Terça-feira, 22 de abril de 2025
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Subserviente, servil, puxa-saco, bajulador, obnóxio, submisso e todos os sinônimos que se possa lembrar explicam o comportamento da extrema-direita brasileira em relação ao governo Donald Trump e todos os seus bilionários de estimação.  Nossa extrema-direita é um leão contra o Brasil: depreda, mata, prende, diminui o que é nosso; é um gatinho com os EUA – lambe, exalta, defende, apoia, se submete, se rende e bate continência a tudo que é americano. 

A família Bolsonaro e seus apoiadores inauguram por aqui o fascismo antinacional. Trocam o protecionismo característico do fascimo pelo entreguismo sistemático. Se a ideologia econômica dominante dos diferentes movimentos de extrema-direita ao redor do mundo significa controle do Estado para defesa dos interesses das classes dominantes, por aqui temos a marginalização das minorias e o enriquecimento dos indivíduos que moram no andar de cima submetidos ao controle da política por um estado estrangeiro. 

(Washington, DC - EUA 19/03/2019) O Presidente da República Jair Bolsonaro entrega uma camisa personalizada, simbolizando o esporte nacional, ao Senhor Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América. (Foto: Alan Santos/PR)
(Washington, DC – EUA 19/03/2019) O Presidente da República Jair Bolsonaro entrega uma camisa personalizada, simbolizando o esporte nacional, ao Senhor Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América.
(Foto: Alan Santos/PR)

No nazismo, no fascismo italiano, na extrema-direita francesa ou no integralismo de Plínio Salgado não se observa a dedicação submissa que o bolsonarismo pratica frente ao imperialismo americano. A dominação podia ocorrer em alguns aspectos macroeconômicos, podia haver alinhamento político, um discurso do “inimigo comum” para se contrapor à ascensão do socialismo, mas não a subserviência total. O fascismo brasileiro odeia o Brasil e está perdendo a vergonha de demonstrar. A camiseta é a da CBF, mas a continência é batida para os senhores dos  EUA e de Israel. 

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Muitos podem argumentar, com razão, que o vira-latismo brasileiro não é criação bolsonarista. Quantas vezes escutamos políticos da chamada direita tradicional defendendo interesses dos EUA em detrimento das necessidades nacionais? A bandeira da  “economia globalizada”, que tanto prejudicou e ainda prejudica os países em desenvolvimento, sempre foi defendida por partidos de direita e respaldada pelas classes altas e médias, mesmo antes de exisitir o mais atual movimento político fascista no Brasil.

Contudo, esse discurso ainda se deixava permear pela suposta defesa do  interesse nacional, como se o alinhamento ao império fosse a solução para os problemas econômicos do país. Ainda havia alguma defesa a certas necessidades e símbolos nacionais.
O bolsonarismo e seus aliados, no entanto, são vira-latas orgulhosos, defendem e se sujeitam aos símbolos norte-americanos. Gostam do boné vermelho dos republicanos, do sotaque, das empresas americanas. Até do clima; eles preferem o de lá. Quando Trump defendeu a anexação da Groenlândia e do Canadá, não é provável ter havido bolsonaristas pensando que seria uma boa ideia que o Brasil virasse um estado americano? 

Os vídeos da viagem do filho 03, Eduardo Bolsonaro, aos EUA dão aquela sensação constrangedora de alguém que não foi convidado para a festa, mas está na entrada do evento gritando para o dono da casa, oferecendo tudo que tem para poder participar. Sabe aquela coisa de cumprimentar alguém com um abraço e a pessoa nem saber seu nome? 

Bolsonaro e família acreditam que as possíveis sanções que Alexandre de Moraes possa sofrer evitarão a prisão de Jair Bolsonaro e promoverão um recuo do STF em relação ao julgamento da tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023. Para isso, estão dispostos a colocar o Brasil debaixo do sapato dos EUA. Investem intensamente na posição de cachorro adestrado, tendo como objetivo conquistar a atenção de Trump. Buscam que o governo americano avalie ser positivo intervir, para no futuro terem um governo brasileiro que seja seu absoluto capacho. 

Espero que acordemos logo do fascimo tupiniquim e não nos enganemos com suas versões mais envernizadas. Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema são os nomes pintados como bolsonarismo moderado, caso a estratégia de pedido de arrego aos EUA não funcione, mas em sua essência são farinha do mesmo saco. Estão dispostos a vender o Brasil. E, o pior: vender barato!

(*) Tom Altman é economista e empresário. É diretor-geral de Opera Mundi.