Desde que tratamos pela última vez aqui neste Opera Mundi da política social genocida que recai sobre o povo palestino, a situação do Oriente Médio se transformou rápida e intensamente. A súbita queda do governo sírio consumada em 8 de dezembro provocou uma nova escalada/ampliação dos problemas para os palestinos, o que demonstra que aquela política é tanto causa como produto de incontáveis circunstâncias regionais. Não existe, assim, uma desconexão entre o que ocorre na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada com o restante do Oriente Médio. E tal ligação, que é visceral, não ocorre por ser uma situação intrínseca do próprio Oriente Médio, mas sim um sub-produto da perspectiva do que viemos chamando de sionismo externo. Este tem como meta formatar, através da conquista e dominação, um extenso território para, em tese, abrigar os judeus perseguidos. Tal projeto é o que os sionistas chamam de Grande Israel. Constataremos, assim, que a política social genocida contra o povo palestino e a queda do governo sírio possuem conexões sólidas.
Um efeito deletério desta nova situação é o literal apagamento nos meios de comunicação da continuidade dos massacres perpetrados pelo Estado sionista contra a população civil da Faixa de Gaza, principalmente no norte. É nesta localidade, mais intensamente no campo de refugiados de Jabalia, em que se encontra neste momento um grande contingente populacional que está sob o mais estrito cerco militar e restrições ao acesso a meios de vida. Na parte sul do enclave, a situação parece ter evoluído para um contexto menos drástico, com a entrada de mais caminhões portando ajuda humanitária. Aqui a política social genocida parece ter optado para que o clima faça uma parte do trabalho sujo. A chegada do inverno, com suas baixas temperaturas e índice pluviométrico elevado, expõem a população local a condições de vida extremas.
No norte do enclave o objetivo dos sionistas no presente momento é o de produzir um esvaziamento populacional para criar uma área despopulada no intuito de fornecer um grande espaço militarizado que poderá ser utilizado para assentamentos habitacionais de sionistas civis fanatizados. Também não se desconsidera que a exploração de petróleo off shore em um ponto frontal ao campo de Jabalia influencie esta peculiaridade na execução da política social genocida. Da mesma forma, o eventual futuro Canal Ben Gurion (ligando o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo) também está no horizonte desta orientação do exército de ocupação. O confinamento da população palestina na Faixa de Gaza entre os corredores Netzarim (no centro) e Califórnia (no sul) está se consolidando dia-a-dia e a política social genocida dos sionistas é um fator central para esta nova delimitação das “fronteiras” que serão estabelecidas para a vivenda da população palestina.
Dentro deste quadro dantesco de desconsideração total com as vidas do povo palestino, não deixaremos de registrar, como já o fizemos em outras oportunidades, mais uma torpeza por parte do “exército mais ético do mundo”. Na semana que passou estes “anjinhos” executaram, por meio de um quadricóptero, o dr. Saeed Joudeh, pilar na comunidade de saúde do enclave. Ele se recusou a abandonar seu posto de trabalho para enfrentar junto com seu povo os graves problemas de saúde causados pela ambição dos patéticos habitantes do Estado sionista em se tornarem semi-deuses, eliminando vidas ao seu bel prazer. O dr. Joudeh era, no momento da sua sumária e intencional execução, o único cirurgião ortopedista em atividade no norte da Faixa de Gaza. Também no correr desta semana os “anjinhos” sionistas alvejaram e mataram o Sr. Khaled Abham, cujas imagens pranteando sua neta morta pelos sionistas tornaram-se virais no ano passado. Ele deixa um legado de dor e esperança ao lastimar a perda de sua neta: “alma de minha alma”. Allahu Akbar! Que Alá o todo poderoso receba as suas almas e conforte seus parentes, amigos e pacientes.
