Nos EUA, as três bolsas subiram entre 1,58% e 1,77%.

O presidente chinês Xi Jinping se reuniu com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e conversou com lideranças da Arábia Saudita e da África do Sul.

Um juiz de imigração da Louisiana aceitou a alegação do governo Trump e determinou que Mahmoud Khalil pode ser deportado por suas opiniões se estas prejudicam a política do país. Khalil é um estudante pró-Palestina casado com uma norte-americana que dará a luz este mês. Ele foi preso em Nova York dia 8 de março e enviado a Louisiana por organizar manifestações contra a guerra em Gaza.