Um juiz de primeira instância, da comarca de São Paulo, proferiu contra mim, no dia 26 de agosto, sentença desfavorável em caso de injúria criminal. O processo foi movido pelos senhores André Lajst e Alexandre Schwartsman, por tê-los chamado de “covardes” e “desqualificados”. Foi-me imposta uma pena de três meses em regime aberto, substituída por multa no valor de quinze salários mínimos. Cabe recurso às instâncias superiores.
O magistrado parece ter desconsiderado os precedentes do episódio. Minhas palavras a respeito desses cidadãos foram resposta a sucessivos ataques, através dos quais fui chamado de “kapo”, apelido dado aos judeus que colaboravam com os nazistas nos campos de concentração. Por essa e outras ofensas, responde na Justiça um dos autores da ação contra mim.
Sou de família judaica com longa história antifascista. Parentes meus foram assassinados no Holocausto, alguns combatendo o nazismo de armas nas mãos. Qualquer comparação com os verdugos a mando de Hitler somente poderia provocar indignação e autodefesa.
Para além de contestar agressões recebidas publicamente, reagi à fuga permanente do debate, exercitada incessantemente por esses personagens. Aliás, como poderia ser classificado o comportamento de quem corre do risco de ver suas opiniões serem expostas como falsidades a serviço de um genocídio? Não fui capaz de encontrar termo melhor do que covardia.
Lajst e Schwartsman apenas revelam o modo operante do lobby sionista, aqui e no resto do mundo. O objetivo permanente é silenciar vozes que denunciam o sionismo como doutrina racista e colonial, criminalizando a crítica contra o Estado de Israel e suas práticas de lesa-humanidade. Uma lástima que encontrem brechas no Poder Judiciário para manobras vis dessa natureza.
Esses senhores, e quem lhes favorecer, estão do lado da vergonha. De nada importa que consigam sentenças provisórias facilitando suas atitudes repugnantes. Esses trunfos logo se desmancharão no ar. Ojeriza e desprezo são o destino de quem defende a carnificina do povo palestino.
Uma condenação como essa, embora injusta, é motivo de orgulho. Será combatida nos tribunais superiores para evitar o cerceamento à minha liberdade de expressão.
Afinal, não fui sentenciado por colaborar com um regime que tem a tara de ocupar o território alheio, matar mulheres e crianças, descumprir o direito internacional e exercer contra outro povo métodos tão semelhantes aos empregados pelos nazistas contra os judeus.
Ao contrário, a pena que recebi foi por enfrentar cúmplices morais do Estado mais imoral da Terra.
Luta que segue.
(*) Breno Altman é jornalista e fundador de Opera Mundi.