O encerramento do pleito eleitoral nos Estados Unidos da América não nos parece ter sido o causador do aprofundamento e extensão da ação genocida. A única influência que se faz sentir da futura administração norte-americana é a pressão para a obtenção de um acordo com o islã político na Faixa de Gaza para a libertação dos cativos desde 7 de outubro. Mas esta perspectiva ainda é um compromisso incerto, apesar da imprensa mainstream liberar informações pontuais e esparsas indicando que um acordo está sendo negociado por pressão do futuro presidente norte-americano. Se positivas, as negociações produzirão um acordo que deverá estar concluído até o início do mandato do presidente eleito.
A República Árabe da Síria é o alvo da nova crise, prendendo a questão palestina à sua dinâmica interna. Ela se tornou o novo objetivo do sionismo externo em busca da consolidação da conquista e controle de territórios e governos que devem ficar sob o controle rígido do Estado sionista. Esta seria, como já tratamos em artigos anteriores, a pax israelensis. Devemos notar, neste sentido, que, desta feita, não foram os sionistas os principais responsáveis pela produção da crise, embora dela tenham participado ativamente, conforme seu ministro da defesa Israel Katz tornou público. Foram forças políticas outras (basicamente o governo da Turquia) os perpetradores da organização de grupos guerrilheiros vinculados à correntes do islã político que derrubaram o governo sírio. Não obstante, esta conjuntura foi aproveitada pelo Estado sionista como se fosse algo de sua criação exclusiva. A declaração do primeiro-ministro sionista declarando literalmente que o colapso do governo sírio foi um “dia histórico” e que este foi propiciado pela ação militar (aérea) do seu governo é a demonstração cabal desta afirmação.
Toda a trama que envolve o lançamento da Síria neste novo foco de crise se iniciou quando foi simulada a aparência de que havia um impasse militar insolúvel na invasão do Líbano pelas tropas sionistas. Um acordo de cessar fogo foi assinado independentemente pelo governo do Líbano com os Estados Unidos da América, que fez o mesmo em página separada com o Estado sionista. Este duplo compromisso das partes envolvidas deu margem a uma percepção equivocada de que o resultado dos mais de sessenta dias de bombardeamento aéreo realizado pelo Estado sionista no Líbano representou uma vitória do eixo da resistência, via Hezbollah. Esta agremiação, realmente, impediu que os sionistas avançassem fisicamente no interior do país através da sua fronteira sul, tal como havia ocorrido em 1978, 1982 e 2000. Tal atuação foi vitoriosa devido a ação de suas forças militares organizadas em guerrilhas que contiveram o avanço da infantaria sionista e seus tanques Merkava pelos caminhos estreitos entre as montanhas para, talvez, alcançar Beirute e realizar uma operação de state building no Líbano. O objetivo do Estado sionista apontava para a imposição de um governo eleito pelo Parlamento (o Líbano está com o cargo de presidente da República vago há cerca de dois anos) aliado dos Estados Unidos da América e do Estado sionista que promovesse o desarmamento do Hezbollah. Se não fosse possível o cumprimento deste objetivo pelo menos fosse implementado o afastamento do Hezbollah da fronteira norte da fronteira sionista, que passaria a ser ocupada pelo exército libanês. Estas medidas produziriam a realocação das forças militares do Hezbollah para o norte do Rio Litani, fato tomado pelo Estado sionista como absolutamente necessário aos seus interesses de liberar partes de seu território para o retorno das populações desalojadas pelos bombardeios vindos do sul do Líbano.
No dia 29 de novembro, um dia depois da entrada em vigor do cessar-fogo de sessenta dias, é iniciada uma ofensiva militar por parte de forças também elas oriundas do islã político contra o governo de Bashar Al-Asad. Tendo como base de organização e ponto de partida o próprio território sírio, já que controlavam havia anos a província de Idlib, Abu Mohammed al-Joulani, o líder do movimento Hay’at Tahrir al-Sham, agiu com rapidez e sucesso estonteantes, o que os colocaram na direção de conquistas de cidades importantes (Alepo, Homs e Hama). Alcançaram a capital Damasco em 8 de dezembro. Esta avassaladora conquista do poder nos indica que algo mais do que a simples vitória do islã político foi a responsável pela caída do governo central. Este, abalado por mais de uma década de guerra civil, se viu despido repentinamente de todo tipo de apoio necessário à manutenção do poder estabelecido: falta de apoio popular, preparo meticuloso de forças militares oriundas do islã político por vários países interessados no fracasso do governo sírio, perda de apoio de aliados importantes como Irã e Federação Russa, ampliação do sionismo externo e sua maquinaria de guerra sobre alvos militares e logísticos sírios que davam suporte a luta do Hezbollah no sul do Líbano, ambições imperiais do governo turco pautado na ótica do “neo otomanismo”, corrupção dentro das forças armadas sírias, etc.
Enfim a análise da queda do governo deste importante país, representante remanescente do nacionalismo árabe e do poder laico dentro do Oriente Médio, deve repousar em causas estruturais e não na compreensão de fatos esparsos sem a devida prova da sua ocorrência. Estas situações têm sido apresentadas ao grande público aos borbotões parecendo mais fios desemcapados buscando continuidade do circuito em outra conexão também sem a cobertura. A primeira causa que apontamos é a crise fiscal do Estado sírio. Tendo perdido áreas e necessitando manter uma máquina militar expressiva para evitar a subtração de novas regiões dentro do seu território, a base de arrecadação fiscal e o nível de atividade econômica da Síria não ofereciam condições para a administração pública sustentar um nível satisfatório necessário à reprodução da sua força de trabalho. Além disso, atingido por várias sanções e pela usurpação de importantes fontes de receita dos poços de petróleo da província de Deir ez Zor, ocupados pelos Estados Unidos da América, nota-se que a Síria passava por uma estagnação econômica forte que foi tributada na luta política ao resultado do regime político vigente e não na ação dos governos e movimentos políticos interessados em derrubar o governo sírio. Também os campos de trigo do país não estavam oferecendo o produto para o consumo interno. Dado o peso destas situações para qualquer sociedade funcionar normalmente, pensamos que o que é importante considerar não apenas o porque o governo caiu neste momento mas sim por que tal situação não foi alcançada antes, em 2014/2015 por exemplo. Neste biênio a situação militar do governo era mais crítica do que a de novembro de 2024. A segunda causa explicadora da queda do governo de Bashar al-Assad é a aplicação de uma realpolitik por parte de vários países que conspiraram contra a governabilidade da administração da Síria. Um exemplo: a Turquia, interessada em incorporar o norte do país aos seus domínios (aplicando uma espécie de “otomanismo externo” similar ao “sionismo externo”) foi uma aliada do Estado sionista no processo que levou a derrubada do governo sírio pelo movimento Hayat Tahrir Al-Sham (HTS); aquele Estado tem, por outro lado, uma profunda divergência com os interesses dos sionistas, que desejam tornar os curdos aliados do sionismo externo, sendo inimigos viscerais do otomanismo externo. Percebe-se aqui que uma futura crise entre os dois gigantes regionais está contratada tendo a Síria como pano de fundo: a Turquia interessada em manter o país unificado e com um poder central operante (para evitar a ação autônoma dos curdos que ocupam larga área do país) e o Estado sionista interessado no caos e na fragilização do poder central como forma de diminuir ameaças contra a sua segurança e ocupar áreas para compor o Grande Israel.
Esta situação demarca um ponto essencial para a análise: o Oriente Médio passa, nos dias que correm (e desde o início da Primavera Árabe, em 2011), por uma reconfiguração de poder interno em vários países. Nossa hipótese, neste sentido, é que a única direção lógica para explicar esta situação que encontramos é uma acomodação do projeto expansionismo do sionismo externo em direção à construção do Grande Israel. Neste processo, nos parece claro, estamos vivenciando a perspectiva de consolidação do fracionamento do poder central dos Estados Nacionais formados pelo Acordo Sykes-Picott (1916) e pela Conferência de San Remo (1920) que forneceu a “certidão de nascimento” de uma região inventada, o Oriente Médio. Agora se trata de quebrar a identidade nacional formatada há mais de um século para favorecer o controle do Oriente Médio utilizando rivalidades religiosas, étnicas e nacionais. O povo palestino já passa por este fracionamento desde o Nakba, quando foi dividido em: a) palestinos na Faixa de Gaza; b) palestinos na Cisjordânia; c) palestinos no Líbano; d) palestinos na Jordânia; e) palestinos na Síria; f) palestinos no interior do Estado sionista; g) palestinos na diáspora.
Finalmente, uma terceira razão estrutural para a queda do governo de Bashar Al-Asad está no fato de que o governo sírio (como muitos outros, mesmo os democráticos do ocidente coletivo) padeceu de um esclerosamento na sua relação com a sociedade civil. Quando foi instalado o chamado “regime” sírio, em 1970, a relação do governante ditatorial com a população de seu país possuía uma espécie de funcionalidade. Nesta o governante ao assumir o poder por meio da violência (e governar desta mesma forma) possuía a capacidade de ser muito mais efetivo do que nos dias atuais na elaboração e aplicação de políticas públicas. Hafez al-Assad teve como uma de suas principais vitórias na sua relação com a sociedade multi-nacional, multi-étnica e multi-religiosa síria estabelecer um clima de harmonia e convívio entre as distintas comunidades. As políticas de bem-estar social foram disseminadas para todos os cidadãos e a industrialização se tornou uma fonte de poder e criação de empregos com qualidade. Nas sete décadas que se seguiram esta marca de composição social, religiosa e étnica na administração pública se manteve mas as condições de sustentá-la foram se corroendo ao longo do tempo. O lado ditatorial tornou-se cada vez mais visível e insuportável para o novo contexto de escassez de meios de vida. Vários fenômenos políticos, econômicos, sociais e ideológicos podem ser alinhados para demonstrar a crescente anacronia entre o poder estabelecido nos anos 1970 e as novas realidades nacional e internacional que se apresentaram desde então. O fortalecimento do Estado sionista foi sempre um desafio para o governo sírio. Sem conseguir abalar quaisquer dos planos expansionistas deste a Síria continuou, não obstante, a possuir expressiva projeção de poder que era um óbice considerável para o Estado sionista. O custo operacional desta operação transformou-se também em custo político e a cobrança deste compromisso entre o Estado sírio e a resistência à dominação forânea do Oriente Médio está sendo feita com êxito neste exato momento.
O empoderamento da sociedade civil, fenômeno universal trazido com a democratização de vários regimes ditatoriais na Europa e América Latina tendo como marco inicial a Revolução dos Cravos portuguesa (1974), se iniciou justamente quando o governo de Hafez Al-Assado havia começado. Sua principal virtude, como apontamos acima, foi o de democratizar entre as denominações religiosas e as etnias do país os equipamentos públicos e normas de convívio social, mas o mesmo não ocorreu com a liberalização da manifestação política da oposição. De qualquer forma, cada vez mais intensamente o poder central do Estado passava a ser corroído por inúmeros elementos: demografia, migração campo-cidade e sua consequente urbanização massiva e caótica, dificuldades na aplicação de várias políticas voltadas para a distribuição de renda, dificuldades macroeconômicas causadas pela financeirização do capitalismo, surgimento de meios de comunicação individuais baseados em tecnologia de informação, o novo papel da religião como manifestação coletiva (o chamado “islã político”), etc. Todos estes fatores conspiraram perenemente contra o poder de executar políticas públicas pelo Estado sírio.
Como produto desta tensão insuperável pela forma como foi estabelecida a governança pública na Síria indicamos que muitos países do Oriente Médio iniciaram seu processo de efetiva unificação de suas populações e de defesa de interesses nacionais através de golpes de Estado, muitos deles dirigidos por efetivos militares. Em contraste com esta dimensão da governança nacional estabelecida no período de predominância do nacionalismo árabe, a queda do poder de Bashar al-Assad foi conduzido pela sociedade civil. Treze anos depois dos países que passaram pela Primavera Árabe, que conheceram este mesmo tensionamento na relação Sociedade Civil e Sociedade Política, o caso sírio caracteriza-se pela resiliência das estruturas de poder constituídas no início da década de 1970. Agora elas sucumbem da mesma forma do ocorrido em 2011 na Tunísia, Líbia e Egito.
Em relação à vinculação da situação síria com o genocídio palestino, devemos lembrar que o apoio dos governos de Hafez e Bashar al-Assad à questão palestina foi inestimável. Os cerca de quinhentos mil refugiados palestinos que vivem no país, depois de expulsos pela Nakba, possuíam direitos amplos. A luta militar travada pela Organização da Libertação da Palestina e posteriormente pelo islã político contra a dominação sionista na Palestina e no Líbano também contou com o apoio material do governo sírio. Através de seu território o Irã enviava recursos materiais e militares para manter ativa a luta do islã político nestas duas regiões. A derrubada do governo sírio em novembro de 2024 foi pensada por todos os atores envolvidos como uma forma de quebrar este vínculo e, por extensão, inviabilizar a contestação política e militar dos próprios palestinos contra a opressão sionista.
A queda do governo sírio representa (e representará) um sem número de elementos num processo de ressignificação do Oriente Médio nas relações internacionais. Do ponto de vista semiótico a percepção de que um regime autoritário caiu e com ele a possibilidade de entender plasticamente a causa palestina no interior desta dimensão está se agigantando na mídia dominante. Neste caso referimo-nos ao fechamento da prisão de Sednaya, em Damasco, que com seu imenso rastro de barbaridades e arbitrariedades é capaz de produzir um apagamento cognitivo da política social genocida praticada pelo povo palestino. Uma equação infeliz é montada: se o governo apoiador da causa palestina mantinha uma prisão como Sednaya (desrespeitando os Direitos Humanos dos prisioneiros) é plausível que a construção de uma sociedade que respeite os direitos fundamentais necessite de um combate ao terrorismo proporcional ao que ocorreu na queda do governo de Bashar Al-Assad. O único caminho para que tal situação ocorra na Faixa de Gaza seria, então, a eliminação do terrorismo, não importando as vítimas colaterais. Acrescente-se a esta situação o fato de que a Síria produziu um imenso fluxo de emigrantes para a Europa e Estados Unidos da América e que grande número de civis sírios morreram na luta contra a rebelião que se iniciou após a Primavera Árabe na Síria, sendo inclusive atribuído ao governo o uso de armas químicas contra os insurgentes.
Assim, como num passe de mágica, o sionismo externo encontra elementos para abastecer o sionismo interno de argumentos que legitimem a política social genocida. Por outro lado, este último também fornece meios para o primeiro, agora através da ocupação de terras no território sírio, o que está sendo indicado ser um elemento componente para a política de defesa do Estado sionista. Mas, lembremos, a expansão sionista no Oriente Médio, desde o seu início sempre alegou estar construindo um refúgio seguro para os judeus perseguidos. Até agora parte da Faixa de Gaza, a Cisjordânia (com previsível autorização da futura administração norte-americana), o território sírio (para além das Colinas do Golã) e, supostamente, o sul do Líbano (caso o avanço do exército sionista no território da Síria tenha objetivo de suplantar a barreira de defesa do Hezbollah localizada na sua fronteira sul com o Estado sionista e adentrar no território libanês pelas retaguarda das bases militares deste grupo) se tornaram alvos da ambição sionista para executar, mais uma vez, o seu expansionismo territorial, o seu Grande Israel.
Terminamos esta análise indicando um fato absolutamente inusitado e muito ilustrativo da situação patética que os sionistas inventaram para si próprios. Trata-se da negação do primeiro-ministro sionista em participar da celebração na Polônia dos oitenta anos de liberação do campo de concentração de Auschwitz. A autoridade sionista está temerosa que o país promotor da cerimônia como membro da União Europeia, estando com isto obrigado a cumprir as normas do Tribunal Penal Internacional, seja forçado a decretar a sua prisão. Assim, chegamos ao ridículo de que a principal autoridade política representativa do povo judeu, o chefe do poder executivo do Estado sionista, se recuse a participar de uma cerimônia que trate do genocídio do seu povo por temor de ser preso por praticar uma política genocida. Durma-se com um barulho destes!
(*) Bernardo Kocher é Professor de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense